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“A sociedade mudou e o jornalismo também”, diz Sheila Borges

A jornalista lança domingo (30), durante a programação da Fenelivro, seu primeiro livro, "O repórter-amador", no qual apresenta quais são as disposições sociais que mais frequentemente motivam esse cidadão a querer ser produtor de notícia de forma voluntária, sem compromisso profissional e no tempo livre

Divulgação

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A obra, que conta com apoio cultural da Cepe, é uma adaptação da tese de doutorado da autora em Sociologia, na UFPE

Bruno Souza

A Internet, as redes sociais e as novas tecnologias trouxeram para as pessoas novas percepções e diferentes maneiras de se relacionar com o mundo. Se antes, para se manter informado, o cidadão precisava se deslocar até uma banca de jornal, ligar a televisão ou rádio, hoje, com um simples deslizar de dedos na tela de um dispositivo móvel, é possível que ele tenha acesso a uma série de informações e, além de poder escolher o que vai ler e interagir diretamente com o conteúdo que ali está disponível, produzir/publicar suas próprias notícias em blogs ou plataformas de jornalismo colaborativo.

Interessada nessas transformações que vem acontecendo na sociedade nos últimos anos, advindas sobretudo pelo uso e popularização da Internet, a jornalista e professora Sheila Borges decidiu investigar o que leva indivíduos comuns, diga-se de passagem sem nenhuma formação em Comunicação Social, a criarem espaços próprios nas redes sociais e na web para veicular matérias produzidas por conta própria. Com apoio da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), a autora apresenta o resultado de sua pesquisa no livro O repórter-amador, que será lançado domingo (30), dentro da programação da Fenelivro, que ocupará o Centro de Convenções de Pernambuco, entre os dias 28 de agosto e 7 de setembro.

Fruto de sua tese de doutorado em Sociologia na UFPE, a publicação revela quais são as disposições sociais que mais frequentemente motivam esse cidadão a querer ser produtor de notícia de forma voluntária, sem compromisso profissional e no tempo livre. “Consideramos que esse ator assume a condição de repórter-amador quando consome, colabora e cria um espaço autoral, driblando a mediação da imprensa, e se comunica diretamente com outros atores”, explica a jornalista, que recebeu em 2014, pela proposta de sua pesquisa, menção honrosa do prêmio Adelmo Genro Filho, concedido pela Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJOR). Além do Recife, a obra será lançada no Rio de Janeiro, durante o 38º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Intercom), que acontecerá de 4 a 7 de setembro. Confira abaixo a entrevista que a autora concedeu ao Cultura.PE sobre o livro e os novos rumos do jornalismo dentro do espaço virtual:

1- Neste seu primeiro livro, que é uma adaptação da sua tese de doutorado em Sociologia, na UFPE, você apresenta uma série de perfis que retrata indivíduos que, embora não possuam formação em Comunicação Social, produzem e veiculam notícias de maneira independente em suas comunidades. Quando surgiu seu interesse nesses repórteres-amadores? Como você chegou a esses personagens?
Quando comecei a estagiar em redação de grandes veículos, na década de 90, comecei a observar que havia muita gente, mais do que eu imaginava, que procurava as empresas para expressar sua opinião sobre os mais variados problemas: do buraco da rua à falta de uma política pública. Não se contentava apenas em aparecer na sessão de opinião do leitor, que antes se restringia ao envio de cartas e hoje utiliza, como canal de interação, as ferramentas das redes sociais, queria ser protagonista das matérias jornalísticas. Ou seja, esse cidadão mais atuante não ficava apenas no papel de consumidor da informação. Além de opinar, ele também passava a enviar sugestão de matéria. Queria ver a sua pauta nas edições dos grandes veículos, mas nem sempre essa sugestão virava matéria. E, quando virava, nem sempre contemplava o enfoque sugerido pela audiência, o que gerava uma frustração. Mesmo assim, apesar dos filtros e das edições frustradas, ele continuava a interagir com os jornalistas. Passei a me indagar sobre as motivações que levam esse cidadão a querer participar do processo de produção da notícia, mesmo com todas essas dificuldades. O interesse começou daí. Onde encontrei esses cidadãos? Nos portais ou fóruns de comunicação que as empresas passaram a criar na Internet para dialogar com esse cidadão mais participativo. Isso ocorreu porque os veículos começaram a perceber que, por meio das ferramentas da grande rede virtual, a audiência não precisava mais ficar refém da mediação dos veículos. Ela poderia ir direto às fontes de informação e externar sua opinião, procurando solucionar seus problemas pelas mídias sociais. Passei três meses acompanhando os diálogos dos cidadãos nesses espaços virtuais e comecei a interagir com eles. Utilizei como principal fonte, o fórum que o Diário de Pernambuco instituiu. Não quis utilizar o do Jornal do Commercio por trabalhar naquela empresa. Como objeto de pesquisa, procurei um fórum que não tivesse ligado ao meu local de trabalho, já que, na época, atuava no JC.

