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Cultura e educação como ferramentas aliadas para mudar a realidade

Com dois objetivos estratégicos e sete ações propostas, Plano Estadual de Cultura reforça articulação com políticas educacionais

Elimar Caranguejo/CulturaPE

Elimar Caranguejo/CulturaPE

O escritor Urariano Mota numa conversa sobre literatura com jovens alunos de escolas públicas de Arcoverde

Por Marcus Iglesias

O sociólogo francês Pierre Bourdieu, quando fala sobre o processo da educação das pessoas, afirma que “a cultura é o conteúdo substancial da educação, sua fonte e sua justificação última [...] uma não pode ser pensada sem a outra”. Foi com este pensamento que os agentes culturais do Estado participaram das elaboração do Plano Estadual de Cultura.

No que diz respeito ao Objetivo Estratégico 6.1 (Integração da escola com a arte e a cultura), um exemplo de como isto pode ser garantido é através de políticas públicas como o já consolidado Outras Palavras, idealizado em 2015 pela Secretaria de Cultura e Fundarpe – projeto que tem fortalecido o elo necessário entre a cultura e a educação.

Jan Ribeiro

Jan Ribeiro

Antonieta Trindade, secretária de Cultura, e Lia de Itamaracá, Patrimônio Vivo de Pernambuco

“A integração entre a cultura e a educação é um elemento fundamental para garantir à nossa juventude o acesso à produção cultural pernambucana, estimulando a produção artística no ambiente escolar, e criando condições para o fortalecimento do pensamento crítico”, explica Antonieta Trindade, idealizadora do projeto e Secretária de Cultura de Pernambuco.

Esta iniciativa busca promover essa integração organizando, nas escolas públicas estaduais, conversas com escritores, expoentes da cultura popular – especialmente patrimônios vivos – e promovendo a doação de livros para as bibliotecas escolares. Em três anos, a iniciativa já atingiu 615 escolas, 18.516 estudantes e entregou 6514 livros às bibliotecas por onde passou.

Jan Ribeiro/Secult-PE/Fundarpe

Foto Jan Ribeiro

Lia de Itamaracá foi um dos patrimônios vivos que mais participou do Outras Palavras

“Além das edições nos espaços escolares, esta integração também promoveu a ida de estudantes para espetáculos, filmes e exposições nos vários equipamentos culturais de Pernambuco. E, com ênfase na regionalização, o Outras Palavras percorreu todas as regiões do estado, inclusive durante o Festival de Inverno e o Festival de Cinema de Triunfo”, reforça Antonieta Trindade.

Um dos Patrimônios Vivos de Pernambuco que já participou diversas vezes desta ação é Lia de Itamaracá, a rainha da ciranda. Quando ela vai às escolas costuma subir ao palco acompanhada de outros quatro músicos e, em seguida, fazer um show cheio de amor e energia para a garotada com suas canções mais conhecidas (como Essa Ciranda é Minha, Mamãe Oxum, Ciranda de Lia e Quem me deu foi Lia).

Jan Ribeiro/Secult-PE

Jan Ribeiro/Secult-PE

““A gente tem que entrar na sala de aula e dar aos jovens a oportunidade de conhecer a cultura de raiz”, opina Lia de Itamaracá

“A gente tem que entrar na sala de aula e dar aos jovens a oportunidade de conhecer a cultura de raiz. Existem por aí crianças que estão envolvidas com brincadeiras que não tem nada a ver com a sua história, e isso desparafusa o juízo delas. O que a gente deve fazer pra combater isso é trazer eles pra mais perto da nossa cultura”, opina a mestra cirandeira.

Para a escritora Ezter Liu, vencedora do V Prêmio Pernambuco de Literatura com o livro Das tripas coração, e que participou de uma edição em Petrolina, em maio de 2018, “poder conversar com os alunos, perceber suas impressões, foi muito bonito. É um projeto lindo, que precisa existir e contemplar outros escritores, e que está ai para transformar e fazer nascer e crescer o gosto pela literatura na juventude”.

Jan Ribeiro/Secult-PE/Fundarpe

Jan Ribeiro/Secult-PE

Ezter Liu é a grande vencedora do V Prêmio Pernambuco de Literatura e já participou de quatro edições do Outras Palavras

Em cada edição do projeto, há sempre uma surpresa também por parte dos estudantes – que também, desde cedo, são fazedores de cultura. Um exemplo aconteceu na realizada em agosto de 2017 no Recife, em Casa Amarela, no EREM Padre Machado, quando a estudante Adelaide Santos encantou a todos com sua poesia e seu envolvimento com a cultura popular.

A escola tem um grupo percussivo batizado de Maracaxé Rainha Adelaide, inspirada na aluna negra, e naquela edição realizou uma apresentação cultural antes das conversas com os escritores Philippe Wolney e Camillo José, vencedores do Prêmio Pernambuco de Literatura, e o grupo musical Chorões da Aurora.

Rodrigo Ramos/Secult-PE

Rodrigo Ramos/Secult-PE

Em Casa Amarela, no EREM Padre Machado, a estudante e poetiza Adelaide Santos lidera o grupo percussivo batizado de Maracaxé Rainha Adelaide

“A partir deste grupo, abri meu horizonte de uma forma muito intensa. Pude conhecer melhor outras linguagens artísticas e uma consequência disso é que participo hoje em dia de um sarau, e adoro escrever e recitar”, disse ela na época

Tereza França, presidente do Conselho Estadual de Política Cultural e professora universitária, participou ativamente das discussões durante o Grupo de Trabalho 3 da Plenária Final da Conferência, que tratava de questões apontadas no Objetivo Estratégico 6.2 do Plano (Estímulo à formação técnica e superior para as artes).  “Todas indicam um projeto de política cultural de Pernambuco através de uma perspectiva de inovação tecnológica, científica e técnica, com base numa formação de qualidade e apontando para a gestão pública, garantindo a articulação entre os diversos setores da sociedade, como as escolas públicas, técnicas e de graduação, no sentido de também garantir aos fazedores de cultura o acesso a estes conhecimentos”, opina ela.

“Essa ideia está fincada no tripé ensino-pesquisa-extensão e, na minha opinião, é a menina dos olhos do processo de formação das políticas públicas na cultura de Pernambuco. Essas ações possibilitam uma repensar na política pública com base numa articulação entre estes segmentos”, reflete a professora.

Jan Ribeiro/Secult-PE

Jan Ribeiro/Secult-PE

Tereza França, presidenta do Conselho Estadual de Política Cultural e professora universitária, foi uma das que participou ativamente das discussões durante o Grupo de Trabalho 3 da Plenária Final da Conferência

Para Tereza de França, a primeira grande conquista que a sociedade civil conseguiu garantir ao lado da gestão da Secult-PE e Fundarpe foi a própria realização da IV Conferência Estadual de Cultura. “É bom deixar isso claro. Essa Conferência não nasceu do nada, é fruto de um acúmulo de debates realizados ao longo de doze anos no estado. E a gente já vê a consolidação destas ações. Um exemplo é a eleição dos representantes das Comissões Setoriais de Linguagens que vão auxiliar o Conselho a garantir a materialização dessas iniciativas”, celebra a presidenta do CEPC-PE.

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