Documentário “Ewê ô! A cura pelas folhas” resgata a sabedoria ancestral das ervas sagradas no Candomblé Nagô de Pernambuco
Com incentivo da Lei Paulo Gustavo (LPG), a obra tem estreia marcada para este domingo (6), no Ilê Obá Xangô Aganju-Ayrá, no Recife; o acesso é gratuito
Postado em: Audiovisual | Lei Paulo Gustavo
Neste domingo (6), o Ilê Obá Xangô Aganju-Ayrá, no bairro da Guabiraba, no Recife, será palco para a estreia do documentário “Ewê ô! A cura pelas folhas”. Com incentivo da Lei Paulo Gustavo (LPG) 2023/2024 – disponibilizada pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE) –, a obra celebra o poder das ervas sagradas como elemento essencial de cura, fé, identidade e resistência nos terreiros do Candomblé Nagô de Pernambuco.
Protagonizado pelo Babalorixá José Amaro, o filme é um mergulho sensível e potente na sabedoria ancestral passada de geração em geração. Com quase 40 anos de iniciação, Pai Amaro é um dos maiores guardiões vivos dos saberes do culto nagô em Pernambuco. Para além da sua atuação espiritual, é professor aposentado da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), musicólogo, etnomusicólogo e autor de importantes pesquisas e publicações sobre o Candomblé e a fitoterapia sagrada. Sua trajetória une prática religiosa, ciência e educação, cruzando oralidade, rituais, tradição e universidade.
Com duração de 22 minutos e classificação livre, o documentário se desenvolve a partir de uma imersão no cotidiano do terreiro Ilê Obá Xangô Aganju-Ayrá. Por meio de caminhadas guiadas por Pai Amaro pelo sítio do Ilê, o espectador é apresentado às diversas folhas utilizadas nos ritos e práticas do Candomblé, suas propriedades medicinais e simbólicas, os orixás aos quais pertencem e os saberes que carregam.

Além da dimensão espiritual, o filme também propõe um diálogo com o campo da saúde e da ciência I Foto: Domar / Divulgação
“Kò sí ewé, kò sí òrìsà” — sem folhas, não há orixá. Esta máxima iorubá sustenta a narrativa e guia o documentário como um manifesto de resistência, educação e memória. A obra reafirma o papel dos terreiros como espaços de cura e conhecimento, e de líderes, como Pai Amaro, como pilares vivos da cultura afro-brasileira.
Além da dimensão espiritual, o filme também propõe um diálogo com o campo da saúde e da ciência, reconhecendo a medicina das folhas como saber legítimo e eficaz, forjado na ancestralidade dos povos africanos e indígenas em solo brasileiro.
Homenagem
O filme também presta homenagem à Yalorixá Mãe Betinha, do Ilê de Iemanjá Sabá, no bairro do Brejo – Recife. Foi com ela que Pai Amaro se iniciou e que herdou grande parte dos conhecimentos que hoje perpetua com seus filhos e filhas de santo. O documentário dá continuidade a essa linhagem de conhecimento e cuidado, agora preservada em audiovisual para as futuras gerações.
A estreia de “Ewê ô! A cura pelas folhas”, a partir das 11h, será acompanhada de uma roda de conversa com Pai Amaro e integrantes do Ilê, e será também o marco de lançamento do canal no YouTube que hospedará o documentário por tempo determinado.
SERVIÇO
Estreia do documentário “Ewê ô! A cura pelas folhas”
Onde: Ilê Obá Xangô Aganju-Ayrá I Travessa Chalé, Guabiraba (em frente ao nº 2600), Recife/PE
Quando: 06/07/25 (domingo)
Horário: 11h
Entrada gratuita
