“A música independente ganha com esse festival”, afirma Marcia Castro
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A cantora baiana fez seu primeiro show em Pernambuco no Palco Pop do 22° FIG
Por Joana Pires
Quando Marcia Castro subiu ao Palco Pop nesta quarta-feira (18/7), muita gente já se aglomerava na frente do palco com expectativa de ver o seu show. Foi uma surpresa para a baiana, que já tinha se apresentado em Pernambuco como uma das convidadas de Mercedes Soza, no Teatro Guararapes em 2008. Mas vir para o Estado cantando seu trabalho autoral fez Marcia perceber a amplitude de sua música.
“Eu não tinha dimensão de como o trabalho estava repercutindo aqui”, comentou logo após o show. A cantora apresentou o álbum “De pés no chão”, o segundo de sua carreira. No repertório, músicas como “Preta pretinha”, dos Novos Baianos, e “Menina mulher da pele preta”, de Jorge Ben Jor, caíram na boca do público que vibrou quando, no final da apresentação, ela cantou o Frevo Pecadinho, que a lançou nacionalmente.
“Eu amo frevo. Não me importo muito com essa espécie de rixa entre o frevo baiano e o frevo pernambucano. Morais Moreira e Alceu Valença sempre fizeram parte da minha vida. O frevo é a minha ideia de festa”, confessou Marcia.
Ao comentar sobre a importância da música pernambucana na sua formação, ela fez questão de destacar o trompetista Spok, o cantor Otto e o baterista Pupillo, da Nação Zumbi, como músicos que a influenciam. “Acho que a música de Recife é muito responsável por uma renovação estética que a música independente tem vivido, porque a música da cidade tem conseguido espaço em outros circuitos. Recife é um cenário muito importante para a produção e a criatividade nacional”.
E completa: “Salvador ficou muito estigmatizada por essa voracidade da indústria do Axé Music. A Bahia de Dorival Caymmi, de Batatinha, Raul Seixas e Camisa de Vênus, essa Bahia diversa ficou afogada e agora a gente tá voltando. O axé foi muito importante para a Bahia mas agora estamos encontrando o equilíbrio”.
Para Marcia, festivais como o FIG são fundamentais para divulgação da música independente, que não encontra espaço fácil nas rádios e outros meios de comunicação. “Esses festivais possibilitam a circulação do artista independente e acabam tendo um papel muito importante já que até alguns anos atrás não tínhamos espaços de divulgação democráticos como a Internet”.
A cantora Alessandra Leão, que também fez um show muito bem recebido pelo público do Palco Pop, também concorda com a importância dos festival para a formação de uma plateia que entenda a diversidade musical do país. “O FIG consegue juntar artistas de gêneros bem diversos, o que faz com que as pessoas acabem conhecendo outras músicas”. Alessandra, que já esteve no FIG também em 2007, 2009 e 2011, apresentou um dos últimos shows do CD “Dois Cordões”, antes de começar a se preparar para produzir o 3° CD da carreira.
Quem abriu a noite de apresentações no Palco Pop foi o cantor Zé Manoel. O petrolinense veio ao FIG pela segunda vez apresentar as músicas do seu álbum, lançado em maio no Teatro Santa Isabel, no Recife. “Me surpreendi com a quantidade de pessoas que estava assistindo ao show e cantando as músicas. Fui muito bem recebido pelo Festival”. Sua música suave emocionou e realmente contagiou a plateia, que dançou ao som de Samba Tem, e outros sucessos autorais, além de versões bem interessantes como a música Sabiá, de Luiz Gonzaga, cantada em inglês. Quem completou a noite de shows no Palco Pop foi o jazz abrasileirado da banda Delicatessen.
Amanhã, quinta (19/7), passam pelo Palco Pop Terreiro Cibernético, Curumin, Renata Rosa e Felipe Cordeiro.


