Agrinez Melo reestreia espetáculo solo “Histórias Bordadas em Mim” no centro do Recife
Retomada das apresentações começa no Espaço O Poste, dias 10 (sexta-feira) a 11 de outubro (sábado), às 19h; já em novembro chega para estudantes dos cursos técnicos de Artes Visuais e Teatro e ao Ilê Axé Oxum Ipondá, em Olinda
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Foto: Lucas PHT

Além de atriz, Agrinez Melo é diretora teatral, professora e pesquisadora. Ela reestreia o espetáculo solo Histórias Bordadas em Mim acolhendo o público com um banho de ervas no Espaço
A atriz pernambucana Agrinez Melo — diretora teatral, professora e pesquisadora — reestreia o espetáculo solo “Histórias Bordadas em Mim”, acolhendo o público com um banho de ervas no Espaço O Poste (rua do Riachuelo, nº 641, bairro da Boa Vista, centro do Recife). Ela também assume direção, textos (dramaturgia), criação e execução do figurino e cenografia da peça.
As sessões acontecem às 19h dos dias 10 (sexta-feira) e 11 de outubro (sábado), essa com recursos de acessibilidade de interpretação em Libras para a comunidade surda e audiodescrição para pessoas com deficiência visual (cegas ou com baixa visão), intelectual ou neurodivergentes. A entrada custa R$ 15 (meia) e R$ 30 (inteira); R$ 10 para estudantes da Escola O Poste e do curso de teatro da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Com a realização da Doce Agri, a peça está reorganizada, reconfigurada e em retomada. Ela existe desde 2016. De lá pra cá, são 50 exibições entre Região Metropolitana do Recife (RMR), Agreste, Sertão e Zona da Mata Norte de Pernambuco, regionalmente no Ceará e nacionalmente em São Paulo. Foram feitas apresentações em festivais; mostras; associações, espaços e núcleos culturais; teatros; escolas, universidades, bibliotecas e instituições públicas de ensino; quilombos e territórios indígenas; praças, parques e jardins (locais públicos). Em agosto de 2026, celebra dez anos de história, com memórias, vivências artístico-culturais independentes e resistência. Pela primeira vez, por exemplo, “Histórias Bordadas em Mim” conquista a aprovação no edital público, o que é um feito na cena artística local.
Além das performances no Espaço O Poste, Agrinez Melo apresenta o espetáculo para estudantes dos cursos técnicos de Artes Visuais e Teatro da Escola Técnica Estadual Professor Alfredo Freyre, no bairro de Água Fria (rua Zeferino Agra, nº 193, Zona Norte do Recife), no dia 12 de novembro, e já tem continuidade garantida. Isso porque no dia 15 de novembro será recebido pelo Ilê Axé Oxum Ipondá, em Olinda (bairro Jardim Fragoso – rua João José Tertuliano, nº 305), às 19h. Todas as quatro apresentações têm incentivo público, com financiamento do edital Funcultura (Fundo de Incentivo à Cultura de Pernambuco), por meio do Governo de Pernambuco, Fundarpe e Secretaria de Cultura (Secult-PE).
“Consideramos que é um merecido processo de reparação para que de forma digna sejam pensadas e pesquisadas novas possibilidades para a arte. É necessário estarmos nos adaptando e ao mesmo tempo refazendo, só que de um jeito diferente, e recriando. E agora a peça, depois de anos sendo produzida de maneira independente e vista por mais de 6 mil pessoas, ganha incentivo público, que é um mecanismo para realizar as apresentações. A reorganização do espetáculo tem como principal objetivo a sua manutenção, possibilitando o compartilhamento e a continuidade de ‘Histórias Bordadas em Mim’, que agora pode cuidar de sua sobrevivência com o recebimento de uma verba pública”, detalha Agrinez Melo.
Ao entrar no espetáculo, as pessoas são convidadas para um banho de ervas. A personagem é a própria atriz, que coberta por retalhos e saias marca os pontos riscados das encruzilhadas de histórias reais e outras da imaginação. Tudo isso para proporcionar um resgate no que há de mais orgânico na vida: a fé no amor e a possibilidade de ressignificar acontecimentos vivenciados em um passado ainda presente, e persistente.
“A peça ‘Histórias Bordadas em Mim’ pode ser uma possibilidade de mudar algo na vida, transformar um olhar, ou simplesmente um convite de partilha. Vamos bordar comigo, se quiser traga linha, agulha, tecidos e um abraço para me dar. As histórias narradas às vezes são minhas, outras fantasiadas, e que também podem ser de cada pessoa que assiste ao espetáculo”, sugere a protagonista.
