André Mussalem retrata o Brasil em novo disco
"Pólis" é o segundo álbum do compositor recifense e terá show de lançamento nesta quinta-feira (29), às 20h30, no Teatro Eva Herz (Shopping RioMar). A entrada é gratuita.
Postado em: Música
Josivan Rodrigues
André Mussalem traz dez canções e uma faixa-bônus no novo álbum, explorando várias questões políticas do Brasil.
Depois de quebrar os estereótipos do samba com o álbum de estreia “No Morro da minha cabeça” em 2016, o músico André Mussalem resgata agora a tradição política do cancioneiro brasileiro em seu segundo disco, intitulado “Pólis”. O show de lançamento do álbum será nesta quinta-feira (29), às 20h30, no Teatro Eva Herz, que fica na Livraria Culura do Shopping RioMar, e tem entrada gratuita. Na ocasião, o público poderá conhecer melhor o repertório do trabalho, que já conta com duas faixas disponibilizadas para audição antes deste lançamento: ‘Maré’ – uma canção que celebra Marielle Franco – e ‘Resista, Meu Filho, Resista’.
As canções de “Pólis” apresentam um discurso de crônica e crítica com nítidas influências de Gonzaguinha, Aldir Blanc, Caetano Veloso, Chico Buarque, Ruy Guerra e do cubano Pablo Miláres. A faixa-título que abre o disco foi composta em cima de um soneto crítico do século XVII de Gregório de Matos sobre a cidade do Recife com a mesma técnica utilizada por Caetano Veloso em ‘Triste Bahia’ (do antológico ‘Transa’). É possivelmente o primeiro texto de crítica política sobre o Recife e, apesar de ser um choro (samba-choro), foram utilizadas na composição técnicas barrocas de arranjo.
Em ‘Caetano Estaciona no Leblon’, Mussalem fala sobre um Rio de Janeiro que é a síntese da cidade política do Brasil. É uma crítica à imprensa que investe em notícias irrelevantes sobre pessoas famosas em detrimento de um Estado de coisas que é bem representado no Rio. Os versos da canção fazem várias referências a músicas de Caetano como “Tropicália”, “Alegria, Alegria”, “Uns”, “Coração Vagabundo” e “A Bossa Nova é Foda”. Já “Retrato 3×4” é a primeira música composta para o disco e nasceu durante o início do processo que levou ao Impeachment da presidenta Dilma Roussef. Naquele momento, André compôs uma canção partindo da ideia de como seria uma foto 3×4 tirada do país na conjuntura política que vivemos.
“Valsa para Tempos Difíceis” é uma das raras faixas do disco que não é samba. Seu único objetivo é expressar a necessidade intrínseca de amar mesmo em períodos mais sombrios. Na sequência vem “Maloca” com versos que expõe a ferida do sistema prisional das grandes cidades. Apesar do tema “pesado”, o samba narra uma história de amor contada a partir do “eu feminino” e conta com a participação de José Demóstenes, sambista da nova cena musical de Pernambuco.
“Cubana” é a segunda faixa do disco que não é samba e foi composta a partir do grito conservador “Vai para Cuba” e a vontade da companheira de Mussalém de visitar Cuba. É a faixa que mais mistura os temas “amor” e “política” e foi criada a partir das composições do cantor e compositor cubano Pablo Milanés. “Deixe a Menina em Paz” é uma resposta contemporânea à “Deixe a Menina”, de Chico Buarque, sob um viés mais atual, a partir da frase do coletivo “Deixe Ela em Paz”. É uma música de homens falando sobre o espaço da mulher na política com o objetivo de convidar mais homens para lutar ao lado das mulheres.
Para falar do futuro, o pernambucano busca despertar a esperança de dias melhores em “Cantiga de Claro Iludir”. E encerrando o álbum, ‘As Invasões Bárbaras’ é uma espécie de faixa bônus que homenageia Henrique Cossart, ex-padre que integrou a equipe de Dom Helder Câmara, e que – ao deixar o sacerdócio – fez parte de uma missão que educava pessoas carentes e acolhia perseguidos políticos durante a Ditadura Militar. É uma música que narra o amor entre os mais humildes e fala sobre os refugiados que vivem fora e dentro de sua própria pátria.
SERVIÇO:
Show de Lançamento do álbum “Pólis”, de André Mussalem
Quando: Nesta quinta-feira (29), às 20h30
Onde: Teatro Eva Herz (Livraria Cultura/Shopping RioMar – Avenida República do Líbano, 251 – Pina – Recife)
Entrada gratuita
