Saraus em Pasárgada celebra “Cantadores e cantadoras do Nordeste”
O Saraus em Pasárgada, iniciativa da Secult-PE/Fundarpe, acontece sempre nas segundas sextas-feiras de cada mês.
Postado em: Espaços culturais
O projeto Saraus em Pasárgada convida artistas da palavra a participar da celebração virtual “Cantadores e cantadoras do Nordeste”. Para isso, as pessoas interessadas podem gravar um poema, cantando ou declamando, postar no próprio perfil do Instagram, até as 18h, desta sexta (10), e marcar os canais oficiais do Espaço Pasárgada (@manuelbandeira.pasargada) e Secretaria de Cultura (@culturape). Logo depois do prazo final estipulado para as publicações, os vídeos serão repostados nos veículos citados.
O Saraus em Pasárgada, iniciativa da Secult-PE/Fundarpe, acontece sempre nas segundas sextas-feiras de cada mês. “A inspiração desta edição vem das festas juninas e se debruça na poesia de cantadoras, cantadores e cordelistas do nosso nordeste. Vem também de um poema homônimo de Bandeira que fala do seu encantamento pela genialidade destes poetas e sua capacidade de improvisar, rimar e cantar. Queremos exaltar esta tradição que é nossa riqueza cultural”, explica Marília Mendes, gestora do Espaço Pasárgada.
“Cantadores do Nordeste” (Manuel Bandeira)
Anteontem, minha gente,
Fui juiz numa função
De violeiros do Nordeste
Cantando em competição,
Vi cantar Dimas Batista,
Otacílio, seu irmão,
Ouvi um tal de Ferreira,
Ouvi um tal de João.
Um, a quem faltava um braço,
Tocava cuma só mão;
Mas, como ele mesmo disse,
Cantando com perfeição,
Para cantar afinado,
Para cantar com paixão,
A força não está no braço:
Ela está no coração.
Ou puxando uma sextilha
Ou uma oitava em quadrão,
Que a rima fosse em inha
Que a rima fosse em ão,
Caíam rimas do céu,
Saltavam rimas do chão!
Tudo muito bem medido
No galope do Sertão.
A Eneida estava boba;
O Cavalcanti, bobão,
O Lúcio, o Renato Almeida;
Enfim, toda a comissão.
Saí dali convencido
Que não sou poeta não;
Que poeta é quem inventa
Em boa improvisação,
Como faz Dimas Batista
E Otacílio seu irmão;
Como faz qualquer violeiro,
Bom cantador do sertão,
A todos os quais humilde
Mando minha saudação!
ESPAÇO PASÁRGADA – Foi no sobrado nº 263 da Rua da União, hoje Espaço Pasárgada, onde o poeta Manuel Bandeira viveu parte da sua infância, dos seis aos dez anos. O casarão em estilo neoclássico, de propriedade do avô de Bandeira, inspirou vários de seus poemas.
Em 19 de abril de 1986, dia do centenário de nascimento do poeta, a já conhecida Casa de Manuel Bandeira foi inaugurada com o nome de Espaço Pasárgada.
O prédio, construído em 1825 e tombado pelo Governo do Estado, através da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), em 1983, passou a funcionar como um espaço de preservação da obra do poeta e de fomento à literatura.
Serviço
Saraus em Pasárgada: “Cantadores e Cantadoras do Nordeste”
Quando: 10 de junho (sexta-feira), às 18h
Envie seu poema e marque os perfis: @culturape e @manuelbandeira.pasargada
