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Bonecos dão vida à obra do poeta Leandro Gomes de Barros

A obra do poeta Leandro Gomes de Barros, que viveu entre 1865 e 1918, é muito vasta e inspirou muitos artistas contemporâneos, entre os quais Ariano Suassuna (dois de seus cordéis foram reescritos e incorporados ao primeiro ato do Auto da Compadecida). Agora, um dos seus poemas foi utilizado como base para encenação de um espetáculo de Teatro de Bonecos. Não torture meu coração com a sua opinião é a mais nova produção do Grupo Scenas. A peça é uma adaptação livre de Jorge Costa para o cordel Discussão do autor com uma velha de Sergipe. O enredo mostra uma contenda, travada em versos, entre o próprio Leandro e uma senhora que o desafiou. Produzida com recursos da Lei Aldir Blanc em Pernambuco, a montagem está disponível em vídeo no YouTube.

Um debate de gêneros ocorrido nos idos de 1900, machista X feminista, é o que a encenação propõe. Poeta de versejar fértil, Leandro Barros construiu uma obra de temática muito ampla. Falava de aguardente, fazia crítica social, mexia com a política, descreveu batalhas, eleições e fábulas entre tantos outros assuntos. O retrato da mulher que ele pintava, no entanto, não era lá muito auspicioso. Sogras, amantes, esposas foram retratadas, geralmente tendo seus defeitos ressaltados. O cordel Discussão do autor com uma velha de Sergipe é um relato do encontro de Leandro com uma senhora que lhe contestou as atitudes e cobrou reconhecimento ao papel que cabia às mulheres naquela época, em que elas o desempenhavam a contento, mas, no entanto, só recebiam em troca desprezo e indiferença. Se esse debate aconteceu de verdade não se sabe. Tendo acontecido ou não, o seu registro, pelo próprio Leandro, mostra a grandeza do poeta em dar voz a uma opinião contrária a sua, emitida pelo sexo oposto, fato bem incomum para aquela época. Participam desta montagem os atores/manipuladores Marcelo Bonfim, Jorge Costa (também responsável pela direção geral), e Antero Assis, que além de atuar, criou e confeccionou bonecos e figurinos.

O Grupo Scenas, de Olinda, é formado por artistas e arte educadores. A Cia, fundada em 1983, conta no seu currículo com montagens de espetáculos como O homem e o cavalo, texto de Oswald de Andrade, direção de Ricardo Bigi de Aquino, Torturas de Um Coração, texto de Ariano Suassuna, direção Angela Belfort, Reinações de Um Rei A sanfoninha choradeira do Rei do Baião, ambas escritas e dirigidas por Angela Belfort, além do musical infantil O Urubu Cor-de-rosa, de Suzany Porto, direção Guto Lusttosa.

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