Caixa Cultural recebe a mostra “Autorretratos – Documentários Autobiográficos”
De 18 a 29 de agosto, local será palco de exibição de filmes consagrados cujos diretores são o foco de suas câmeras
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O americano Jonas Mekas abre a programação, com o filme “Walden: diaries, notes and sketches” (1967)
com informações da assessoria
A partir desta terça (18), a Caixa Cultural Recife será palco da mostra de cinema inédita “Autorretratos – Documentários Autobiográficos”, que irá exibir e discutir produções consagradas pela crítica cujos diretores são o foco de suas câmeras. Num amplo panorama de obras brasileiras e estrangeiras, a mostra será composta por 13 longas, seis telefilmes, um média e cinco curtas-metragens. Também haverá palestra e debate sobre o subgênero do cinema. A produção é da curitibana Haver Filmes, com curadoria do cineasta Aristeu Araújo. As entradas custarão R$ 4,00 (inteira) e R$ 2,00 (meia). Confira a programação completa.
As artes plásticas e a literatura, há tempos, produzem obras confessionais ou, no mínimo, autobiográficas. São autorretratos, diários, romances, poemas e contos que vêm ao mundo com o seu autor no lugar do protagonista. Para o cinema, no entanto, essa é uma vereda que começou a ser explorada apenas a partir da década de 1960, com a modernização da linguagem cinematográfica pós Nouvelle Vague. São produções com forte preocupação poética e temas ligados à profundidade existencial.
O cineasta norte-americano Jonas Mekas é considerado, pelos teóricos do cinema, um dos grandes precursores das produções autodocumentais. Será justamente o autor quem abrirá a mostra, com o seu filme Walden: diaries, notes and sketches (1967), uma espécie de estopim para um jeito até então novo de filmar.
Mekas filma seu dia a dia criando uma trama, um entrelaçado de imagens, aparentemente desconexa, mas de força poética absolutamente singular. São filmes-diário, filmes-esboço, como o título de seu primeiro experimento na área já demonstra. A importância de Mekas para o cinema é gigantesca. Ele abre uma porta e, através dela, passamos a ver outro mundo. Contudo, um mundo que, em geral, apresenta-se de forma soturna. É que grande parte destas obras surge para que seus realizadores possam lidar com seus próprios abismos.
Depois de Mekas, serão exibidos os seis telefilmes do diretor judaico-brasileiro David Perlov, que produziu para TV a obra Diários. São seis filmes-diário, narrados em primeira pessoa, que mostram sua vida depois que se mudou para Israel entre os anos de 1973 e 1983.
A mostra também exibirá o premiadíssimo E agora? Lembra-me (Portugal, 2014), de Joaquim Pinto. A obra é inédita no circuito comercial brasileiro e conquistou mais de uma dezena de prêmios, sendo um dos grandes destaques dos festivais de Cinema Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira e de Locarno.
Além dele, também estão na lista de longas-metragens 33 (Kiko Goifman – Brasil, 2002), Los Rubios (de Albertina Carri – Argentina, 2003), Passaporte Húngaro (de Sandra Kogut – Brasil, 2003), Tarnation (de Jonathan Caouette – EUA, 2004), Insônia (de Alan Berliner – EUA, 2007), Santiago (de João Moreira Salles – Brasil, 2007), As Praias de Agnès (de Agnès Varda – França, 2008), Constantino (Otávio Cury – Brasil, 2012), Os Dias com Ele (Maria Clara Escobar – Brasil, 2012), Mataram o Meu Irmão (Cristiano Burlan – Brasil, 2013) e Elena (de Petra Costa – Brasil, 2013).
Elena angariou os prêmios de direção, montagem, direção de arte e melhor filme pelo júri popular – todos na categoria de filmes documentais –, no 45º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Mataram o Meu Irmão foi o grande vencedor do 18º “É Tudo Verdade”, com os prêmios de melhor filme pelo júri e voto do público.
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“Elena”, de Petra Costa, conquistou diversos prêmios em festivais brasileiros e também está na programação
Os curtas-metragens escolhidos são todos brasileiros e contemporâneos: Canoa quebrada (de Guile Martins, 2009), Babás (Consuelo Lins, 2010), Oma (Michael Wahrmann, 2011), Ariel (Mauro Baptista Vedia e Claudia Jaguaribe, 2006) e o O Chapéu do Meu Avô (Julia Zakia, 2004).
Por fim, aq “Autorretratos – Documentários Autobiográficos” exibirá o média-metragem O Espelho de Ana (de Jessica Candal – Brasil, 2011), filme curitibano patrocinado pela própria Caixa Cultural e que se aproxima de sua realizadora para falar sobre a questão do feminismo na sociedade atual.
Palestra e debates
Na próxima sexta (21), das 19h30 às 20h30, a pesquisadora, crítica e professora Ilana Feldman ministra palestra sobre “O cinema autodocumental”. Ela é doutora em cinema pela Escola de Comunicações e Artes da USP, com passagem pelo Departamento de Filosofia, Artes e Estética da Universidade Paris VIII, tendo desenvolvido a tese “Jogos de cena: ensaios sobre o documentário brasileiro contemporâneo”. Atualmente, Ilana faz pós-doutorado em Teoria Literária no Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp, com pesquisa sobre cinema, testemunho e autobiografia a partir da obra do cineasta brasileiro-israelense David Perlov.
Já no dia 27 de agosto, das 19h30 às 21h, acontece o debate “Nossos Autodocs”, com Cristiano Burlan, diretor de cinema e teatro e diretor de Mataram meu irmão; Raquel Valadares, formada em Cinema pela UFF, documentarista e diretora dos filmes Corpo de Bollywood, O Povo Quer Cinema (2008), filmado na Índia, e Homem-Carro (2014); e Aristeu Araújo, cineasta e crítico de cinema, além de curador da mostra “Autorretratos – Documentários Autobiográficos”.
Confira abaixo a programação completa:
