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Segundo dia do Festival de Cinema de Triunfo destaca formação, identidade e ancestralidade no audiovisual

Programação do dia destacou produções estudantis, cultura popular e narrativas ancestrais no Theatro Cinema Guarany

Foto - Juana Carvalho - Secult PE (2)
Foto: Juana Carvalho/Secult-PE

O segundo dia da 16ª edição do Festival de Cinema de Triunfo destacou o cinema como ferramenta de formação, pertencimento e valorização das identidades culturais. Nesta segunda-feira (15), a programação teve início às 13h, no histórico Theatro Cinema Guarany, com mostras de curtas-metragens realizados por estudantes locais, e foi encerrada às 20h com a exibição do documentário Originárias (2025), dirigido pela cineasta e ativista cultural baiana Marcília Cavalcante Barros, que aborda a ancestralidade, as mitologias e os caminhos do bem-viver das mulheres indígenas do sul da Bahia.

A secretária de Cultura de Pernambuco, Cacau de Paula, destacou a importância do Festival de Cinema de Triunfo como uma política pública capaz de formar, inspirar e fortalecer a identidade cultural da região, especialmente entre os jovens.

“O Festival de Cinema de Triunfo é uma política pública estruturante. Está aqui na região há 16 anos. Então, as sementes que foram plantadas por meio desse festival, e que permanecem na cidade através do audiovisual, passam por cada um de vocês. A gente sente uma honra muito grande de poder deixar essas sementinhas aqui. Vocês são o futuro de Triunfo, do Sertão, de Pernambuco, do Brasil. E poder ver vocês tão empolgados com um projeto como esse, reconhecendo e valorizando as histórias, adaptando clássicos para a realidade de vocês, é algo fantástico”, falou após a primeira exibição do dia.

Um dos momentos mais simbólicos da programação foi a sessão Realizadores do Futuro, realizada às 13h30. A mostra especial destacou o impacto das políticas públicas culturais quando articuladas à educação e à juventude, revelando o audiovisual como ferramenta pedagógica e de transformação social. Os filmes exibidos foram produzidos por estudantes da Escola de Referência em Ensino Médio Alfredo de Carvalho.

As obras dialogaram com clássicos da literatura brasileira e mundial, além de lendas urbanas do município, a exemplo de Natália do Espírito Santo, A Moreninha, Dom Quixote, Senhora e O Auto da Compadecida, recriados a partir de referências locais, da oralidade, do humor e da vivência sertaneja, sob um olhar sensível e contemporâneo da juventude triunfense.

“Posso afirmar que é extremamente gratificante. Lembro da minha infância, quando participei de vários projetos nos quais atuava, e tudo parecia mágico. Naquela época, nossas referências vinham quase sempre de Hollywood, algo que parecia distante da nossa realidade. Hoje, ver que o governo e as escolas estão trazendo essas oportunidades para nós, estudantes, mostra que estamos dando um passo muito importante, não apenas na educação, mas também no desenvolvimento cultural da nossa geração”, destacou Jesus Cabral, um dos alunos que participaram da oficina realizada na EREM Alfredo de Carvalho.

Além das exibições, como parte da iniciativa do festival, em parceria com o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura (Secult), também foi anunciada a concessão de uma bolsa integral da Academia Internacional de Cinema (AIC), instituição de referência na área cinematográfica, para a aluna Gabrielly Gusmão, estudante da EREM, que realizará o curso na modalidade online.

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Foto: Juana Carvalho/Secult-PE

MOSTRAS - No início da noite, às 17h30, o festival apresentou a mostra As Encantarias Movem os Olhos do Cinema, um convite à imersão em narrativas que dialogam com espiritualidades, ancestralidades e forças invisíveis que atravessam a formação cultural brasileira. A sessão reuniu os curtas Ressonância, de Anna Zêpa; Plantis da Vida – Frevo Rural, de Clarissa Azevedo; Akaîutĭ, de JP Mello, Kaline Cassiano e Sylara Silvério; Pé de Chinelo, de Cátia Cardoso; e Encruza, de Guilherme Cavalcante e Rafael Costa. Juntos, os filmes formaram um mosaico sensível que revisita a vitalidade da cultura popular, a força das identidades indígenas, a resistência dos povos tradicionais, a infância ribeirinha, a religiosidade em constante reinvenção e a diversidade estética das narrativas produzidas no interior do país.

Encerrando a programação do dia, às 20h, foi exibido o longa-metragem Originárias, de Marcília Cavalcante Barros. A obra resgata vozes historicamente silenciadas pela colonização e propõe uma reescrita contra-colonial da história e da luta das mulheres indígenas brasileiras, ecoando a urgência da preservação dos povos originários, de suas memórias e cosmovisões.

“Originárias é um convite a contra colonização do pensamento, um manifesto de diversidade e um chamado de ação em defesa da vida das mulheres contra essa engrenagem patriarcal e capitalista de apagamento. O filme afirma sua vida em sua forma mais insurgente, celebrando mulheres como guardiões do mundo, reconhecendo sua centralidade na sustentação da vida. É uma honra estar exibindo ele aqui no Festival de Triunfo”, destacou a cineasta.

Realizado pelo Governo de Pernambuco, por meio da Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE) e da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), o Festival de Cinema de Triunfo segue até o próximo sábado (20), com uma programação que inclui mostras de filmes, oficinas, ações educativas e encontros formativos.

Em sua 16ª edição, o festival se consolida como um dos principais eventos audiovisuais do interior de Pernambuco, promovendo o encontro entre realizadores, estudantes, público e profissionais do setor, além de fortalecer o cinema como linguagem artística, educativa e ferramenta de transformação social. Mais informações estão disponíveis no Instagram @festivaldecinemadetriunfo.

OFICINAS - As atividades formativas do festival reúnem, entre 16 e 19 de dezembro, uma programação diversa que inclui o workshop “Territórios de afetos”, conduzido por Rafael Nascimento, que propõe uma imersão criativa em narrativas negras e LGBTQIAP+ no Sertão; oficinas de elaboração de projetos e portfólios culturais nos quilombos Águas Claras e Santa Rosa, com Sandra Silva e Iyadirê Zidanes, voltadas ao fortalecimento das identidades quilombolas; a masterclass de Feane Monteiro sobre o novo cinema indígena e o autoagenciamento dos povos originários; um roteiro cultural com estudantes das escolas municipais guiado pela museóloga Rosélia Adriana; e a oficina do Coletivo #CineRuaPE, com Priscila Urpia e Bruna Tavares, dedicada às estratégias de retomada dos cinemas de rua e sua importância como espaços culturais ativos.

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