Projeto de estímulo à leitura no sistema socioeducativo concorre a prêmio do Judiciário
Prática inscrita na edição 2021 do Innovare é uma parceria da Funase com a Vara da Infância e Juventude de Arcoverde e vem atraindo outras instituições interessadas
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Desenvolvido na unidade da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) de Arcoverde, o Clube Castelar é uma das inciativas finalistas do Prêmio Innovare
Um projeto desenvolvido no sistema socioeducativo de Pernambuco está concorrendo ao Prêmio Innovare, o mais renomado da Justiça brasileira. A prática, que acontece em Arcoverde, no Sertão, consiste em uma ação de estímulo à leitura voltada a adolescentes e jovens em reinserção social após envolvimento em atos infracionais. O diferencial é a participação dos poderes Executivo e Judiciário e de entes públicos e privados, que vêm contribuindo para que as atividades ocorram de forma permanente.
Intitulado Clube Castelar, o projeto teve como primeiro passo a abertura de uma sala de leitura em um contêiner anexo ao Case/Cenip Arcoverde, unidade da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase). No local, adolescentes em internação são estimulados a falar e a escrever sobre os temas trabalhados nos livros disponibilizados no espaço. Esse conteúdo é incorporado a relatórios técnicos e, conforme o desempenho dos socioeducandos, tem peso positivo na avaliação da Vara Regional da Infância e Juventude sobre os processos dos internos. Eles também podem retirar os livros nesse espaço e fazer a leitura nos alojamentos.
Além de promover essa ponte entre o órgão executor da medida socioeducativa e a Justiça, a ação também já atraiu, em menos de um ano, instituições como a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e a Fundação Terra, que realizaram atividades associadas à proposta do espaço, como oficinas de produção de textos de vários gêneros e expressões populares, como o cordel.
Idealizadora do projeto em 2020, a pedagoga Jedivam Conceição, servidora da Funase em Arcoverde, afirma que o Clube Castelar também foi uma iniciativa importante para amenizar prejuízos decorrentes da pandemia, que afetou em cheio atividades na área de educação. “Não houve ano letivo em 2020. Outras atividades, como as externas, foram quase nulas. Além disso, reconhecemos a importância da leitura como possibilitadora de outras vivências. Desse modo, o projeto surgiu para que nossos meninos tivessem essa oportunidade e contato com os livros”, revela a pedagoga, em trecho do relatório de inscrição da prática no Innovare.
Agora que foi deferida entre as concorrentes ao prêmio, a iniciativa passa à fase de visita de consultores. Nessa etapa, a intenção será subsidiar a comissão julgadora sobre o grau de inovação da prática e sobre como ela contribui para o aperfeiçoamento da Justiça. “Estamos felizes de participar da premiação, que é mais uma forma de reconhecimento a uma ideia que tem sido abraçada por outras pessoas e instituições. Nesses meses, vários projetos foram desenvolvidos utilizando não só o espaço físico, mas a proposta. É gratificante ver a sociedade se apropriando disso”, diz a coordenadora-geral do Case/Cenip Arcoverde, Paula Cibelle.