Secretarias estaduais de Cultura e de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude promovem formação cultural para jovens em privação de liberdade
Projeto inicia no Ateliê de Mestre Nado, artesão e oleiro Patrimônio Vivo de Pernambuco, com socioeducandas da Funase CASE/CASEM Santa Luzia
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A Secretaria de Cultura do Governo do Estado de Pernambuco (Secult-PE), por meio da Gerência de Educação e Direitos Humanos (GEDH), firmou parceria com a Gerência Geral do Sistema Socioeducativo da Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude (SDSCJ) para oferecer formações culturais a jovens internos em Centros de Atendimento Socioeducativo (CASE) e em Casas de Semiliberdade da Funase.
A primeira ação da iniciativa acontece nesta sexta-feira (23), com programação direcionada a 12 socioeducandas da CASE/CASEM Santa Luzia, que fica no bairro do Cordeiro, Zona Oeste do Recife. As jovens vivenciarão uma imersão artística e cultural, no bairro do Carmo, em Olinda, por meio da visita ao Ateliê do Mestre Nado, artesão e oleiro Patrimônio Vivo de Pernambuco. Na ocasião, elas terão a oportunidade de conhecer as principais obras do mestre e aprender algumas técnicas de modelagem com o artista, considerado um poeta do barro e do som.
Aguinaldo da Silva, o Mestre Nado, tem no seu currículo inúmeros projetos de destaque e sucesso, tendo assinado trabalhos com grandes referências da cultura pernambucana, como Francisco Brennand, e também intervenção em espaço urbano com a icônica obra no Museu do Trem, o conhecido painel de locomotivas. Já em seu próprio ateliê, experimentando técnicas para inovar sua produção, o artista lembra que aprendeu com o tio a fazer apitos com o caule da folha do jerimum e da folha de coqueiro. Então, resolveu testar o mesmo apito, em uma bola oca de cerâmica, que já vinha produzindo como objeto apenas decorativo. Ele nunca havia tocado nenhum instrumento de sopro: dois furos em uma bola oca. Então, sentiu que tinha descoberto algo especial.
Nado começou a incrementar suas peças, em uma busca obstinada pela afinação perfeita. À primeira peça de sopro, ele deu o nome de “Ocarina”. Em processo contínuo de produção, criou ocarinas com duas, três esferas, maiores e menores. Foram muitas tentativas e erros até chegar ao primeiro instrumento, que considerou digno de ser apresentado como uma obra de arte.
O mestre tornou-se não apenas um escultor de sons, mas, um músico que levava ao público suas criações. Vale destacar ainda que o mestre Naná Vasconcelos, referência mundial da cultura de Pernambuco, fazia uso de um dos instrumentos de Nado em suas produções musicais, o Bum D’água do Mestre Nado, e era impressionado com as possibilidades do aparelho.
As ocarinas, que surgiram como um simples apito, foram ganhando outras afinações, de até três oitavas. “Estudei muito. Botava no forno e saía desafinada. Até que cheguei nessa afinação da Flauta Nado”, conta o mestre. Ele ainda não conseguiu reproduzir o nível de afinação que atingiu com a flauta usada em suas apresentações.
Em 2015, por meio do Fundo de Incentivo à Cultura (Funcultura) do Governo do Estado de Pernambuco, o artista pôde finalmente gravar seu primeiro projeto. O álbum, intitulado “Mestre Nado e os Sons do Barro” contêm seis faixas autorais e transita pelos ritmos pernambucanos, como: coco, frevo e xaxado. Todos executados por Nado e seus filhos com a Flauta Nado, Ocarina, e Buns de Pele e de Água.
