Afoxé e muito samba na penúltima noite do FIG
Postado em: Festival de Inverno | Música
Por: Ana Beatriz Caldas
Ritmos que celebram a diversidade e que marcam a identidade cultural do povo brasileiro foram as grandes atrações da penúltima noite no palco principal do 25º FIG. Pela primeira vez, o Afoxé Omô Nilê Ogunjá, vindo de um terreiro de candomblé de Recife, se apresentou na esplanada, trazendo a cultura popular para o centro do festival e permitindo que todos os olhos se voltassem para a energia dos orixás.
Costa Neto/Secult-PE

O Afoxé Omô Nilê Ogunjá se apresentou pela primeira vez no maior palco do festival
Com quase 30 artistas no palco, o grupo, que existe há 11 anos, angariou um público nada tímido ainda nos primeiros minutos de sua apresentação. Nalva Silva, principal voz do Omô Nilê, celebrou a recepção positiva. “Se não houver uma troca com o público, não há sentido, porque os orixás são energia pura. Fomos recebidos maravilhosamente e conseguir chegar a esse palco, que reúne grandes artistas de todo o país, é extremamente importante pra nós e para a cultura negra, para a luta e resistência do povo negro. Foi uma noite perfeita“, comemorou, emocionada. A troca de energias existiu, de fato. O estudante baiano Matheus Rodrigues, 20, que atualmente mora na Paraíba, veio ao FIG pela primeira vez este ano e se encantou ao reconhecer a cultura da sua terra logo na primeira apresentação que pode assistir. “É como se eu estivesse andando pelas ruas da cidade em que cresci, como se eu estivesse em casa“, contou.
A noite seguiu com boas energias com o lançamento do CD novo do cantador Adiel Luna, “Baionada”, que mistura o samba a ritmos regionais, como baião e côco de roda, e a apresentação de Belo Xis e Wellington do Pandeiro, que relembraram grandes clássicos do samba, como “Mas que nada”, de Jorge Ben Jor, e “Vou festejar”, de Beth Carvalho. Após o revival que animou todas as idades, a praça voltou a ser um lugar de emponderamento – não só do povo negro e da cultura popular, mas da mulher, com um grande show da cantora e compositora baiana Mariene de Castro que, além de interpretar canções autorais e da cantora Clara Nunes, uma de suas grandes influências, também festejou a participação do afoxé no palco principal.
“A noite foi muito especial, todas as energias conspiraram a favor. Assistir a cultura popular ganhando espaço é como ganhar um prêmio, porque eu também sou parte dessa história, dessa luta, desse povo. Isso faz parte de tudo que construí até aqui, é dessa fonte que eu bebo e sou apaixonada por essa cultura, então essa conquista é uma vitória para mim também“, frisou.
Como não poderia deixar de ser, o nono dia do FIG foi encerrado com uma grande apresentação: o projeto Bendito Samba, que conta com a participação das cantoras Mariana Aydar, Zezé Motta, Karynna Spinelli, Rita Benneditto, Roberta Nistra e Mônica Feijó, que, juntas, também relembraram Clara e outras canções clássicas do gênero, em mais uma homenagem ao samba, e, mais ainda, ao poder das mulheres na história e na música brasileira.