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A fênix do rock marcou encontro de gerações no Palco Pop

Adolescentes e até roqueiros da terceira idade estiveram lado a lado na noite do FIG 2015, que teve como destaque a lendária banda pernambucana, Ave Sangria. O grupo, semelhante à fênix, pássaro mitológico que renasce das cinzas, renova-se ao longo de mais de 40 anos de atividade. A diversidade de gerações também deu o tom do Palco Pop, onde a veterana Ave voou alto, junto com bandas mais recentes: Graxa, do bairro Jiquiá, Recife, e The Baggios, de Sergipe. O sábado, 18/7, foi marcante para quem enfrentou a forte chuva para assistir aos shows.

Graxa balançou a noite com um som que lembra o rock dos anos 70 misturado ao swing funk da geração Woodstock. O vocalista, compositor, guitarrista e funcionário de oficina mecânica, Ângelo Souza, 29 anos, o Graxa, compara o FIG a uma linha de produção que evolui com o passar dos anos. “Acho massa o FIG que junta bandas e grupos recentes com os das antigas, como Ave Sangria, que traz o som de uma geração que marca minha música. Essa mistura é muito boa pra todo mundo”, pontua Graxa. O grupo lançou uma fita cassete este ano para divulgá-lo na web e chegar mais junto aos fãs e ao mercado. Graxa adianta que tem planos para dois discos no ano que vem.

“O show do Graxa aqui no FIG teve uma desempenho bem diferente, com ele meio que dançando com a guitarra. O FIG é o momento mais esperado do ano porque traz muita cultura, muita coisa que a gente não vê. E essa mistura de bandas é a cara do Festival de Inverno”, comenta com empolgação, Emile Euzébio, 24 anos, de Garanhuns.

“Vim para ver Graxa, que já conhecia de vídeos da Internet e queria sacar ao vivo. E, claro, para não perder o Ave Sangria. As bandas do show de hoje têm tudo a ver, presente e passado juntos, talvez até o futuro. Poder ver isso, pra mim é histórico”, diz Emersom Padilha, 29 anos, de Maceió.”

A noite seguiu com The Baggios, de Sergipe. Com formação inusitada, apenas guitarra e bateria, a banda se diz influenciada pelo som dos anos 70. “Meu primo me apresentou o Ave Sangria, isso me marcou e também deu certo norte ao nosso som. Nunca imaginei estar ao lado deles em um mesmo palco. Ave e Lula Côrtes são muito queridos e admirados em Aracaju”, revelou Gabriel Carvalho, 24 anos, baterista da banda. Na apresentação, além de músicas próprias, The Baggios ousa com uma versão em português de Money, do Pink Floyd, e são ovacionados pelo público. A banda lançou DVD em celebração aos 10 anos de estrada e planeja lançamento do terceiro disco para 2016.

Normando Siqueira

Normando Siqueira

A sergipana The Baggios se apresentou pela primeira vez no festival

“O som do The Baggios, que são novos, me lembra de músicas antigas. Acho que este encontro de gerações no FIG é muito legal porque agrada a turma de hoje e de ontem, e pode até gerar algo novo, no futuro. O FIG dá essa oportunidade de cada um curtir o que gosta, além de encontrar muitos amigos e amigas”, diz Ronaldo Patrício, 49 anos, do Recife.

“Já conhecia o The Baggios, mas estou no FIG também por causa de Antônio Carlos Nóbrega e Lenine, que tocaram ou vão tocar em outros palcos”, comenta João Ricardo, 44 anos, de Paulo Afonso.

Normando Siqueira

Normando Siqueira

Marco Polo, da Ave Sangria, em total sintonia com o público.

Na sequência dessa noite histórica, Ave Sangria nem tinha sido anunciada e a multidão já começava a se apertar junto ao palco, disputando o melhor ângulo para assistir ao show. Quando a banda entrou, a energia aumentou, assobios e gritos ecoaram e o voo da Ave começou em clima de confraternização e alegria. O palco refletiu também a diversidade de gerações da plateia. Novos integrantes dividiram o som com veteranos, como Almir de Oliveira, baixista desde a primeira formação, que tocou violão essa noite. “Acho isso aqui incrível! Não poderia imaginar que, 40 anos depois da banda acabar, a gente estaria num palco com tanta gente nova. Essa mesma galera que tirou Ave Sangria do cárcere cultural que vivemos durante muito tempo, depois da ditadura. Os jovens nos colocaram hoje, aqui”, comemorou Almir.

O clima esquentou com Marco Polo cantando, “Aqui estamos juntos ao por do sol…”, fazendo o contraponto com a chuva pesada que caía do lado de fora do Palco Pop. Em seguida, a multidão cantou junto e dançou ao som de Geórgia, clássico da banda. O grupo prestou homenagem a Ivinho, seu ex-guitarrista, falecido aproximadamente há um mês, tocando tema instrumental da autoria dele. Ao final, depois que o clima pegou o fogo com as distorções da guitarra, parecia que tudo tinha se acabado. Mas, Ave Sangria é feito fênix, ressurgiu com mais força pra fazer o bis, cantando O pirata: “Só resta eu com a minha faca e a minha nau…”

Depois do show, Almir Oliveira, adiantou: “Tá pintando possibilidade de gravarmos outro disco, com músicas antigas que não gravamos naquela época, lá pelos anos 70, e composições novas’”.

A agitação marcou até a saída do show, com muita gente ainda cantando e dançando pela garoa que caía. Todo mundo em clima de celebração.

“Curti muito, vim assistir ao Ave Sangria porque muitos amigos disseram que era legal”, vibrou Bruna Pimentel, 15 anos, de Garanhuns. “A música quando é boa se perpetua. Minha geração talvez tenha visto menos shows do Ave Sangria que a turma de hoje, porque a censura nos tirou esse direito, quando proibiu a música Seu Valdir”, avaliou emocionado, Fernando Santos, 65 anos, de Olinda.

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