Exposição de Roberta Guimarães aborda força e belezas milenares
Com patrocínio do Funcultura, mostra itinerante Árvore da Palavra: Território Ancestral, Sagrado e da Criação chega ao Agreste e Sertão
Postado em: Artes Visuais
A força e a beleza de árvores milenares – como o baobá, o troco (gameleira branca), o umbuzeiro, a castanheira-do-maranhão e a munguba – expressam sentimentos ligados à ancestralidade e ao sagrado mantidos vivos até os dias atuais. As vivências em torno delas, como espaço para conversas, encontros e celebrações, serviu de inspiração para o mais novo trabalho da fotógrafa e artista Roberta Guimarães.
A exposição Árvore da Palavra: Território Ancestral, Sagrado e da Criação dá início, neste mês de julho, a sua etapa itinerante pelo Agreste e Sertão pernambucanos, aberta ao público e com oficinas gratuitas. O projeto conta com suporte do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura).
ROTEIRO – A primeira parada será no Quilombo Curiquinha dos Negros, em Brejão (Agreste), que recebe a mostra desta quarta-feira (17) até domingo (21), com um bate-papo com a fotógrafa e a curadora da exposição, Joana d’Arc Lima, no dia da abertura, às 18h30. Nos dias 18 e 19 a artista realiza oficina de formação em técnicas de impressão e cópias a partir de pigmentos extraídos de flores e folhas (antotipia e fitotipia).
A mostra segue para o município de Afogados da Ingazeira, no Sertão do Pajeú, onde ocupa a Praça Monsenhor Alfredo de Arruda Câmara, de 24 a 28 de julho, também com um descontraído bate-papo com Roberta Guimarães, às 17h, no evento de abertura. Como iniciativa inclusiva, conta com interpretação em libras. Já a oficina é realizada nos dias 25 e 26.
CONTEÚDO – A mostra conta com 57 fotografias dispostas em 35 painéis, confeccionados em tecido tactel, que narram encontros nas Árvores da Palavra em Pernambuco – na Zona da Mata, Agreste e Sertão – e no continente africano – no Senegal, na Nigéria e no Benin. As obras estão distribuídas em cinco núcleos temáticos: memória, ocupação, sagrado, tradição e da pele.
Para a exposição foram utilizadas as próprias árvores como suportes – conectadas por meio de varais de cabo de aço. As obras, confeccionadas em canvas, materiais resistentes às intempéries (sol, chuva, vento), estão em chassis de 90×60, acompanhados de textos narrativos informando sobre o projeto.
VIVOS – O projeto vem sendo desenvolvido desde 2018, quando a fotógrafa começou a ter contato com autores como Mia Couto, Agualusa, Davi Kopenawa e Ailton Krenak, que tratam da questão ambiental conectada às relações espirituais em várias comunidades.
“As árvores são a maioria dos seres vivos na terra e são elas que também vivem mais. Precisamos mais delas do que elas de nós. Com minha aproximação do pensamento vegetal desses autores percebi a importância de apresentar essas relações poéticas, afetivas e ancestrais das pessoas com as árvores”, explica Roberta. “A ideia da exposição não é só trazer as imagens das árvores, mas de poder trazer um pouco dos relatos, ou pequenas narrativas dessas relações, aproximando a população da urgente necessidade de preservação e consciência ambiental.”
TRADIÇÃO – A curadora da mostra, a pesquisadora Joana d’Arc Lima, ressalta a importância das africanas árvores da palavra, que não falavam, apenas escutavam os ruídos, os silêncios, as palavras e os corpos animados e inanimados da mãe natureza.
“Na tradição africana, de maneira geral, essas árvores foram feitas para ouvir todo o vilarejo. Conta-se que todo o vilarejo possui uma árvore da palavra ou dos conselhos. Sob essas árvores as pessoas sentam para discutir, tomar decisões, contar histórias, buscar conselhos”, diz.
Ela ressalta que o olhar do espectador, conduzido por suas lentes, consegue identificar os encontros embaixo de árvores, as relações e conexões com a presença de narradores/as, contadores/as de histórias que recolocam as experiências ancestrais de matriz africana e indígena em nosso cotidiano, apesar dos mundos digitais que insistem em invadir nossas vidas”, completa.
PESQUISA – As fotografias foram produzidas durante pesquisa com o mesmo nome da exposição – viabilizada pelo Funcultura (2016/2017). O trabalho foi realizado no Recife, na Zona da Mata, no Agreste e no Sertão; e na Nigéria, no Senegal e Benin, países do continente africano.
Após esta etapa itinerante, a mostra chega ao Recife em novembro, na Galeria Arte Plural.
Serviço:
Exposição Árvore da Vida (@arvoredapalavra)
Por Roberta Guimarães (@roberta.guimaraes.fotografia)
Mais informações: arvoredapalavraexpo@gmail.com
Etapa itinerante
Brejão (Agreste)
Local: Quilombo Curiquinha dos Negros | Terreiro de Marina
17 a 21/7 – exposição
18 e 19/7 – oficina
Afogados da Ingazeira (Sertão)
Local: Praça Monsenhor Alfredo de Arruda Câmara
24 a 28/7 – exposição
25 e 26/7 – oficina