Pular a navegação e ir direto para o conteúdo

O que você procura?
Newsletter

Notícias cultura.pe

Saraus em Pasárgada celebra centenário de Paulo Mendes Campos

A iniciativa do Espaço Pasárgada, equipamento cultural ligado à Secult-PE/Fundarpe, acontece sempre nas segundas sextas-feiras de cada mês

Paulo Mendes Campos - Ims

O dia 28 de fevereiro de 2022 marca os 100 anos de nascimento do mineiro Paulo Mendes Campos. Para celebrar o centenário do escritor, poeta e crítico literário nascido em Belo Horizonte, o Saraus em Pasárgada convida artistas da palavra a participar da edição de julho do projeto, intitulada “Sentimento do Tempo”. Basta gravar um poema, cantando ou declamando, postar no próprio perfil do Instagram, até 18h, desta sexta (8), e marcar os canais oficiais do Espaço Pasárgada (@manuelbandeira.pasargada) e da Secult-PE/Fundarpe (@culturape). Após o prazo, os vídeos serão repostados nos veículos citados.

“Trazer a obra de Paulo Mendes Campos à luz do Saraus em Pasárgada é, não só uma homenagem, não só um reconhecimento, mas um compartilhamento do prazer de conhecer e desfrutar da genialidade deste multiartista das palavras. A obra dele é marcada pelo humor, por um olhar profundo sobre o seu tempo e as coisas simples do cotidiano. Paulo Mendes Campos está na Antologia dos Poetas Brasileiros Bissextos organizada por Manuel Bandeira, nas estantes e na memória de todos aqueles que amam a literatura”, explica Marília Mendes, gestora do Espaço Pasárgada.

O Saraus em Pasárgada, iniciativa da Secult-PE/Fundarpe, acontece sempre nas segundas sextas-feiras de cada mês.

Poema “Sentimento do Tempo” (Paulo Mendes Campos)

Os sapatos envelheceram depois de usados
Mas fui por mim mesmo aos mesmos descampados
E as borboletas pousavam nos dedos de meus pés.
As coisas estavam mortas, muito mortas,
Mas a vida tem outras portas, muitas portas.
Na terra, três ossos repousavam
Mas há imagens que não podia explicar: me ultrapassavam.
As lágrimas correndo podiam incomodar
Mas ninguém sabe dizer por que deve passar
Como um afogado entre as correntes do mar.
Ninguém sabe dizer por que o eco embrulha a voz
Quando somos crianças e ele corre atrás de nós.
Fizeram muitas vezes minha fotografia
Mas meus pais não souberam impedir
Que o sorriso se mudasse em zombaria
Sempre foi assim: vejo um quarto escuro
Onde só existe a cal de um muro.
Costumo ver nos guindastes do porto
O esqueleto funesto de outro mundo morto
Mas não sei ver coisas mais simples como a água.
Fugi e encontrei a cruz do assassinado
Mas quando voltei, como se não houvesse voltado,
Comecei a ler um livro e nunca mais tive descanso.
Meus pássaros caíam sem sentidos.
No olhar do gato passavam muitas horas
Mas não entendia o tempo àquele tempo como agora.
Não sabia que o tempo cava na face
Um caminho escuro, onde a formiga passe
Lutando com a folha.
O tempo é meu disfarce

ESPAÇO PASÁRGADA – Foi no sobrado nº 263 da Rua da União, hoje Espaço Pasárgada, onde o poeta Manuel Bandeira viveu parte da sua infância, dos seis aos dez anos. O casarão em estilo neoclássico, de propriedade do avô de Bandeira, inspirou vários de seus poemas.

Em 19 de abril de 1986, dia do centenário de nascimento do poeta, a já conhecida Casa de Manuel Bandeira foi inaugurada com o nome de Espaço Pasárgada.

O prédio, construído em 1825 e tombado pelo Governo do Estado, através da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), em 1983, passou a funcionar como um espaço de preservação da obra do poeta e de fomento à literatura.

Serviço
Saraus em Pasárgada: “”Sentimento do Tempo: 100 anos de Paulo Mendes Campos”
Quando: 8 de junho (sexta-feira), às 18h
Envie seu poema e marque os perfis: @culturape@manuelbandeira.pasargada

< voltar para Espaços culturais