Pular a navegação e ir direto para o conteúdo

O que você procura?
Newsletter

Notícias cultura.pe

Fotógrafo Beto Figueiroa lança segundo livro no Recife

Lançamento da editora Olhavê acontece às 19h, no CCI - Capibaribe Centro da Imagem

Divulgação

Divulgação

Fotolivro explana, em 32 páginas, as referências imagéticas e sensoriais que conotam o sentimento “Banzo”

Palavra impregnada da escravidão, o banzo, a saudade extrema, matava os escravos ainda nas embarcações. Foi com esse peso que o fotógrafo pernambucano Beto Figueiroa batizou seu segundo livro. Depois de ser lançado em São Paulo, Banzo  poderá ser apreciado no Recife a partir desta terça-feira (6), quando será lançado no CCI – Capibaribe Centro da Imagem, às 19h. Editada pela professora Georgia Quintas e o jornalista Alexandre Belém, a obra é o terceiro volume da coleção Olhavê {Projetos}, da editora Olhavê. Na ocasião, também será apresentado o quarto fotolivro do selo, o Vertentes, de André Conti.

Na obra de Beto Figueiroa, referências imagéticas e sensoriais que conotam o sentimento “Banzo” são explanadas ao longo de 32 páginas, cuja visualidade percorre a “abstração, solo de desvios, contextos apreendidos pelo acaso tanto quanto de sonhos interrompidos, lampejos da vista”, nas palavras da curadora Georgia Quintas.

Beto Figueiroa

Segundo Beto Figueiroa, o ponto de partida foi a imagem de um cemitério ancestral  às margens do Rio Capibaribe, que ele descobriu numa ida à cidade de Salgadinho, Pernambuco. Lá, os antigos escravos foram enterrados sob várias lápides de pedra bruta, sem nome e sem cruz.  ”Meu processo de banzo veio nesse dia. A partir daí ele seria um estado de espírito, de suspensão, que se tornou recorrente. A ausência é o sentimento mais forte que norteia o banzo. Ele vem por causa da saudade de alguém, da terra, da língua ou qualquer coisa”, explica.

“O meu segundo passo foi verificar no meu acervo se eu já tinha parado diante disso em outros trabalhos. Percebi que haviam registros anteriores com esse sentimento, como o de um mergulho que não aparece ninguém, não de sabe se foi um afogamento. A partir daí foi um processo terapêutico, comecei a ver banzo em tudo. Foram dias difíceis, de renovação e de perceber coisas que se perderam’, reflete.

Embora as imagens tenham um ponto de partida, o ensaio guarda um olhar desterritorializado. Outras imagens foram capturadas em Limoeiro, no Agreste pernambucano; no mar, referência direta à chegada dos navios negreiros, e a seus resquícios de vegetação; ou simplesmente de nuvens carregadas no início da manhã ou fim de tarde. ”Banzo não tem geografia, não importa o lugar”, diz Beto.

Beto Figueiroa

Por outro lado, as imagens têm em comum o mesmo horário de registro que, segundo fotógrafo, sugere “uma sensação, um estado de espírito singular dessa morte do dia e nascimento da noite”.

Para ele, fazer um livro totalmente independente como é Banzo, “sem apoio de nenhuma empresa, é extraordinário nesse contexto cultural que estamos vivendo. Além de ser independente, existe uma distribuição. Ele não vai estar em grandes livrarias, pois a tiragem é de 250 títulos, mas será distribuído em bibliotecas, terá lançamento em festivais, além de fazer parte de coleções de fotolivros na América Latina. Eu sei que ele vai virar adolescente, vai ter o seu processo independente, isso é muito importante”.

Beto Figueiroa

SOBRE O FOTÓGRAFO –  Com trabalho reconhecido pelas principais premiações do fotojornalismo nacional, como Vladimir Herzog, Beto Figueiroa participou de exposições individuais e coletivas, no Brasil e no exterior, além de inúmeras publicações em livros e revistas. Em 2007, esteve entre os dez brasileiros escolhidos pela Fototeca de Cuba e pelo Instituto de Mídia e Arte – Imea (SP) para representar a fotografia brasileira, sendo o mais jovem da seleção na mostra “Mirame – uma ventana da fotografia brasileña”, em Havana.

Lançou em 2014 a exposição “Morro de Fé”, com curadoria de Mateus Sá e 25 fotografias coloridas e em preto e branco, impressas em grandes formatos, ocupando paredes, telhados com até 14 metros de largura. As imagens a céu aberto e em grandes proporções, foram fixadas nas fachadas e muros das casas no surpreendente suporte de pôster-bombs (lambe-lambe.

SERVIÇO:

Lançamento do livro ‘Banzo”, de Beto Figueiroa
Quando: 6 de dezembro | 19h
Onde: CCI (Capibaribe Centro da Imagem) | R. da Aurora, 533 – Boa Vista
Entrada: Gratuita | Livro: R$ 45

< voltar para Fotografia