Mulheres de fé da Mata Norte em nome da tradição
Cerca de 10 rezadeiras, benzadeiras e parteiras da região pernambucana se reuniram nesta sexta (22) em Lagoa de Itaenga
Postado em: Pernambuco Nação Cultural
O município de Lagoa de Itaenga, na Mata Norte de Pernambuco, viveu uma noite de fé e tradição cultural na noite desta sexta-feira (22). Nove rezadeiras, benzedeiras e parteiras da região, e de várias religiões diferentes, tiveram um encontro no qual compartilharam suas vivências entre si e diante de um público repleto de crianças.
A ação faz parte da programação do Pernambuco Nação Cultural na Mata Norte, promovido pela Secult-PE e FUNDARPE, mas tais ofícios da fé remontam séculos de construção cultural. O padre José Ribeiro, respeitadíssimo entre os brincantes e devotos de Lagoa de Itaenga, revelou que um livro antigo com cantigas destas senhoras rezadeiras de Pernambuco foi encontrado em Roma durante pesquisas recentes. “Como isso chegou lá, é um grande mistério”, indaga ele.
Padre João Ribeiro, inclusive, fez o discurso de abertura do encontro. *Essa cultura é muito forte. Eu, por exemplo, nasci em casa. Aqui temos doutores e doutoras que nunca sentaram numa faculdade, mas se formaram na escola da vida”, ressalta, cheio de orgulho.
Maria Josefa da Silva, mulher da fé de 65 anos, 57 dedicados aos rezos, bençãos e partos em todo o estado, conta que aprendeu esta arte divina com sua avó, e que viaja sempre a pedido daqueles que acreditam na sua força curadora. ” Vou morrer fazendo isso sempre com a mesma energia que meu Padre Cícero me deu”, afirma com um olhar de certeza.
Manoelzinho Salustiano, presidente da associação dos Maracatus de Baque Solto da Mata Norte e responsável pela articulação do evento, não escondia a satisfação com o resultado final. “Termos aqui várias crianças bastante interessadas nesse caminho e isso é muito importante para a manutenção da cultura dessas rezadeiras. A ideia aqui é puramente resgatar nossas tradições”, defende Manoelzinho.

