“Baionada” é festa e afetividade de Adiel Luna
O cantador lança seu novo álbum neste domingo (31), no Cais do Sertão
Postado em: Música
por Leonardo Vila Nova
Festa, no linguajar popular, pode ser sambada (Zona da Mata), terreirada (Sertão do Cariri). No linguajar da cantoria de viola, da qual Adiel Luna é um dos representantes contemporâneos mais genuínos, festa é baionada. Esse é o nome que ele usa para batizar o seu terceiro álbum. Em Baionada, Adiel nos envolve com o universo da cultura popular e toda a sua pluralidade, em meio a cocos, baiões, toadas e outros elementos, que ganham vestimenta sofisticada. O disco, que tem incentivo do Governo de Pernambuco, através do Funcultura, será lançado neste domingo (31), a partir das 17h, no Museu Cais do Sertão (Bairro do Recife). A entrada é franca.
Baionada traz 12 faixas, todas compostas por Adiel. Em cada uma delas, a potência artística e criativa que carrega cada elemento popular não é à toa. Nascido em Tiúma, ele traz nos genes a força da oralidade. Como bom cantador de viola que é, ele transportou para o disco essas diversas possibilidades de exploração do universo ao qual está intimamente ligado, apoiado numa base musical que também lhe permite acessar outras atmosferas. “Eu vejo esses elementos da cultura popular como algo muito contemporâneo, que não estão num patamar diferente do que a música dita ‘moderna’. Nem os vejo como mero artefato utilizado de forma folclórica ou distanciada. Eles estão aqui, de igual pra igual, e fazem parte da nossa vivência cotidiana”, conta.
É essa abordagem contemporânea que Adiel procura dar ao seu universo artístico, a fonte da qual bebeu e bebe até hoje. Em tempos onde as misturas musicais se dão no patamar da velha dicotomia “modernidade e tradição”, Adiel quebra protocolos e redimensiona essas conexões entre universos aparentemente similares (por estarem dentro de um mesmo arcabouço geográfico) mas que carregam particularidades de expressão por vezes distintas. A poética do cantador, o coco, o repente, o forró, o samba rural estão presentes e dialogam entre si. E, muito além disso, Adiel reflete que essas poéticas são reminiscências também de outros universos culturais, como o cancioneiro popular ibérico, ou a morna (musica típica de Cabo Verde), que desembocam em nossa musicalidade popular.
Para dar corpo a Baionada, Adiel contou com a produção de Juliano Holanda e Areia. Além disso, se cercou de vários artistas que vieram dar sua pitada de contribuição ao resultado do disco. Além do grupo que forma a base do trabalho – Rubem França (violão de oito cordas), Eduardo Buarque (viola de 10 cordas e violão tenor), Thiago Martins, (rabeca), Uana Mahin (percussão e vocais), Johan Bremer (percussão) e Rodrigo Félix (percussão) -, Adiel contou com a preciosa participação de nomes como Arnaldo Ferreira (seu pai), Hebert Lucena, Valéria Wanda, Assis Calixto (Coco Raízes de Arcoverde), Terno de Areia, Júlio Cesar, Daniel Coimbra, Rudá Rocha e João Arruda, violeiro de Campinas.
As canções do disco têm como esteio não só o universo popular e seus signos mais característicos, mas também a afetividade. Em versos afiados, ele traduz também as vivências humanas e suas relações, através da ternura, das saudades, das lembranças, dos desejos, das aspirações. “(Baionada) é um disco que veio de um acúmulo emocional, afetivo, criativo e pessoal muito sincero”, diz Adiel.
O show de lançamento de Baionada, que acontece no próximo domingo (31), às 17h, no Cais do Sertão, está dentro da progração do projeto De Repente ao Rap, promovido pelo museu. Na ocasião, o público poderá conferir, em palco, o resultado do disco. Adiel contará com as participações do pai, Arnaldo Ferreira, de Herbet Lucena, Dona Cila do Coco e do mestre de pastoril Velho Deboche.
Em conversa com a #TVCulturaPE, Adiel Luna falou sobre Baionada
SERVIÇO
Show de lançamento de Baionada, de Adiel Luna
Domingo (31), às 17h
Cais do Sertão | Avenida Alfredo Lisboa, s/n, Bairro do Recife – Recife/PE
Acesso gratuito