2- De maneira geral, o que leva esses cidadãos a atuarem por conta própria, muitas vezes voluntariamente, como repórteres? Nas matérias produzidas por eles, você conseguiu identificar os critérios de noticiabilidade que aprendemos nos cursos de jornalismo?
Foram três anos de pesquisa, tomando como suporte teórico e metodológico a sociologia à escala do indivíduo do sociólogo francês Bernard Lahire, que conheci pessoalmente aqui no Recife, em 2010, por intermédio de minha orientadora Lília Junqueira. Ele apoia seu programa de pesquisa na sociologia das disposições, uma linha de investigação centrada na tradição das teorias da ação. Dessa escola, fazem parte, por exemplo, estudiosos como Max Weber, Pierre Bourdieu, Erving Goffman e Norbert Elias. Nas teorias disposicionalistas, existem dois grupos. Em um deles, são enfatizados os princípios unificadores e homogêneos, que colocam um peso grande no passado e não valorizam características singulares do indivíduo e o contexto imediato da ação. No outro, é dada relevância à fragmentação interna das experiências, sem delegar tanta importância ao passado, como o grupo anterior. Lahire defende um estudo sobre as diversas formas de reflexão que agem nos diferentes tipos de ação. Trabalha com base em uma sociologia da pluralidade. Os indivíduos sofrem influências das socializações nos diversos mundos, como os da família, do trabalho e da escola. Isso vai depender também das relações sociais e dos contextos nos quais estão inseridos tanto os do passado quando os do presente. A disposição é uma força interna que vai sendo formada inconscientemente no indivíduo em meio à diversidade das experiências socializadoras, incorporadas de forma plural e externalizadas de forma individual. Elas só podem ser vistas na ação. Por isso, as disposições são, ao mesmo tempo, plurais e singulares. Elas são consideradas fracas se são vistas esporadicamente em determinados momentos. E são fortes se são recorrentes na vida do cidadão. Com base no programa de Lahire, aproximamos a nossa lente do universo social de indivíduos que utilizavam o fórum com frequência para dialogar com os jornalistas. Buscamos os atores que tinham disposição forte para interagir com os jornalistas. No nosso estudo, isso ocorreu por meio do fórum colaborativo do Diário de Pernambuco. Na pesquisa, identificamos que, de forma mais frequente, quatro disposições se entrecruzavam para motivar os cidadãos estudados a, inicialmente, interagir e a, posteriormente, ter iniciativa de criar espaços próprios para produzir notícia nas mídias sociais. Estamos nos referindo às motivações para as ações sociais, políticas, religiosas e culturais. Ou seja, esses cidadãos atuantes, que chamamos de repórteres-amadores, agiam em atividades ligadas aos campos político, cultural, religioso e comunitário. Pelo menos três deles agem como fortes variáveis motivadoras para a ação de interagir com a grande imprensa e de instituir canais próprios de comunicação. Intuitivamente, os atores estudados identificam o que é mais relevante para um fato entrar na categoria de notícia para o jornalismo, mas eles não obedecem aos critérios de noticiabilidade tradicionais do campo do jornalismo. Eles criam seus próprios critérios a partir da importância que o fato tem em seu espaço local, nas suas relações interpessoais, que nem sempre correspondem aos valores consagrados pelo campo do jornalismo. Isso contribui para abalar os valores arraigados do campo profissional.

3- Num dos trechos da publicação, você conta que, antes mesmo da chegada da Internet às redações, sempre existiram indivíduos dispostos a colaborar com o “ciclo de concepção das matérias jornalísticas”, e que os computadores só facilitaram esse acesso direto entre cidadãos e jornalistas. Gostaríamos que você comentasse um pouco sobre essas mudanças que encontramos atualmente nas relações/configurações que são estabelecidas dentro e fora da imprensa.
Quando não tínhamos uma sociedade interligada em rede, como a atual, o cidadão tinha dificuldade de dialogar com a imprensa. Antes da Internet, isso só poderia ser feito pessoalmente, por carta ou telefone. Agora, tudo ficou mais fácil e ágil. Várias ferramentas tecnológicas foram criadas, o celular está aí para instituir novas práticas. Por meio dele, podemos rapidamente mandar mensagens de texto, imagens e áudios, que podem ser enviados para a imprensa. Isso revolucionou a interatividade e ampliou o diálogo social. A sociedade mudou e o jornalismo também. Antes das mídias sociais, o fluxo de informação era de um grupo para todos. Agora, é de todos para todos. Qualquer pessoa produz conteúdo e se transforma em uma mídia.

