Noite ‘pernambaiana’ faz público dançar na Praça Mestre Dominguinhos
Moraes Moreira, Davi, Pepeu Gomes, DJ Dolores e Alexandre Revoredo: sonoridade multicultural na noite do FIG 2015.
Postado em: Festival de Inverno | Música
Por: Paulo Costa.
Alexandre Revoredo, Pepeu Gomes, DJ Dolores e Banda Sonora; Moraes Moreira e o filho Davi, sonoridades ecléticas, ingredientes multiculturais, com um ponto em comum: animar a noite do povo, também diversificado, que foi ao Palco Dominguinhos, no FIG 2015, ontem, 25/7.
Alexandre Revoredo e banda, com muito balanço, deram a partida na alegria da noite do FIG. O público foi chegando aos poucos junto ao palco, e logo estava dançando. Revoredo cantou uma seleção de compositores brasileiros que, segundo ele, marcaram toda sua vida. Interpretou todo repertório de forma livre, com muita personalidade, como fez em Bloco do Prazer, de Moraes Moreira, que ganhou uma levada ska e o coro popular da plateia do Festival de Inverno liberando energia: “Pra libertar meu coração / Eu quero muito mais / Que o som da marcha lenta. E o povo, mais uma vez, veio às ruas curtir a festa, reconhecendo seu valor.
“Acho que este festival deveria ser duas vezes por ano porque quem mora no interior tem poucas chances de se encontrar com a cultura. Vejo uma grande procura pelas atrações, não só pelos palcos de música, mas também pelo teatro, apresentação de dança… O circo vive lotado. Acho que o festival melhora muito a autoestima das pessoas. Todo mundo daqui tem o maior orgulho de dizer que é da cidade do Festival de Inverno.” Maysa Costa, 31 anos, de Garanhuns.
Pepeu Gomes cantou em seguida, abrindo o show com uma declaração de amor musical: “Eu só quero você e mais nada…” A praça cantou junto, batendo palmas no ritmo da canção. O povo caiu no balanço de músicas como Raio Laser, e vibrou quando Pepeu fez longos e elaborados solos, como na versão de Brasileirinho. Pepeu veio acompanhado, entre outros músicos, pela sua família sonora: o filho e também guitarrista, Filipe Pascoal, e os dois irmãos, Jorginho Gomes, bateria, Didi Gomes baixo. Com toda energia e peso de um grande concerto de rock, ele interpretou ‘A cidade’, de Chico Science. Pepeu tocou a alma pernambucana.
“Hoje, sou um músico com mais consciência política e social e procuro sempre transmitir ao público mensagens de solidariedade e esperança. Afinal, tenho 40 anos de carreira e responsabilidade com as pessoas e o Brasil. Estou prestes a lançar meu quadragésimo primeiro disco, Alto da Silveira, com inéditas composições instrumentais, que sairá no próximo dia 30. Também recebi o convite de Baby do Brasil para tocar no show dela, no Rock in Rio, em setembro. E estou muito feliz por tocar aqui pela primeira vez nesse festival tão diversificado”, comentou.
“É um festival rico, que serve de exemplo para outras cidades que deveria fazer o mesmo, cada uma com o seu festival.” Marcos Santos, 48 anos, de Sairé.
Com Isaar e Júnior Black nos vocais, Dolores e Banda Sonora foram a terceira atração da noite. Transformaram o Palco Dominguinhos em um caleidoscópio de ritmos e letras irreverentes. Fizeram a praça tremer. Os músicos dançaram com seus instrumentos, fazendo uma folia coreográfica no palco. Mistura fina: sonoridades do Nordeste com ritmos afros, caribenhos, temperos sonoros do mundo. Em total sintonia com a alma do FIG: a diversidade de Pernambuco. A marca que o festival vem construindo ao reunir linguagens e influências muitas em um só lugar.
“Esse espetáculo é baseado no LP disponível para download. Retrata 15 anos de músicas para trilhas de cinema. Com o mesmo repertório dessa noite, fizemos shows no Rio de Janeiro, Curitiba e Brasília Sábado que vem tocarei aqui mais uma vez com o maestro Spok”.
“O primeiro sentimento que a gente tem aqui é de emoção e orgulho de poder dizer aonde a gente chega que nossa terra tem um festival desse porte. Curti o todos os dias o máximo de polos que aguentei.” Manoel Florentino, 24 anos, Garanhuns.
Coroando o final da noite, Moraes e Davi, pai e filho, tocaram e cantaram para a multidão músicas do mais recente disco, Uma parceria sonhada e sucessos desde o tempo dos Novos Baianos. Violão e guitarras, solos como um sol maior aquecendo a madrugada do FIG. Notas se derramando em chorinho pela garoa, em samba, regendo o povo que, de olhos colados no palco, balançava o corpo de leve ou batia o pé no chão, no começo do espetáculo. Até que… A vibração aumentou com Moraes, legítimo “pernambaiano”, cantou Frevo de capoeira, mais uma de suas tradicionais homenagens a Pernambuco. A folia popular aumenta com os sucessos Bloco do prazer e Pombo correio, fazendo a festa no interior.
“Tudo isso traz muita alegria, movimenta muito a economia da cidade e expande nossa cultura, acho que pra todo mundo. Gostei demais também do Espaço do Artesanato. Evellyne Albuquerque, 19 anos, de Arcoverde.
“Além de trazer recursos para a cidade e região, deixa Garanhuns mais bonita, a gente vê várias expressões da cultura. Tudo com muita segurança e tranquilidade.” Shyrley Valença, 48 anos, de Garanhuns.
“Todos os polos estão perfeitos, a gastronomia também é boa. E hoje, com toda essa mistura, o festival traduziu a diversidade que agrada geral.” André Ferreira, 27 anos, do Recife.