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Instrumentistas fazem memoráveis apresentações no FIG

O trompetista Guizado e o saxofonista Léo Gandelman arrebataram os públicos do Palco Instrumental e do Música na Catedral, este último sob a curadoria do Conservatório Pernambucano de Música.

Marcelo Soares

Marcelo Soares

O paulista Guizado é um dos trompetistas mais requisitados da cena musical contemporânea

por Leonardo Vila Nova

Nos últimos anos, a música brasileira tem dado excelentes frutos no que diz respeito a experimentação de possibilidades sonoras. Guizado é um bom exemplo disso. O músico paulista é um dos trompetistas mais requisitados da atualidade – toca com Karina Buhr, Ira!, além de já ter colaborado nos trabalhos de Los Sebosos Postizos, Céu e Arnaldo Antunes – e, em seu trabalho solo, consegue trabalhar uma diversidade de elementos que amplia sua condição de instrumentista, e o transforma num dos novos “arquitetos musicais” brasileiros. O músico encerrou a noite deste domingo (21), do Palco Instrumental do 24º FIG.

Punk e hip hop são apenas algumas das vertentes do mosaico impressionante que é a música de Guizado. A presença das programações eletrônicas e dos samplers reforça a pancada sonora que é a música de Guizado e o seu passeio por diversas atmosferas, inclusive, até recombinando-as. E o trompete parece flutuar, psicodélico, por todas as reentrâncias que a sua música, por vezes soturna, por vezes eletrizante, parece conceber. O show girou em torno do repertório de seus dois discos, “Punx” (2008) e Calavera (2010), além de “Voo do Dragão”, “Toro” e “Ahey”, terceiro álbum que ele se prepara pra lançar ainda este ano.

O som de Guizado parece despertar sensações diversas ao longo do show. Não apenas os ouvidos são “abalados” pelas suas frequências frenéticas. O corpo inteiro sente vibrações, sejam físicas ou extra-sensoriais. Envolto pelo cenário bucólico do Parque Ruber Van Der Linden, a sua música parece encontrar refúgio em qualquer coisa para qual se volta o nosso olhar Sejam as flores, sejam pedras ou galhos de árvore. Tudo encontra ressonância no som do paulista de alma profundamente universal.

Também se apresentaram nesta noite Orlito Blues e Renato Bandeira e Som de Madeira.

Agora, a deliciosa calmaria

Da porrada sonora de Guizado para a suavidade e sofisticação do saxofone de Léo Gandelman e do piano de Eduardo Farias. Saindo do Parque Ruber Van Der Linden, ainda era possível ir à catedral para acompanhar a segunda apresentação da noite de domingo por lá. O Duo Recitalista, formado por Gandelman e Farias, impressionou pela qualidade timbrística dos instrumentistas como pela execução das músicas.

Marcelo Soares

Léo Gandelman e Eduardo Farias levaram grande público à Catedral de Santo Antônio

O entrosamento entre o consagrado Gandelman e o jovem pianista – de apenas 26 anos – deu o tom da apresentação, recheada de composições de autores do mais alto panteão da música instrumental brasileira. Radamé Gnatalli, Heitor Villa-Lobos e Ernesto Nazareht foram a base da apresentação. O som feito pela dupla, parecia tomar conta de todo o espaço da igreja, de forma mansa, suave, delicada. Aplaudidos de pé, ao final do concerto, eles encerraram com “Furuvudê”, baião composto por Gandelman, que impressiona dado o apuro da composição.

Uma deliciosa calmaria, feita para degustar.

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