Fernando Catatau arrebatou público do Palco Instrumental
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Por André Dib
Vídeo: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=56XSVd-Bo_E
Na noite de despedida do Palco Instrumental, o guitarrista cearense Fernando Catatau fez uma apresentação vibrante, arrebatadora, no nível dos melhores shows de rock do planeta. Com a diferença de que a marca por ele desenvolvida deve tanto ao brega e ritmos caribenhos quanto à música criada por Chuck Berry nos anos 1950.
O quarteto apresentado no FIG se chama “O Instrumental” nasceu há três anos e é levado de forma paralela e ainda mais livre do que o grupo Cidadão Instigado. Nele, dois de seus comparsas tocam com instrumentos trocados – o guitarrista Regis Damasceno assume o baixo e o baterista Clayton Martins vai para percussão, guitarra sintetizada e gaita. Completa o quarteto o baterista Samuca, que atualmente toca na banda da cantora Céu.
Compositor e produtor musical dos mais talentosos e sofisticados do país, Catatau tira é onda: seu rock reverente e ao mesmo tempo iconoclasta faz o mais sisudo devoto de Jimmy Page rebolar uma cumbia. Por mais contraditória que a mistura possa parecer, o resultado é orgânico e atualiza o que parecia ser impossível, já que ambos os gêneros foram guetificados, ou seja, se tornaram sagrados para alguns e desprezados por outros.
Há mais de uma década o duo francês Air vem provando que o rock progressivo dos anos 1970 está distante o suficiente para ser reinventado. Ciente disto, Catatau invoca ícones como Carlos Santana, David Gilmour e Jimi Hendrix ao território dos ritmos latinos. Não se pode dizer que estes e outros guitar heroes baixaram nele, criador contemporâneo, autônomo e autoral que é. Mas sim, eles estão todos ali, a seu lado, no palco, quase visíveis, entre solos e riffs acachapantes.
O excesso de referências não é um problema. Como já disse Jean-Luc Godard, o que importa não são elas, mas o que delas se faz; para onde apontam. Outra lição de mestre, esta de Gilmour (guitarrista do Pink Floyd) foi absorvida com mérito por Catatau: os intervalos de silêncio são tão importante quanto as notas de um solo. O resultado está na cara de satisfação do público, que vibrou, delirou e pediu bis.
