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Noite dos Tambores Silenciosos encanta milhares de pessoas no Pátio do Terço

Leo Motta/PCR

Leo Motta/PCR

A festa, que celebra a ancestralidade negra, é uma das manifestações afro-brasileiras mais aguardadas do reinado de Momo

Como acontece há mais de 50 anos, a Noite dos Tambores Silenciosos levou milhares de pessoas ao Pátio do Terço, em plena segunda-feira de Carnaval. A festa, que celebra a ancestralidade negra, é uma das manifestações afro-brasileiras mais aguardadas do reinado de Momo. O som forte dos tambores envolveu todos numa atmosfera de magia, à medida em que as 26 nações de maracatu de baque virado chegavam em cortejo.

O auge da celebração aconteceu à meia-noite, quando os tambores pararam de tocar. No silêncio e com as luzes apagadas, o babalorixá Raminho de Oxossi passou a comandar a cerimônia e cânticos em iorubá, num momento de muita emoção para todos os presentes. Os cânticos para Iansã, orixá que toma conta do portal entre o mundo dos vivos e o dos mortos, foram acompanhados por palmas entusiasmadas da plateia, que não desanimou nem quando uma chuva forte caiu.

O local onde acontece a festa não é por acaso. O Pátio do Terço carrega a história dos antepassados negros. Lá funcionava um dos primeiros terreiros nagô de candomblé em Pernambuco. O lugar também era utilizado como espaço para venda de escravos, ou mesmo para enterrá-los após a morte. E muitos morreram lutando, amarrados, açoitados brutalmente pela mão dos feitores.

Leo Motta/PCR

Leo Motta/PCR

Ao todo, 26 nações de Maracatu de Baque Virado se apresentaram na Noite

“Queremos pedir aos nossos antepassados, às nossas ancestralidades, um Carnaval de paz, sem violência, um Brasil sem preconceito, de harmonia e prosperidade”, afirmou um dos babalorixás que esteve presente na Noite dos Tambores Silenciosos, Pai Fabiano de Xangô, mestre do Maracatu Nação Tigre, de Peixinhos  Os maracatus estão vinculados ao candomblé e possuem um orixá como patrono.

Além do rei e da rainha, as nações são compostas por estandarte e a calunga (uma boneca que incorpora a força ancestral) carregada pela dama de paço. “É importante manter as tradições de nossos povos, nossa união e força vinda da mãe África.”, comentou Raminho.

HISTÓRICO – Uma discreta reverência, em homenagem prestada aos que morreram  – os eguns – com a presença de maracatus tradicionais como o Leão Coroado e o Elefante de Dona Santa, marcava o início da festa. Isso foi até 1968, quando o jornalista e sociólogo Paulo Viana, estudioso das questões negras e conhecedor dos Xangôs do Recife, transformou a noite em espetáculo.

Hoje em dia, a Noite dos Tambores Silenciosos é um dos momentos mais aguardados do Carnaval. Uma evocação que se revitaliza a cada ano e encanta o público pela sua força e beleza. Quando os tambores silenciam à meia-noite da segunda-feira de Carnaval e as luzes se apagam, todos aqueles que morreram na luta, que fizeram parte deste triste capítulo da história da humanidade chamado escravidão, são reverenciados. A noite também é para festejar a cultura afro,deixada pelos nossos antepassados e que resiste ao tempo, mantendo-se viva através desses encontros.

*Com informações da assessoria de imprensa
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