Série de vídeos revela as histórias de vida de mestras coquistas de Olinda
Postado em: Cultura popular e artesanato | Lei Aldir Blanc | Música
O desejo de manter viva a tradição secular do coco, as memórias e a relação com o ritmo de quatro lideranças femininas negras que comandam grupos em comunidades periféricas olindenses é a mola propulsora do projeto “Mestras coquistas de Olinda – mulheres que fazem a brincadeira acontecer” que traz uma série de entrevistas com olhares sobre raça, gênero, geração e fé dessas mulheres. São relatos de vidas singulares, que tem em comum o gênero feminino, a pele escura, a maturidade trazida com os muitos anos de vida, a fé, a vida na periferia de Olinda, a paixão pelo coco que aprenderam com seus pais e a luta pela valorização e preservação da cultura popular. A iniciativa é dirigida pela produtora pernambucana Ladjane Rameh, da Bureau de Cultura, e conta com os recursos da Lei Aldir Blanc em Pernambuco.
A primeira entrevista da série foi lançada nesta sexta-feira (16), no canal do Youtube “Pernambucanas da Cultura”, e traz a mestra Dona Cila do Coco, 84 anos, moradora do Varadouro e uma das maiores representantes da tradição cultural. Cecília Maria de Oliveira, vulgo Dona Cila, começou a carreira muito jovem com o Coco de Umbigada do Guadalupe e depois seguiu para carreira solo. Ganhadora de prêmios nacionais, foi depois que subiu no palco do Festival Rec Beat, no Marco Zero, que ganhou projeção internacional a partir da Banda Nação Zumbi com a qual participou do Cd Rádio Samba (Trama Gravadora) com a faixa Caldo de Cana e onde, posteriormente, participou de algumas apresentações da banda. Também gravou um disco com a banda Belga Think of One, onde seguiu em turnê pela Bélgica, Espanha, Croácia e Japão. Confira o vídeo abaixo:
A segunda entrevista irá ao ar na próxima terça-feira (20), às 12h, e conta com a participação da coquista Dona Ana Lúcia, 77 anos, Patrimônio Vivo de Pernambuco, moradora da comunidade Alto do Serapião, que tem mais de 55 anos dedicados à tradição do coco de roda e ao pastoril. O terceiro episódio da série vai ser publicado no dia 23 de abril, e terá a presença de Dona Célia, 61 anos, residente na comunidade de Sapucaia de Dentro, que dá continuidade ao coco que aprendeu na infância com seu pai e é acompanhada por filhos, netos e sobrinhos. Para encerrar, no dia 27, às 12hs, é a vez de Dona Glorinha do Coco, aos 86 anos, moradora do Amaro Branco, bater um papo com a produtora e entrevistadora, Ladjane Rameh.
Para Rameh, que idealizou e cuidou da pesquisa, um dos fatos que chamou a atenção e a levou a querer conhecer um pouco mais sobre essa manifestação cultural foi à questão da percepção de que o coco não é uma brincadeira relevante apenas no ciclo junino, mas também nos festejos de carnaval e em outros períodos do ano. “Como olindense que sou e uma admiradora da história e cultura da minha cidade, quis aprofundar e compreender a contribuição do ritmo, o significado que a brincadeira tem para essas mulheres e a relação delas com a manifestação cultural”, comenta. Além disso, a pesquisadora destaca a importância de se descobrir outros aspectos da vida social dessas comunidades às quais essas lideranças estão inseridas, e quais são os seus esforços para manter e perpetuar à tradição do ritmo, inclusive durante a pandemia do covid-19.
O projeto “Mestras coquistas de Olinda – mulheres que fazem a brincadeira acontecer” resulta em 2 produtos, são eles: a série de vídeos curta-metragem que serão disponibilizados no youtube e no instagram e um banco de textos e imagens que também estarão disponíveis para estudantes, pesquisadores e demais pessoas interessadas no tema.
 
		 
	
				