Entre as referências estão a oralidade — a partir de pesquisas baseadas no conhecimento do povo ancestral africano e no seu repasse —, as trocas e ensinamentos da própria mãe costureira e suas avós benzedeiras e a relação com terreiros de matriz afro-indígena. O público tem contato com novas narrativas teatrais, trazidas nas cenas de posicionamento da atriz enquanto mulher negra, mãe, candomblecista e nordestina.
“As histórias sobre o reconhecimento da ancestralidade, das brincadeiras e do encontro com orixás e encantados conduzem a narrativa e as energias do corpo na cena, que são realizadas dentro da pesquisa Poética Matricial dos Orixás e Encantados. A encenação caminha para o questionamento e a reflexão social e filosófica em relação à valorização do ser humano a partir de pequenas coisas, da vida espiritual e cultural e do posicionamento feminino no momento atual. Nas cenas, uma atriz e seus gestos, um músico e a dramaturgia envolvida com resgate da oralidade ajudam na criação entre o real e a ficção em tom aconchegante”, explica.
Recentemente, em setembro deste ano, Agrinez fez a oficina “A Poética Matricial dos Orixás e Encantados” para estudantes do curso de Licenciatura em Teatro da UFPE e pesquisadoras e pesquisadores de teatro. Essa atividade no Centro de Artes e Comunicação da UFPE está diretamente ligada à pesquisa “Histórias Bordadas em Mim: reparação para reintegração na cena”. A ideia surge justamente da necessidade de aprimorar o espetáculo.
“Os textos da peça receberam assessorias de direção e dramaturgia. Os elementos da encenação também estão com novas roupagens, fortalecendo as concepções de narrativas atuais e positivas do corpo da mulher negra nas artes da cena. O figurino, a iluminação, o cenário e a música ganharam outras perspectivas, cores e texturas. Tem um plano de luz que permanece com a ideia de fontes artesanais, mescladas e com aparatos tecnológicos. A musicalidade do espetáculo traz instrumentos percussivos e uma sonoplastia mais regional, assim como a recriação de melodias mais enegrecidas para as músicas já existentes”, acrescenta.
A equipe técnica é praticamente toda pernambucana, com uma diversidade de profissionais à frente da realização deste reconfigurado espetáculo: Talles Ribeiro (criação e execução da sonoplastia e designer gráfico); Vilma Uchôa, Francis Souza e Monique Nascimento (execução do figurino); a baiana Fabíola Nansurê (assessoria dramatúrgica e direção na etapa de manutenção do espetáculo no Funcultura); Brunna Martins (assistência de produção); Dudu Silva e Lucas PH (fotografia); Deny Silva e Brenda Lima (filmagem do espetáculo e teaser); Foster Costa (produção e direção criativa de fotografia) e Daniel Lima (assessoria de imprensa).
Agrinez Melo é formada em Teatro pela UFPE e Mestra e Doutoranda em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Nas produções autorais, ela tem realizado e desenvolvido diversas criações em Pernambuco, no Nordeste e pelo Brasil, como formação teatral, atuação, pesquisa do corpo para a cena e dramaturgia a partir do corpo e seus movimentos energéticos ancestrais, entre outras atividades de espetáculos, oficinas, formações, direção, produção técnica, artística, cultural etc. Ela é escritora e também uma das sócias do grupo teatral recifense O Poste Soluções Luminosas, além de uma das artistas que lidera o espaço do grupo, no centro do Recife. É criadora da Doce Agri, focada na acessibilidade, no teatro e nas oficinas.
Continuidade
A estreia de “Histórias Bordadas em Mim” aconteceu na cidade de Petrolina, no dia 13 de agosto de 2016, durante o Festival Aldeia do Velho Chico. Nesse circuito pelo Sertão pernambucano, também chegou ao município de Lagoa Grande, sendo apresentada na comunidade quilombola do Lambedor, além de estar na comunidade Céu das Águas, em Petrolina.
