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Brincantes promovem a partilha da diversidade cultural nas ruas do centro de Pesqueira neste sábado (4)

No último dia do festival em terras pesqueirenses, o cortejo de brincantes demonstra através de suas apresentações as similaridades entre culturas, mesmo que de outro estado.

Maracatu Nação Encanto da Alegria - Imagem: Juana Carvalho

Maracatu Nação Encanto da Alegria – Imagem: Juana Carvalho

Isabella Ferreira
Imagens: Juana Carvalho

As ruas do centro de Pesqueira, na tarde deste domingo (4), foram novamente tomadas pelos brincantes de diversas cidades. O que mais se destacava era a variedade de cores, danças e ritmos. Porém, no meio de tanta diversidade, uma vaga semelhança foi percebida por quem acompanhava o cortejo: elementos de outros estados e até patrimônios vivos estavam inseridos nas brincadeiras.

O cortejo teve início por volta das 15h e seguiu até o início da noite, passando pelas damas do passo do Maracatu Nação Encanto de Alegria, pelos estalos de chicote dos Caretas de Triunfo, pelos caprichos do Boi Charmoso de Arcoverde e terminando com os tiros dos bacamartes do Batalhão 19 Flor de Lis.

Com início na Praça Rosa, em frente à Escola de Referência em Ensino Médio (EREM) Cristo Rei, o trajeto foi relativamente curto, já que o ponto de retorno estava a cerca de 200 metros, totalizando 400 metros de caminhada, ida e volta.

Foi caminho suficiente para Patrícia Regina, escritora e poetisa, sentir um momento de nostalgia com sua terra natal, Minas Gerais. Patrícia está em uma expedição turística literária que se iniciou no estado mineiro e tem como destino Belém, no Pará.

“Nunca vi os Caretas de Triunfo, mas me lembraram algumas apresentações do meu estado, que têm o chicote e essa tradição com o interior”, afirma a escritora. Ela também ressalta que, apesar da semelhança, as cores e a performance dos brincantes de Triunfo foram o que mais a impressionou.

Caretas de Triunfo - Imagem: Juana Carvalho

Caretas de Triunfo – Imagem: Juana Carvalho

“Isso é muito importante. Pernambuco é tão rico em cultura popular de folguedos que eu acho que deveríamos nos conhecer melhor. Desde os meus 10 anos, tenho essa curiosidade, inclusive sobre outros brincantes”, afirma Abraão Alves, integrante do grupo Caretas de Triunfo, conhecido como Mestre Nino Abraão.

A partilha entre os brincantes é o ponto central dos cortejos. O maior exemplo dessa partilha foi dado pelo Boi Charmoso de Arcoverde, que fez seu capricho mais encantador ao incorporar em sua brincadeira uma homenagem ao recém-intitulado Patrimônio Vivo de Pernambuco: Os Caiporas.

Romoaldo Freitas, de 60 anos, é integrante da Associação do Boi Maracatu, grupo que é octacampeão do concurso pernambucano de bois. O produtor cultural, idealizador das fantasias e adereços dos integrantes, e como um bom pesquisador cultural, aponta a importância do festival como um método de espalhar e levar a diversidade que os brincantes carregam, e que se assemelham no meio do caminho para outros pontos do estado.

“Acho que, à medida que vamos, não nos apoderando das linguagens dos outros, mas adaptando a linguagem do outro para o nosso trabalho, acabamos por criar afetos, e afetar é o que tentamos fazer nos cortejos. Afinal de contas, cortejamos para cortejar o povo e distribuir afetos”.

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