Diversidade sonora brilha na primeira noite do Polo Instrumental
Público ovaciona atrações do dia, que exploraram a excelência de instrumentos como teclado, viola caipira e percussão.
Postado em: Festival de Inverno
Muitos amantes de música instrumental encheram o Parque Ruber Van der Linden, onde o Polo Instrumental começou o seu primeiro dia de programação na tarde desta quarta-feira (26). Diferentes instrumentos ganharam destaque no primeiro dia do palco, como o teclado do garanhuense Fábio Aladdin, que veio com o seu Fábio Aladdin Trio, a viola caipira do paulista Ricardo Vignini e a percussão do serratalhadense Escurinho, com o projeto Escurinho & Quinteto Paraíba. Diante da habilidade brilhante dos artistas, o público respondeu às performances com muitos aplausos e pedindo bis para continuar curtindo o clima aconchegante do espaço ao som de muita música boa.
Dono de um carisma cativante, Escurinho manteve o público energizado até o fim das atividades do palco nesta quarta-feira. O percussionista iniciou o show tocando “Negro Espírito” no berimbau, em dedicação à Naná Vasconcelos, falecido em 2016, que tinha o instrumento entre especialidades. Logo depois, as cordas do Quinteto Paraíba entraram para homenagear os vinte anos do disco “Malocage”, lançado por Escurinho em 2003. A parceria deu origem a versões orquestradas de cocos, cirandas e reggaes, que deixaram o Pau Pombo balançando. “O FIG é um vitrine pra todos os artistas que estão na luta. Além de mostrar o nosso trabalho pra um público maravilhoso, temos a oportunidade de leva-lo para outras plataformas”, comentou o músico.
Também ovacionado pelo público presente, o violeiro Ricardo Vignini impressionou a todos pela sua técnica apurada quando tocou composições como “Um Arame Só (Marimbau Tietê)” e “Do Ferro ao Pó”, que foi inspirada pela tragédia de Brumadinho, que aconteceu em 2015. Ao fim da apresentação, o músico atendeu aos pedidos de bis da plateia fazendo um pout-pourri instrumental de músicas nordestinas, como “Vida de Gado”, de Zé Ramalho. “Aqui é demais, eu não conheço outro palco que seja desse jeito, onde as pessoas ficam em silêncio para ouvir música instrumental. Parece Europa”, brincou o violeiro, ao falar sobre o acolhimento dos espectadores.
Criado em 2018, o Fábio Aladdin Trio abriu o polo mais cedo com um repertório de músicas autorais. Figura carimbada na cena musical de Garanhuns, Fábio é conhecido por tocar com artistas da cidade, como a banda Os Valvulados e a cantora Karla Cybele, com os quais também já se apresentou nesta edição do Festival. Porém, no Polo Instrumental, o músico pode apresentar a sua faceta mais inventiva.
“Tocar num evento desse porte é muito importante pra gente. Desde 1995 que a gente vem fazendo esse trabalho com música instrumental em Garanhuns e foi tão bom que começaram vir atrações do mundo todo pra esse palco, que é um Polo que o pessoal valoriza, muita gente procura por ele”, observou o músico. Entre os visitantes que costumam vir do Recife para o FIG especialmente por conta do Polo Instrumental é o relações públicas José Dias, de 64 anos. “A ideia de criar novas oportunidades pros nossos músicos é muito rica, porque nossa cultura é diversa e isso está sendo provado aqui. Essa oportunidade está sendo dada e vale ouro pra gente elevar a nossa cultura. Sempre que estamos aqui, eu fico sempre impressionado com a qualidade dos artistas”, avaliou.
QUINTA-FEIRA (27)
O Polo Instrumental segue a todo vapor nesta quinta-feira, quando receberá músicos pernambucanos com diferentes propostas musicais. A partir das 17h, sobem ao palco as experimentações do percussionista Nino Alves, as melodias de Betto do Bandolim e metais de A Trombonada.
Promovido pelo Governo de Pernambuco, por meio da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), com investimento de R$ 11,6 milhões, o FIG 2023 reforçou a valorização do artista pernambucano, que compõe os 20 polos do festival, que prossegue até o próximo dia 31. São 398 atrações culturais. Desse total, 89,70% (357) selecionados pela convocatória são pernambucanos; e 10,30% (41) são de outros estados.
