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Carta aberta do Conselho Estadual de Política Cultural de Pernambuco

CARTA ABERTA AO POVO PERNAMBUCANO

COMBATER O ÓDIO COM RESPEITO E DEMOCRACIA – SALVE O POVO TRUKÁ!

Não é de hoje que, infelizmente, presenciamos o quanto é prejudicial, a instituição de uma cultura de ódio e intolerância. Aspectos esses, percebidos em variadas searas, seja nas relações de classe, nos contextos políticos ou nas questões raciais, étnicas e de gênero.

Comumente, essa cultura de ódio, se manifesta sobre episódios de conflitos e implica em circunstâncias lamentáveis, de violência (física e simbólica), desrespeito aos direitos humanos e desconstrução, tácita ou expressa, dos princípios de convivência pacífica e democrática.

Os prejuízos civilizacionais são enormes, ultrapassam o bom senso, a moral e o humanismo.

Recentemente, no sertão de Pernambuco, a cidade de Cabrobó foi cenário de um conflito dessa natureza. De um lado, fiéis da Assembleia de Deus, no outro polo conflitante, os povos indígenas Truká.

O fato ocorreu na ilha de Assunção, território sagrado para os indígenas. Contudo, mesmo diante dos significados percebidos, a igreja deliberou pela construção de um de seus templos, no local. Instituindo-se assim, um conflito.

Os evangélicos, em desrespeito ou desatenção à sacralidade ancestral dos Truká, invadiram o espaço, e consequentemente, não foram bem recepcionados pela comunidade indígena, que unidos, tiveram que deter a construção do templo.

É válido salientar que as terras dos povos Truká, são objetos de lutas há mais de um século, tendo sido reconhecidas e demarcadas pela Funai em 1999. A Ilha de Assunção é o coração sagrado desses povos.

E essa história não é desconhecida. Desrespeito ao território indígena, indiferença à identidade desses povos, gritos silenciados e ignorados, invasão do solo sagrado, imposição de valores, menosprezo etc.

Já o Estado, que por lei, deveria proteger os Truká, não acidentalmente foi omisso. E as consequências foram vistas.

Frente ao exposto, avaliamos a situação, percebendo esta como elemento, direta e indiretamente, inserido ao lamentável contexto de intolerância e ódio, que ten sido imposto à sociedade.

Os Truká foram guerreiros e defenderam suas terras, pois sabiam que mais tarde podia ser tarde demais.

Dessa forma, não podemos deixar de expressar preocupação com fatos dessa natureza, que traz prejuízos à luta pelo respeito e igualdade entre os brasileiros e brasileiras, e que contribuem para imposições etnocêntricas e que violentam o imaginário, a identidade e a sacralidade das minorias.

Assim, em nome do respeito, da democracia e da isonomia, o CEPC-PE manifesta solidariedade ao povo Truká e à todas comunidades indígenas pernambucanas, que bravamente vem resistindo a ataques dessa e de outras naturezas, visando a manutenção de sua cultura e identidade!

CONSELHO ESTADUAL DE POLÍTICA CULTURAL DE PERNAMBUCO (CEPC/PE)

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