Olinda colorida com notas musicais
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“Ópera Bajado” abriu a primeira noite do 23º FIG, com uma homenagem ao artista plástico da Cidade Alta
Por Leonardo Vila Nova
Na noite de abertura do 23º Festival de Inverno de Garanhuns, nesta quinta (18/7), quem ganhou uma homenagem especial, sem saber, foi cidade de Olinda. Ópera Bajado, trouxe ao Palco Guadalajara, as cores do artista plástico da Cidade Alta que pintaram, em tons e notas musicais, o início da jornada cultural que terá 10 dias de intensa programação. Sob a batuta do maestro Ivan do Espírito Santo, 30 músicos de Câmara deram vida às telas pintadas por Bajado, onde Olinda era a principal retratada, em todas as suas nuances de beleza.
Pronta há exatos 10 anos, mas ainda sem ser apresentada, a Ópera Bajado estreou neste 23º FIG chamando a atenção do público pelos impressionantes arranjos que foram depurados ao longo de todo esse tempo. O centenário do artista plástico acabou esbarrando, no ano passado, com os 100 anos do nascimento de Luiz Gonzaga, a grande estrela da cultura nordestina, o que acabou por ofuscar a efeméride bajadiana. Para não deixar passar em branco tão importante data em memória ao artista olindense, maestro Ivan viu na abertura do FIG a oportunidade de trazer ao público essa obra.
“Ópera Bajado” teve inspiração nas leituras e contemplação do “movimento” de 29 telas de Bajado, retratadas em 19 músicas. Para o Palco Guadalajara foram pinçadas 14 peças musicais originais compostas para homenagear essa obra. Nada passou desapercebido. A Olinda colorida em tons primários nas telas de Bajado – o seu casario secular, seu piso, a arquitetura diversa das fachadas das suas casas – se transformou em música. Para tanto, maestro Ivan e a orquestra lançaram mão de uma também diversa “aquarela musical”, como o armorial, chorinho, frevo de bloco, frevo canção, baião, ciranda e belíssimas serenatas. Tudo isso ilustrado por telas animadas, projetadas nos telões para compor um verdadeiro cenário olindense junto a música executada. Outra surpresa foi a execução do Hino do Santa Cruz, time do coração de Bajado.
Segundo o maestro Ivan do Espírito Santo, o próximo passo agora é desenvolver o projeto completo da obra para ser executado ao vivo. Além do aparato musical, há também a interação entre as telas e a orquestra, e a presença de bailarinos e bonecos em movimento, retratando os personagens das telas de Bajado. Também para provar que, no universo da arte, as possibilidades de interação entre linguagens são tamanhas e infinitas, onde cores se transformam em notas musicais e o sentimento de amor pela terra onde se nasceu e se criou é imenso e belo em sua essência, capaz de despertar emoção através das mais variadas formas.
