Tributos e um passeio por grandes temas da MPB no Palco Mestre Dominguinhos
Homenagens a artistas saudosos e à música nordestina deram o tom na sexta noite do FIG 2023
Postado em: Festival de Inverno
A memória da MPB marcou a noite desta quinta-feira (27) no Palco Mestre Dominguinhos do Festival de Inverno de Garanhuns 2023 nas apresentações de Mirelly Araújo, Erica Natuza, Tiago Iorc e dos irmãos Max de Castro e Wilson Simoninha que fizeram o Baile do Simonal com participação especial de Sandra de Sá.
Grávida de 4 meses, a cantora Mirelly Araújo, de Garanhuns, não conseguiu esconder a emoção de sua estreia no polo da Praça Mestre Dominguinhos. Coube a ela o esquente da noite com um repertório de forró de várias gerações.
No repertório, Mirelly interpretou sucessos como Ai que Saudade d’Ocê, Timidez, Vida Vazia, Meu Vaqueiro Meu Peão, Deixa Eu Te Superar e até As Quatro Estações em ritmo de forró, além de tributos a Alceu Valença com La Belle de Jour e Anunciação. “Primeiro festival de muitos. Se Deus quiser”, comemorou.
A recifense Erica Natuza, finalista do programa The Voice 5 (TV Globo, 2018), também em sua estreia no FIG, surpreendeu com um show coeso, intitulado Mulheres do Brasil, com canções da primeira prateleira da MPB. Uma das principais homenageadas foi Rita Lee, de quem interpretou Mania de Você, Alô Alô Marciano, Mutante e Pagu.
A setlist de Erica seguiu assim, em ritmo de pout-pourri, trazendo composições que foram e são sucesso em vozes femininas como Gal Costa (Azul, Quando Você Olha pra Ela, Barato Total), Paula Lima (É Isso Aí), Angela Ro Ro (Compasso), Elizeth Cardoso (Eu Bebo Sim), Elza Soares (Maria da Vila Matilde), Beth Carvalho (Juízo Final), Nana Caymmi (Não Se Esqueça de Mim), Maria Bethânia (Cheiro de Amor) e Marisa Monte (Ainda Bem, Barato Total, Calma). “A gente queria muito homenagear as mulheres. E está fazendo assim, curtinho, para aproveitar o máximo”, explicou.
Erica ainda mostrou, de seu próprio repertório, as canções Se Eu Quiser e Festa de Chegar, gravadas em 2020. E prestou uma homenagem a Lia de Itamaracá interpretando Desde Menina, da cirandeira pernambucana. Em outro momento de carinho, chamou a backing vocal Lua, autora da canção Um Xote para Dois, que fizeram juntas.
A Rainha do Rock também foi reverenciada pelo brasiliense Tiago Iorc, que fez um show intimista, de voz e violão, acompanhado apenas pelo baterista americano Jeremy Gustin. O amor cantado em ritmo de folk brasuca levou fãs ao delírio em um repertório predominantemente autoral que fez o público cantar junto em temas como Hoje Lembrei do Teu Amor, Mil Razões, Nessa Paz Eu Vou, Coisa Linda, Deitada Nessa Cama, A Vida Nunca Cansa, Tudo o que a Fé Pode Tocar (em que trocou o violão pelo teclado), Me Tira pra Dançar, Bilhetes, Alexandria e Amei Te Ver.
Tiago ainda cantou sucessos da banda Legião Urbana (Tempo Perdido), de Rita Lee (Mania de Você) e de Gal Costa e Caetano Veloso (Sorte). E ao lado da cantora pernambucana Joyce Alane, em uma participação especial, mandou Pode Se Achegar e Tangerina.
Como esperado, a noite terminou em clima de festa com o Baile do Simonal. Com participação de Sandra de Sá, os irmãos Wilson Simoninha e Max de Castro prestaram tributo não apenas ao pai, mas também à chamada black música brasileira e até à música nordestina.
No palco, Max e Simoninha se revezaram em sucessos consagrados nas vozes de Rita Lee (Nem Luxo Nem Lixo), Gilberto Gil (Palco), Jorge Ben Jor (Santa Clara Clareou, Zazueira, País Tropical), Roberto & Erasmo Carlos (É Preciso Saber Viver) e Tim Maia (Descobridor dos Sete Mares). O Nordeste foi homenageado em um medley que incluiu o hino Asa Branca, Eu Só Quero um Xodó, Beija-Flor, Flor de Maracujá e Coroné Antônio Bento.
O tão aguardado tributo ao pai aconteceu com Max puxando Nem Vem que Não Tem e Simoninha indo de Meu Limão, Meu Limoeiro. Mais tarde ainda fizeram juntos Sá Marina. Simonal também foi reverenciado com Tributo a Martin Luther King por Sandra de Sá, que ainda fez Sozinho (Peninha), Vale Tudo (Tim Maia) e colocou todo mundo para dançar em seu próprio grande sucesso, Olhos Coloridos.
O aposentado Paulo da Fonte, 73 anos, do Recife, foi uma das pessoas que chegaram cedo para garantir um local próximo ao palco na Praça Dominguinhos. “Venho ao FIG há mais de 20 anos. Eu tenho filhos que vinham em carrinho de bebê e já estão com 20 e poucos anos”, lembrou. “Venho curtir Garanhuns. Meu pai trabalhou aqui no Bandepe quando eu já estava na universidade e não pude vir morar aqui. Curto muito Garanhuns”, enfatizou.
Paulo lamentou que desta vez os filhos não puderam acompanhá-lo junto com sua esposa. Além do Palco Mestre Dominguinhos, em que gostou dos shows de Tiago Iorc, Lenine e Pato Fu, ele frequenta outros polos. “Tudo é muito bom. Garanhuns por si só é uma atração”, definiu.
Promovido pelo Governo de Pernambuco, por meio da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), com investimento de R$ 11,6 milhões, o FIG 2023 reforçou a valorização do artista pernambucano, que compõe os 20 polos do festival, que prossegue até o próximo dia 31. São 398 atrações culturais. Desse total, 89,70% (357) selecionados pela convocatória são pernambucanos; e 10,30% (41) são de outros Estados.