Caio Sales lança o curta-metragem “Angustura”
Postado em: Audiovisual | Lei Aldir Blanc
Angustura from Caio Sales on Vimeo.
“Numa correspondência, não cabe só afeto”. É a partir dessa premissa que a protagonista de “Angustura”, novo curta-metragem do diretor pernambucano Caio Sales, se autoriza a exorcizar seus fantasmas e regurgitar suas dores, entre palavras e imagens que evocam saudades e assombros.
Realizado com recursos da Lei Aldir Blanc em Pernambuco, “Angustura” é um filme-carta experimental que se passa numa espécie de futuro obscuro, entre bombas e o surto de uma grave doença. Composta quase que integralmente pelo reemprego de sons e imagens da internet – que a protagonista afirma ter reunido em suas noites de insônia – a narrativa foi essencialmente baseada no nas trágicas consequências da pandemia do novo coronavírus.
O diretor Caio Sales – cineasta que se dedica a produções autorais, projetos de cinema e educação e atualmente cursa o mestrado do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco -, explica que a proposta foi “evocar um estado de espírito, certa dimensão de uma disposição emocional afetada pelo contexto da pandemia e a condição de isolamento social. Além de acompanhar a expressividade íntima, confessional e reflexiva de sua personagem, o filme busca configurar uma representação fabular de uma angústia real do nosso tempo, sem a pretensão de fazer ou impor uma leitura universalista”.
Mais do que se referir à lógica dos sentimentos que estão claramente ligados às decorrências de uma crise sanitária em um cenário de guerra, “Angustura’ se interessa pelo sentido que escapa e pela suspensão das certezas diante de tamanho colapso, algo que em muitos casos é inclusive “impossível de verbalizar”, como desabafa sua protagonista.