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A força do reggae e a sua tribo

A legendária banda maranhense Tribo de Jah mostrou, no Palco Pop, porque se tornou um dos principais expoentes da "Jamaica Brasileira"

Costa Neto/Secult-PE

por Leonardo Vila Nova

Quem quer Tribo de Jah?” A resposta foi um coro ensurdecedor, de um sem fim de pessoas que se espremia no Palco Pop, dizendo: “EEEEEU!!!“. Todos procurando o melhor cantinho para ver o show da mítica banda maranhense de reggae. Eles se apresentaram nesta última quinta (24), para uma plateia ávida por ouvir as “pedras” do ritmo jamaicano que ultrapassou os limites da América Central, encontrando seu pouso mais fértil no Maranhão, transformando-a na “Jamaica Brasileira”.

Uma garoa persistente caía sob a cidade, mas não foi o suficiente para dispersar o público devoto de Jah. Mais do que fãs, o reggae tem adeptos fieis. E a Tribo de Jah é uma das maiores representantes do gênero. Afinal, são 28 anos de estrada e 15 discos lançados. Uma fatia generosa da história do reggae e da sua consolidação no Maranhão e no Brasil cabe à Tribo de Jah. Em sua terceira passagem pelo Festival de Inverno de Garanhuns, a banda mostrou grande afinidade com o público.”É sempre surpreendente tocar aqui em Garanhuns. Tem muita gente daqui que curte o reggae. E Pernambuco, como um todo, se tornou uma escala muito importante pra banda. É um estado do qual absorvemos muita coisa desse caldeirão cultural e nossa experiência aqui sempre foi muito intensa. Já fizemos shows memoráveis em lugares como Ouricuri, Araripina, com a mesma importância de shows que já fizemos no Canadá, México, Estados Unidos, Japão“, declarou Fauzi, vocalista da Tribo.

Costa Neto/Secult-PE

O show fez um passeio por toda a carreira da banda e comprovou, de forma ainda mais explícita, a receptividade do público. A reação imediata da plateia ao primeiro acorde de cada música, se convertia, logo em seguida, num coro que acompanhava tudo, cantando visceralmente, junto com a Tribo. Não faltaram sucessos como “Garota dreadlock”, “Não basta ser rasta”, “Satisfaz minha alma”, “Magia natural” e, óbvio, “Babilônia em chamas”. Além dessas, uma versão de “Guts”, do The Gladiators, e canções do novo álbum da banda, intitulado “Pedra de salão”.

Esse repertório da banda foi responsável pela instigação e entrega da plateia. Junio Rocha, 25 anos, veio do município de Altinho, com os amigos, para ver o show da Tribo de Jah. Chegou justamente nesta quinta (24). Ele gritava, na frente do palco, como tantos outros, querendo ganhar um dos CDs que Fauzi arremessava à plateia durante o show. “Eu sempre acompanhei a banda, desde muito tempo, mas essa é a 1ª vez que estou vendo eles ao vivo! São os dinossauros do reggae, tem muita história e todo o mérito pra estar onde estão“, disse Junio que, minutos depois, conseguiu seu CD.

Ao ver o show da Tribo de Jah, uma pergunta vem em mente: a que se deve tamanha popularidade do reggae? Em conversa após o show, Fauzi respondeu que “o reggae, uma música que nasceu num país de 3º mundo, no gueto, traz ao mundo um conteúdo libertário. É uma música que tem uma identidade forte, que reside não só no ritmo, mas também no seu discurso. Uma música dinâmica, que se estabelece como uma crônica do dia a dia e que se presta a tratar tanto de temas sociais, quanto espirituais. É uma música que foge do trivial e isso encontra uma identificação com grande parte das pessoas“.

Costa Neto/Secult-PE

Costa Neto/Secult-PE

Tribo de Jah

Ao final do show, a Tribo quase não conseguiu ir embora. Após tocar a aclamada “Reggae na estrada’, já anunciando que iriam encerrar a apresentação e partir para a próxima parada, o público retomou o coro gigantesco, com gritos de “mais um!“. E, como não poderia deixar de ser, um desfecho arrasador com “Guerra”, versão em português de “War”, de Bob Marley. E foi assim: pé na estrada para continuar a difundir o reggae pelo país. Os gritos do público ainda ecoaram por muitos minutos.

Sim, o reggae é forte!

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