Arquivo Público dedica um mês de programação a Pereira da Costa
Intelectual é lembrado com exposição, debates, palestras, mesas-redondas, documentários e visitas guiadas
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A partir desta terça-feira, 21 de novembro, até o dia 21 de dezembro, o Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano, da Secretaria de Comunicação do Estado de Pernambuco, celebra com toda a comunidade cultural a memória do maior historiador e um dos grandes intelectuais de Pernambuco: Francisco Augusto Pereira da Costa (1851-1923).
O ciclo, que lembra o centenário da morte do jornalista, recebem principalmente a exposição Pereira da Costa Hoje, com extensa programação cultural e pedagógica, envolvendo escolas, universidades, instituições. O intuito é debater a importância de Pereira da Costa na atualidade.
O mês é marcado por ainda por debates, palestras, mesas-redondas e exibição de documentários, sobre essa contemporaneidade, com especialistas, antropólogos, professores e pesquisadores.
Durante a exposição Pereira da Costa Hoje ocorrem visitas guiadas, diárias, para estudantes da rede pública de Pernambuco e são lançados os três documentários audiovisuais, com direção do escritor e editor Sidney Rocha, diretor do Arquivo Público: Pereira da Costa Hoje: Arredores do Recife (10 minutos); Pereira da Costa Hoje: Folk-lore Pernambucano (10 minutos); Pereira da Costa Hoje: sua Vida É sua Obra (10 minutos). A expografia e direção-geral é de Sidney Rocha. A curadoria acadêmica é de Helder Remigio.
Confira a programação:
Dia 21/11
9h – Abertura da exposição
9h30 – Mesa-redonda Pereira da Costa: Vida e Obra, com o professor dr. George Felix Cabral de Souza (UFPE)
Dia 29/11
9h30 – Mesa-redonda Os Anais Pernambucanos e a Confederação do Equador, com o professor dr. Flavio Cabral (Unicap)
Dia 6/12
9h30 – Palestra Folk-Lore Pernambucano: Pereira da Costa em Diálogo com a Cultura, com a professora dra. Rita de Cássia Araújo (Fundaj)
Dia 13/12
9h30 – Debate Pereira da Costa e o Tempo Presente: Pesquisas e Possibilidades do Fazer Histórico, com o pesquisador Hildo Leal da Rosa (Apeje) e a professora dra. Maria Rosário da Silva (Unicap)
Dia 20/12
9h30 – Lançamento do livro Os Bispos de Olinda (1676-1910), de F.A. Pereira da Costa (Cepe Editora). Organização e notas: Bruno Almeida de Melo (Cepe)
PERNAMBUCANIA - Pereira da Costa é autor de obras indispensáveis para o conhecimento da história e da cultura pernambucana. O folclore, o vocabulário, os heróis – tudo o que diz respeito ao Estado foi pesquisado pelo autor. Como escritor publicou 192 trabalhos, entre livros, periódicos e artigos. Os Anais Pernambucanos, sua obra principal, foi publicada em 1951 e conta com cerca de cinco mil páginas que narram a história pernambucana de 1493 a 1850. Outras obras também tiveram grande destaque, como Folk-Lore Pernambucano, editado em 1974; Vocábulos Pernambucanos, de 1976; Enciclopédia Brasileira, de 1889; e Dicionário Biográfico de Pernambucanos Célebres.
Há diversas definições sobre Pereira da Costa, entretanto, a mais brilhante veio do punho do poeta João Cabral de Melo Neto em seu poema A Pereira da Costa: “Quando no barco a linha da água era baixa, quase naufrágio, ele foi quem mais ajudou o Pernambuco necessário, porque com sua aplicação, não de artista, mas de operário, foi reunindo tudo, salvando tanto o perdido quanto o achado. Sem o sotaque de escritor, nem o demônio do missionário, só quis de pernambucania, ser simples professor primário”.
Francisco Augusto Pereira da Costa foi historiador, folclorista e escritor. Filho de Manuel Brandão Pereira Costa e Maria Augusta Pereira Costa, nasceu no dia 16 de dezembro de 1851, na antiga Rua Bela, nº 10 (atualmente Rua Uchôa Cintra, nº 40), bairro de Santo Antônio.
Começou a trabalhar muito cedo. De família pobre, mal terminou o curso primário no Colégio Nossa Senhora do Bom Conselho e aos 16 anos de idade começou a trabalhar como funcionário de uma livraria na Rua Imperatriz em que tomou gosto pelos livros, objetos que nunca mais abandonou.
Aos 20 anos trabalhou como amanuense na Repartição de Obras Públicas, depois na Conservação dos Portos e na Secretaria do Governo. Iniciou-se no jornalismo aos 21 anos colaborando com o jornal Diario de Pernambuco, do Recife.
Em 1880 foi encarregado pelo presidente da Província de coligir documentos para figurar na Exposição de História do Brasil, realizada no Rio de Janeiro em dezembro de 1881); em 1886 apresentou relatório sobre a situação dos livros e documentos existentes nos mosteiros e conventos de Olinda e do Recife; em 1884 transferiu-se, por curto período, para a Província do Piauí, onde passou a exercer as funções de secretário-geral, atendendo ao convite do governador F. Theodorico de Castro e Silva; integrou o Conselho Municipal do Recife no período de 1884 a 1891. Foi também professor de colégios tradicionais, entre eles o Ginásio Pernambucano e o Liceu de Artes e Ofícios.
Ingressou na Faculdade de Direito do Recife, em que se tornou bacharel em ciências jurídicas e sociais, em 20 de maio de 1891. Em 15 de dezembro de 1900 Pereira Costa ingressou na política sendo eleito pela primeira vez deputado estadual do 2º Distrito, cargo que ocupou por oito legislaturas, vindo a falecer, ainda no cargo, em 21 de novembro de 1923.
Membro do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP), recebeu o título de sócio benemérito. Segundo ele, o IAHGP foi sua escola e sua tenda de trabalho em que encontrou grandes mestres.
Participou da fundação da Academia Pernambucana de Letras (APL) e atuou como membro em várias instituições brasileiras, como os Institutos Histórico e Geográfico de Alagoas, Ceará, Paraíba, Bahia e São Paulo.
