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No FIG com Luzilá: Garanhuns, um passado não vivido

Na coluna desta semana, a escritora homenageada do Festival de Inverno de Garanhuns revive memórias da infância.

por Luzilá Gonçalves

O passado se contava em casa, lembranças de família que me relataram quando já estávamos longe da cidade: o Colégio Quinze de Novembro onde minha mãe ensinou, a banda de música que meu pai tentou acompanhar em seus ensaios, ele que adorava violino, mas desafinado, era incapaz de cantar uma melodia. Minha mãe tocava no órgão da igreja, preparava cada lição, marcando com sua bela caligrafia no velho Hinário publicado em Portugal: “este para quarta feira, substituir cinco sustenidos por dois bemóis”. Meu pai feliz a cada chegada de um filho, sempre apressado, registrando o nascimento quinze minutos depois do acontecido, os atestados do cartório o provam, um deles tendo por testemunha o cantor Augusto Calheiros, em outubro de 1918, imaginem.

Garanhuns: eu menina, diziam que era a cidade das flores, o que nunca pude comprovar. Ao lado do Sanatório Tavares Correia havia a casinha onde nasci, derrubada para ampliação do jardim daquele hotel. Durante algum tempo, eu ainda conservei a foto da casa, comprada por minha mãe com suas economias enquanto fotógrafa da Cidade, sim senhora. Garanhuns é uma paisagem bem viva, com os amigos que lá vivem, com minhas duas primas, mas sobretudo pela recordação de um tempo que não vivi e do qual tenho saudade.

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