País das Conexões Criativas em Caruaru abre portas para exposições
Evento está aberto ao público no Pavilhão da Estação Ferroviária da cidade
Postado em: PE Meu País
Diversas exposições estão abertas gratuitamente para visitação, das 10h às 20h desta sexta-feira (9), no País das Conexões Criativas, do Festival Pernambuco Meu País. O evento acontece no Pavilhão da Estação Ferroviária de Caruaru, no Agreste.
“Entre espelhos e espinhos” é uma das representações. A obra é assinada por Manu Paz, que retrata, através de desenhos em preto e branco, a sua própria psique durante um surto psicótico agudo, ocorrido durante a crise sanitária instaurada pela pandemia da Covid-19 em 2020.
“Alguns dos quadros que estão aqui foram feitos durante esse surto. Dá para ter uma tentativa de interpretação do que estava se passando, o que teve antes e o que mudou. As obras mostram o sentimento de estar no mundo. São desenhos que levam às mais diversas interpretações, de forma que o público se identifique muitas vezes de maneiras inesperadas”, disse a artista.
Ela detalha o episódio que viveu e trata a arte como ferramenta participante do processo de entendimento.
“A arte me ajudou muito. O surto foi como viver um sonho misturado na realidade. Fomos muito represados durante a pandemia”, relembra.
J.Lee Aguiar é outra artista que assina uma exposição voltada aos desdobramentos da pandemia da Covid-19, também a partir de um recorte pessoal. Foi com a morte de seu pai pela doença que tudo começou. Sozinha, ela registrou a despedida e o sepultamento, e agora espera que a arte consiga encerrar esse ciclo em sua vida, fazendo da exposição um velório. Abaixo de algumas das fotos expostas ao público, há terra, em uma mensagem alusiva ao cemitério
O pai de J.Lee Aguiar era o jornalista Álvaro de Brito Duarte, que morreu em 16 de junho de 2021, aos 57 anos.
“Ele era um homem saudável, trabalhador e um ativista pelo meio ambiente. Um grande homem, que sempre lutou por justiça social, por um jornalismo ético e pela liberdade dos povos”, relembra.
O nome da exposição é “Atotô: Um Processo de Cura” e ela explica o porquê. “O público pode esperar uma reflexão sobre a pandemia. Perdi o meu pai e ninguém da nossa família pôde ir ao enterro, só eu, porque sou jornalista. Foi muito traumático para o mundo inteiro. Essa exposição vem de um lugar de muita raiva, mas a arte serve para transformar. Eu acho que foi uma conexão que me fez chegar até aqui trazendo esse velório. Está sendo uma honra poder participar do Festival Pernambuco Meu País. Meu pai era apaixonado por Caruaru e pela cultura também. É uma forma de honrar”, diz, bastante emocionada.
