Secult-PE e Fundarpe transmitem a live “Abril Indígena: Arte e Resistência”
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Nesta terça-feira (19), às 19h, o programa Cultura em Rede, uma realização da Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE) e da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), com transmissão ao vivo pelo Youtube e Facebook, traz uma conversa sobre arte e resistência neste Abril Indígena. Participam Ziel Karapotó, artista visual, performer, realizador audiovisual e arte-educador da comunidade Terra Nova (AL), e Kleber Xucuru, diretor, câmera, editor, roteirista e produtor do Coletivo Ororubá Filmes, de Pesqueira (PE).
A mediação é de Vincent Carelli, indigenista, cineasta e criador da escola de cinema Vídeo nas Aldeias, que formou inúmeros realizadores indígenas na Amazônia. Seus filmes, como a trilogia “Corumbiara” (2009), sobre o massacre de índios isolados, “Martírio” (2016), sobre o genocídio Guarani Kaiowa, e “Adeus Capitão” (2022), narram suas memórias de indigenista e cineasta. Este último participou do 27º Festival “É Tudo Verdade”, o mais importante no campo do documentário no Brasil.
Ziel Karapotó está no Reino Unido, à convite da Universidade de Manchester, para participar do Festival Latino Americano de Arte Antirracista e Decolonial. É de lá que o multiartista irá conversar sobre ser autor das próprias narrativas em contraste com as produções etnográficas e antropológicas e o desafio de estar inserido no campo das artes visuais e das artes plásticas. “Em meus trabalhos, abordo questões sobre as configurações das identidades indígenas na contemporaneidade, em especial sobre as etnias no Nordeste brasileiro e os múltiplos contextos nos quais estão inseridos, consequentemente, sobre os problemas sociopolíticos que os atravessam. Acredito na arte, na ciência dos meus ancestrais e no meu corpo como ferramenta discursiva de resistência e força anticolonial”, diz ele.
O Coletivo Ororubá Filmes, um dos cerca de oito grupos audiovisuais indígenas existentes em Pernambuco, nasceu no final de 2008, a partir de uma oficina de audiovisual articulada pelo Cacique Marquinhos Xucuru, liderança indígena de Pernambuco. Kleber Xucuru tem atuado enquanto pesquisador local da Fiocruz. Dia do índigena é todo dia, mas no dia 19 é “aproveitado o espaço, porque aumenta a visibilidade e é oportunidade de quebrar a visão estereotipada, principalmente sobre os indígenas do Nordeste, que foram os primeiros a receber os impactos da invasão portuguesa”, observa Kleber. “O indígena pode estar onde quiser, sem perder as raízes. Utilizar o que temos de mais moderno das tecnologias para fortalecer o que temos de ancestralidade, nossa visão, nosso modo de vida e a defesa contra os diversos ataques, como os que estão tramitando no Congresso, feitos não só aos povos indígenas mas a todos os brasileiros, porque o dia de cuidar é agora”, conclui o realizador.
Abril Indígena
O dia 19 de abril é celebrado oficialmente no Brasil como o “Dia do Índio”, instituído através de decreto-lei do presidente Getúlio Vargas em 1943. Essa data tem origem no Congresso Indigenista Interamericano, realizado em 1940 no México, com 55 delegações de todos os países das Américas, exceto Paraguai, Haiti e Canadá, e a participação de 47 representantes indígenas. O objetivo do encontro foi adotar resoluções para proteger os povos em seu territórios, como o “respeito à igualdade de direitos e oportunidades para todos os grupos da população da América”, “respeito por valores positivos de sua identidade histórica e cultural a fim de melhorar situação econômica”, “adoção do indigenismo como política de Estado”, e, por último, estabelecer “o Dia do Aborígene Americano em 19 de abril”.
Abril, no entanto, a partir desta data comemorativa, foi ressignificado como “Abril Indígena” pelos movimentos dos povos indígenas, que vêm promovendo, há 18 anos, um acampamento em Brasília – Acampamento Terra Livre. Com o tema “Retomando o Brasil: Demarcar Territórios e Aldear a Política”, o evento convocado pela APIB – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e suas organizações regionais, reuniu mais de 8 mil lideranças de 200 povos indígenas de todas as regiões do Brasil entre os dias 4 e 14 de abril, em protesto contra votação de projetos que violam os direitos dos povos originários, como o Projeto de Lei 191/2020, que abre as terras indígenas para a mineração, e que têm sido pautados em quantidade e velocidades ímpares pelo Congresso Nacional e o Governo Federal.
Serviço
Live “Abril Indígena: Arte e Resistência”, com participações de Ziel Karapotó, Kleber Xukuru e Vincent Carelli (mediação)
Quando: 19 de abril de 2022 (terça-feira), às 19h
Transmissão: www.youtube.com/SecultPE | www.facebook.com/culturape