A peça já esteve em cartaz no Espaço O Poste; Estação das Artes (Sesc Piedade – Jaboatão dos Guararapes), I Festival Alternativo de Recife “Outubro Ou Nada”; Mostra Capiba (Sesc Casa Amarela – Recife), todas em 2016; XXIII Janeiro de Grandes Espetáculos; Mostra Camurim de Artes Cênicas (Sesc Ler São Lourenço da Mata); Festival Virada Cultural (Sesc Ler Buíque/PE, Agreste); Mostra Transborda (Sesc Santa Rita), essas no ano de 2017; No Meu Terreiro Tem Arte (na Zona Rural do município de Ingazeira/PE, Sertão), 28º Festival de Inverno de Garanhuns (FIG); Mostra Lagoa do Capim (Sesc Belo Jardim/PE, Agreste) – 2018; 11ª Semana de Artes Integrada (campus UFPE, em Caruaru/PE, Agreste); PretAção – Mostra de Mulheres Pretas; Mostra Camurim de Artes Cênicas (Sesc Ler São Lourenço da Mata), Casa Maravilhas (São Paulo); Mostra Goyanna das Artes (Sesc Ler Goiana, Zona da Mata Norte/PE) – 2019; Mostra Rosa do Ventres e Latinidades Pretas, ambas em 2020; Sesc CE e Mostra TSI em cena, as duas no ano de 2021; Festival Multicultural Isso é Coisa de Mulher (na cidade de Aliança/PE, na sede do Cavalo Marinho Boi Pintado, Zona da Mata Norte) – 2022.
Histórias Bordadas em Mim (serviço) – 2025
Datas e locais
10 de outubro (sexta-feira) e 11 de outubro (sábado)
Local: Espaço O Poste (rua do Riachuelo, nº 641, bairro da Boa Vista, centro do Recife)
Horário: 19h
Entrada: R$ 15 (meia) e R$ 30 (inteira); R$ 10 para estudantes da Escola O Poste e do curso de teatro da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
12 de novembro (quarta-feira)
Local: Escola Técnica Estadual Professor Alfredo Freyre (bairro de Água Fria, rua Zeferino Agra, nº 193, Zona Norte do Recife)
Apresentação para estudantes dos cursos técnicos de Artes Visuais e Teatro da própria instituição
15 de novembro (sábado)
Local: Ilê Axé Oxum Ipondá, em Olinda (bairro Jardim Fragoso – rua João José Tertuliano, nº 305)
Horário: 19h
Apresentação para as pessoas do terreiro e público visitante
Sinopse
Uma bacia, água e ervas. Retalhos de tecidos que simbolizam histórias, alinhavados em fragmentos. Corpo de mulher negra, água e encruzilhada. Histórias Bordadas em Mim é um convite ao benzimento alicerçado na Poética Matricial de um Ara Agbara, conduzidos pelas avós Maria e Belarmina. Quem veio antes de você? Quem costurou sua história? O espetáculo evidencia uma artista negra que vai costurando em cena as histórias reais de um cotidiano nem sempre convidativo, nem sempre seguro, nem sempre de paz. Um corpo de teatro de enfrentamento que dança. Expandir, contrair e flutuar, costurar, descosturar, retalhar. Palavras de envolvimento que convidam o público para apreciar uma dramaturgia grafia corpórea-oralizada. Bebendo da fonte de uma pesquisa no povo griot, vai através da narrativa costurando acontecimentos de sua vida real e cotidiana e evidenciando a matriz negra neste cotidiano. As histórias sobre o reconhecimento da sua ancestralidade, as brincadeiras e o encontro com seus Orixás e encantados conduzem as ações do espetáculo. Uma pausa para um banho de ervas, uma música e um mergulho nas histórias de alegrias, amor, dor, morte, vida, negritude, empoderamento e saudade…
Ficha técnica – Histórias Bordadas em Mim – 2025
Direção, textos (dramaturgia), criação do figurino e cenografia: Agrinez Melo
Criação e execução da sonoplastia: Talles Ribeiro
Execução do figurino: Agrinez Melo, Vilma Uchôa, Francis Souza e Monique Nascimento
Adereço cenográfico e preparação de canto: Douglas Duan
Designer gráfico: Talles Ribeiro
Assessoria dramatúrgica e direção na etapa de manutenção do espetáculo no Funcultura: Fabíola Nansurê
Assistência de produção: Bruna Martins
Fotografia: Dudu Silva e Lucas PH
Filmagem do espetáculo e teaser: Deny Silva e Brenda Lima
Produção e direção criativa de fotografia: Foster Costa
Assessoria de imprensa: Daniel Lima
Realização: Doce Agri
Incentivo público: financiamento do edital Funcultura (Fundo de Incentivo à Cultura de Pernambuco), por meio do Governo de Pernambuco, Fundarpe e Secretaria de Cultura (Secult-PE).