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As várias Olindas da Orquestra Contemporânea

Beto Figueirôa

por Leonardo Vila Nova

A cidade de Olinda é repleta de paisagens bem características, que fazem parte da sua história e representam a sua diversidade cultural. Também compõem esse imaginário, em especial, os seus sons. Olinda é música… por todos os lados. Na Sé, no Largo do Amparo, nos Quatro Cantos, na Praça do Carmo, no Amaro Branco, no Bonfim… uma das principais representantes da música olindense presenteou o seu público, na última semana, com um novo disco: Bomfim é ao terceiro álbum da Orquestra Contemporânea de Olinda (OCO) e traduz, em 11 faixas, essa sonoridade que compõem um “inventário afetivo” da cidade em suas várias facetas. O disco está disponível para streaming diretamente na plataforma Deezer, ou através do site da banda.

Bomfim parece se vestir de Olinda da cabeça aos pés. Desde o encarte, com referências gráficas e signos que nos transportam imediatamente à Cidade Alta – a rua no bairro de Guadalupe, a máscara de papel machê de Julião das Máscaras, os grafismos de Maria Morena e Zelão –, até as músicas que compõem o trabalho, tudo parece ser mediado pelas referências e simbologias que remetem ao seu colorido e ao seu espírito celebrativo. “Compusemos mais de 20 músicas na pré-produção e percebemos uma certa proximidade entre essas 11 que ficaram. Foi uma seleção mais afetiva do que cerebral. É Olinda, mas, não é só Cidade Alta. A sonoridade de Bomfim tem muito a ver com outras paisagens da cidade”, conta Juliano Holanda, guitarrista e um dos compositores da OCO, responsável pela produção do disco, junto com a banda.

O novo disco foi gravado e mixado no Estúdio Fábrica, na Várzea, e masterizado por Adam Walek, no AWR em Atlanta (EUA). Bomfim foi viabilizado através de edital da Petrobras e contempla também a circulação do grupo Brasil afora. Enquanto o disco de debut, no caso, o Orquestra Contemporânea de Olinda (2008), resulta de um primeiro impulso de expressão, e o segundo, Pra ficar (2012), é a confirmação e consolidação da força desse trabalho, Bomfim chega como a chancela do processo de amadurecimento da OCO, que, após percorrer palcos do Brasil e do mundo, lançou mão de todo o suingue e ritmos característicos da cidade para dar o molho certeiro ao álbum. “O universo de Olinda sempre esteve muito presente na OCO, embora nunca nos furtamos de expandir para novos horizontes. As viagens são boas pra arejar e até pra voltar o olhar de forma mais crítica”, lembra Juliano.

Reprodução

Reprodução

Capa do disco “Bomfim” é repleta de referências à Olinda

Um dos símbolos dessa relação tão íntima com a cidade está registrada na faixa Rua do Bomfim, de autoria do maestro Ivan do Espírito Santo. Nela, a contribuição poderosa da única participação especial do disco, o Grêmio Musical Henrique Dias. O frevo deixa de ser apenas um flerte da OCO e torna-se a faixa que mais escancara Olinda… desses frevos rasgados de verdade. “Certamente, Bomfim é uma homenagem a Olinda, e ainda a Orquestra Henrique Dias, que é a gênese do nosso trabalho, e mais ainda a pessoa de Ivan do Espírito Santo, que é o saxofonista do grupo e o responsável pelos arranjos de metais. Ivan é um músico ímpar e, sem dúvida, uma das maiores referências tanto como artista quanto como pessoa pra todos nós da banda”, comenta.

Nas demais faixas, Maciel Salú e Tiné continuam se revezando nos vocais, dando suas vozes características às canções da OCO. O suingue de Gilú Amaral na percussão robustece a malemolência do grupo, incrementando a cozinha rítmica composta por Rapha B, na bateria, e Hugo Gila, no baixo, que dão a base para a banda. Além do impecável naipe de metais liderado por Ivan do Espírito Santo, no sax. Uma novidade: Juliano Holanda, além da guitarra, chega junto nos vocais na faixa Desafio. Sem alusões ao significado da palavra, a experiência como cantor em seus discos e shows solo significou, na verdade, uma possibilidade a mais de participação de Juliano no grupo. “Os demais integrantes da banda sempre me pediam pra cantar… eu é que não me sentia à vontade. De fato, os shows solo ajudaram bastante. A Contemporânea é uma banda que traz muitas possiblidades no DNA. Tiné também toca bem guitarra e violão, talvez o próximo passo seja dividir as cordas com ele!”, entrega o músico.

Show
Bomfim será lançado nos dias 18 e 20, no Rio de Janeiro (RJ), e dia 19, em Niterói, no Teatro Oscar Niemeyer. Também acontecem shows nos dias 25, em Goiânia (GO), e 26, em Brasília (DF). A circulação nacional da banda com o novo disco tem shows previstos, ainda, para Belém, Manaus, Fortaleza, Juazeiro do Norte, Salvador, Goiânia, Cuiabá, Brasília, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, São Paulo e Recife.

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