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Protagonismo feminino no circo em Pernambuco é tema de live da Secult-PE

Imagine se mudar de 15 em 15 dias. Morar num trailer. Nascer, crescer, parir no circo. Cuidar dos filhos, dos netos, e, ainda assim, estar no centro do picadeiro, gerenciando tudo. Treinar artistas, ficar atenta ao caixa, se preocupar até com a batata frita e a maçã do amor que serão vendidas nos dias de espetáculo. “Quem nasce no circo não tem casa, não tira férias, trabalha 365 dias, mas por amor”, diz Tita Alves, que comanda o Circo Alves e marcará presença, na próxima terça-feira (22), a partir das 19h, na live “Mulheres circenses no centro do picadeiro”. A iniciativa integra as atividades do webprograma “Cultura em Rede, que vai ao ar semanalmente no Youtube e no Facebook da Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE). Participam também da conversa, Fátima Pontes, coordenadora da Escola Pernambucana de Circo, e Jorge Clésio, assessor de Artes Circenses da Secult-PE. O Dia do Circo é comemorado em 27 de março.

O universo do circo, com toda alegria, ludicidade e diversão, não é diferente da sociedade na qual está inserido. Lidar com machismo e misoginia faz parte da vida das mulheres circenses. “Somos artistas, com valores diferentes, mas tem muito preconceito. A moça do circo era mais zelada, não podia sair, ter amigos, conversar com rapazes”, diz Tita, que faz parte da quarta geração de circenses da família. Segundo ela, a situação não mudou muito, não. “Todo lugar que a gente chega é estranho: não pode sair sozinha, com roupa curta”, fala. “As pessoas que têm preconceito são burras, pois julgam coisas que não conhecem”, costuma dizer.

Para Fátima, que é produtora cultural e conselheira titular de circo no Conselho Estadual de Política Cultural de Pernambuco (CEPC/PE), a luta das mulheres do circo não é diferente da luta de todas as mulheres. “A gente tem que estar o tempo todo atenta e isso é muito desgastante. É muito complicado porque é um desgaste físico, emocional, mas estamos na luta. Acho que a situação da mulher no circo tem mudado um pouco nessa nova realidade que a gente vem tentando ser mais empoderada mesmo”.

Segundo Fátima, na maioria dos circos, inclusive nos itinerantes, as mulheres estão à frente do negócio, às vezes, dividindo o gerenciamento com algum homem da família. “Elas são parte fundamental da manutenção do circo. É uma luta sempre porque a gente sabe que o ambiente do circo sempre foi muito machista. Como inserir as mulheres no espetáculos, na montagem, nos números… Sempre foi muito difícil para os homens entenderem que as mulheres têm a mesma força, a mesma qualidade, o mesmo desenvolvimento no trabalho. Elas sempre eram jogadas para cuidar da família, para fazer os números como partner. Mas acho que isso tá mudando”, acredita Fátima, que tem Tita como suplente no CEPC/PE . “Acho que foi uma vitória ter duas mulheres no Conselho de Política Cultural”, comemora.

Para Jorge Clésio, que, além de gestor público, também é artista e professor de teatro, as mulheres são as verdadeiras protagonistas, tanto nos circos, quanto nos espaços formativos e independentes. “A rotina da mulher circense, às vezes, se transforma em três ações: a mãe, que cuida dos filhos e da casa; a administradora/ensaiadora e a artista que vai se apresentar profissionalmente no picadeiro. Muitas vezes, não são devidamente reconhecidas por estas funções e nem ocupam o lugar de destaque merecido. Porém, estamos em tempos de superação, e são as mulheres quem tem trazido as melhores experiências de solidariedade, união, colaboração e de fortalecimento da própria identidade de mulher circense. Nossa batalha é fortalecer essa luta e que esse real protagonismo expanda-se ainda mais, não apenas no circo, mas em todas as expressões artísticas e sociais”, completa.

Serviço
Live “Mulheres circenses no centro do picadeiro”, com Tita Alves, Fátima Pontes e Jorge Clésio
Quando: 22 de março de 2022 (terça-feira), às 19h
Transmissão: www.youtube.com/SecultPE | www.facebook.com/culturape

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