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16º Festival de Cinema de Triunfo aprofundou debates sobre territórios, ancestralidade e futuros possíveis no quarto dia de programação

Atividades formativas descentralizadas e mostra temática marcaram a quarta-feira, 17, no histórico Theatro Cinema Guarany

Foto - Juana Carvalho - Secult-PE (6)
Foto: Juana Carvalho/Secult´PE

O 16º Festival de Cinema de Triunfo seguiu ampliando espaços de reflexão e escuta ao longo de sua programação. Nesta quarta-feira (17), o quarto dia do evento foi marcado por ações formativas realizadas pela manhã e pela tarde, além de exibições de curtas-metragens no histórico Theatro Cinema Guarany, com encerramento da programação noturna às 20h, com a exibição do documentário Uma Estrada que Corta o Território do Xerente, de Túlio de Melo.

FORMAÇÃO - A agenda formativa teve início das 9h às 12h, na Fábrica de Criação Popular José Manoel Sobrinho, com a masterclass Um Novo Cinema Indígena? Reflexões sobre Produção Audiovisual e Autoagenciamento dos Povos Originários, ministrada pela artista e pesquisadora Fulni-ô Feane Monteiro. A atividade aprofundou o debate sobre o surgimento de novas narrativas indígenas no audiovisual brasileiro e os processos de autodeterminação dos povos originários por meio da imagem e do cinema.

“A oficina serviu para pensar sobre o cinema indígena contemporâneo, a representação dos povos indígenas na mídia, de forma geral. Foi muito rica e construtiva, porque tivemos vários debates sobre esse autogerenciamento dos povos indígenas no cinema”, explicou a oficineira.

Foto - Luiz Felipe Bessa - Secult-PE
Foto: Luiz Felipe Bessa/Secult-PE

O movimento formativo do festival também se expandiu para além do centro de Triunfo. Em uma iniciativa inédita de descentralização, o evento levou oficinas aos quilombos Águas Claras e Santa Rosa, em parceria com a Gerência de Educação e Direitos Humanos (GEDH/Secult-PE). Ministradas por Sandra Silva e Iyadirê Zidanes, as atividades têm como foco o fortalecimento das identidades quilombolas, o estímulo à autonomia criativa e a ampliação do acesso a ferramentas de elaboração de projetos culturais.

“Hoje realizamos a oficina de elaboração de projetos em nosso espaço, que aconteceu na cozinha. Achei ideal, porque o nosso foco é a gastronomia. Receber a oficina aqui é um sonho para a nossa comunidade, pois aprender a elaborar projetos é um desejo antigo nosso. Eu mesma tenho muito interesse: já fiz algumas oficinas, mas até o momento ainda não consegui colocar em prática. Essa oficina, porém, traz muito conhecimento e novos aprendizados, que serão muito importantes tanto para mim quanto para minhas colegas. Temos um grupo de 12 mulheres que trabalham aqui na comunidade, recebem as pessoas e cozinham”, celebrou Gildenice Ferreira, nascida e criada na comunidade quilombola de Águas Claras, e que também compõe o Júri popular dessa edição do festival.

Foto - Juana Carvalho - Secult-PE (3)
Foto: Juana Carvalho/Secult-PE

Ainda na quarta-feira, das 14h às 16h, a museóloga Rosélia Adriana acompanhou estudantes das escolas municipais em visitas guiadas aos museus e às casas de mestres da cultura popular, promovendo o contato direto dos jovens com a memória viva do território e com os saberes tradicionais de Triunfo. Os estudantes passaram pelo Museu do Cangaço de Triunfo, no Atelier Chico Santeiro, patrimônio vivo de Pernambuco, que produz esculturas sacras em madeira, além da Casa dos Caretas, que preserva a memória dessa manifestação cultural triunfense.

MOSTRAS – No período da noite, o festival apresentou a mostra Cinemas para Incendiar Outros Mundos, reunindo obras que provocam reflexões urgentes sobre futuros possíveis, distopias, memórias, territorialidades, ancestralidades e tensões contemporâneas. Foram exibidos os curtas Sertão 2138, de Deuilton B. Junior; Quando em Tuas Veias, de Roberta Laleska e Felipe Espíndola; Cana Queimada de Desejos, de Sávio Sabiá e Ricardo Sékula; Um Dia de Todos os Dias, de Fábio Narciso; Boiuna, de Adriana de Faria; Recife – Enquanto os Monstros Dormem, de Widio Joffre; e Ecos do Tempo, de Renato Izaias. Juntas, as obras abordam temas como tecnologia, colapso urbano, poesia periférica, encantamento amazônico, racismo cotidiano e resistência coletiva, ampliando o repertório do cinema brasileiro ao centralizar corpos e vozes historicamente silenciados.

Foto - Juana Carvalho - Secult-PE (11)
Foto: Juana Carvalho/Secult-PE

“Era um sonho estar aqui hoje. Falando brevemente sobre o filme: ele foi realizado por estudantes da UFPE, mas gravado no Sertão do Pajeú. O filme nasce do desejo de ver na tela aquilo que muitas vezes não aparece com tanta frequência no cinema. Nossa protagonista é uma mulher negra, e a obra é uma ficção científica ambientada no Sertão pernambucano, um território e um gênero que sempre me interessaram, mas que raramente vejo dialogar entre si.”, destacou o diretor Deuilton B. Junior, responsável pelo filme Sertão 2138.

Encerrando a programação do dia, às 20h, foi exibido o longa-metragem Uma Estrada que Corta o Território do Xerente, de Túlio de Melo. O documentário indígena convidou o público a refletir sobre território, pertencimento e ancestralidade, além dos impactos da ação humana sobre as terras tradicionais.

PRAÇA - Outro destaque foi o início da programação da sessão Cinemas de Brincar, que acontece na Praça do Avião nos dias 17, 18 e 19, a partir das 19h, apresentando uma seleção de filmes voltados à infância e à imaginação, com obras de realizadoras, coletivos, escolas e comunidades indígenas e quilombolas. A programação da quarta-feira destacou ficções que tratam de experiências negras, indígenas e rurais.

Realizado pelo Governo de Pernambuco, por meio da Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE) e da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), o Festival de Cinema de Triunfo segue até o próximo sábado (20), com uma programação que inclui mostras de filmes, oficinas, ações educativas e encontros formativos.

Em sua 16ª edição, o festival se consolida como um dos principais eventos audiovisuais do interior de Pernambuco, promovendo o encontro entre realizadores, estudantes, público e profissionais do setor, além de fortalecer o cinema como linguagem artística, educativa e ferramenta de transformação social. Mais informações estão disponíveis no Instagram @festivaldecinemadetriunfo.

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