4- Esse movimento, se é que podemos identificá-lo assim, de “faça você mesmo sua notícia”, tem alguma relação com essa crise que o jornalismo tem enfrentado na contemporaneidade, principalmente, no que se diz respeito à credibilidade das notícias que são veiculadas todos os dias nos meios de comunicação?
O atual contexto, digamos assim, mais democrático está abalando sim o fazer jornalismo. Se a grande imprensa divulga um fato, a partir de seus filtros econômicos e políticos, o veículo pode ser questionado por meio das postagens feitas por cidadãos comuns que estão ali atentos aos acontecimentos. A noticia não é mais unicamente fruto do complexo processo de produção da informação, instituída pelo campo do jornalismo. A notícia é resultado das relações sociais. Não se pode mais esconder os interesses que estão por trás das grandes corporações. É preciso que os veículos assumem publicamente as suas posições. Isso tornaria as relações mais transparentes. Não existe imparcialidade. É um mito. E não existe apenas uma verdade, mas muitas versões de um mesmo fato. É claro que o emaranhado de fontes gera um problema grande: o da credibilidade da informação. É aí que entra a formação profissional e a cultura do indivíduo. A imprensa ainda é identificada como fonte para se checar se um fato é procedente ou não, mas não é mais o lugar único de produção desse sentido. Estamos passando por um processo de decantação. Na imprensa ou fora dela, só vai permanecer como fonte de informação o indivíduo (ou mídia) que tiver cuidado na apuração e na divulgação das mais variadas versões de um fato. Acredito que a saída do jornalismo, nesse contexto tão complexo, é o de publicar matérias mais analíticas e voltadas para os problemas locais. Aproximar-se do cidadão cada vez mais. Não perder, de forma alguma, esse contato.

5- Em sua publicação, você faz questão de diferenciar o papel do cidadão-repórter para o do repórter-amador. Em linhas gerais, o que os distingue? E mais: de que maneira eles conseguem sair desse amadorismo para assumir o protagonismo no que você considera no livro como “jogo do agir ativamente no jornalismo”, chegando, inclusive, a pautar veículos e jornalistas renomados?
O conceito de jogo do agir ativamente no jornalismo foi construído para identificar os indivíduos que têm a capacidade de se movimentar, fazer o jogo, entre o que chamo de mundo do jornalismo (onde estão todos os atores do jornalista, passando pelo jornaleiro até a audiência tradicional) e o campo do jornalismo (onde estão os profissionais que vivem, são remunerados, do fazer jornalismo). Nesse jogo, o cidadão comum age ativamente quando cria um espaço próprio para produzir notícia em seu tempo livre, sem obedecer às regras do campo profissional, como horários e valores. Não são remunerados. Ganham a vida em outros campos profissionais. O cidadão-repórter consome e interage com a imprensa. O repórter-amador, além de consumir e interagir, cria um espaço autoral para produzir a informação como ele quer. Parte desses atores tem se dedicado tanto aos seus espaços que passa a ser consultado como fonte de informação pelos jornalistas, pautando as edições. Isso ocorre, por exemplo, com os blogs de cidadãos que moram no interior.

6- A jornalista Adriana Barsotti lançou recentemente um livro que coloca em xeque o papel do jornalista dentro do ambiente digital. Segundo ela, na obra Jornalista em mutação – Do cão de guarda ao mobilizador de audiência, o nosso papel, em especial dos editores de grandes portais de notícias, não é mais de selecionar as matérias pelos critérios jornalísticos padrões de outrora – já que, ao contrário dos impressos, há uma elasticidade maior de espaço na web – mas, baseados em estatísticas de audiência e comentários nas redes sociais, tornamo-nos num mero “mediador, mobilizador de audiência”. Com base nisso, como você, que agora é professora do curso de Comunicação Social da UFPE em Caruaru, vê o futuro da nossa profissão neste espaço de constantes transformações no jornalismo?
O jornalista não é mais apenas o gatekeeping, o guardião do portão por onde as notícias entram e são selecionadas para figurar nas edições dos veículos. Agora, o jornalista é fundamentalmente um gatewatching. Ou seja, um selecionador das informações que estão circulando na grande rede, a partir de critérios de noticiabilidade definidos pela audiência. Há uma disputa entre discursos e competências entre os atores, mas o essencial é que a prática jornalística foi modificada, pois mudou a forma de se produzir notícias. Todos nós somos produtores de informação. Sou favorável ao diploma para o exercício do jornalismo, mas a notícia não está mais restrita à grande mídia. A notícia está também nas redes sociais, a notícia é resultado das relações sociais. Criou-se um compartilhamento e uma colaboração entre os atores, o que gera um fluxo mais circular da informação. O novo curso de comunicação social da UFPE, em Caruaru, foca sua formação nesse ator que gera conteúdo nas mídias sociais para que ele possa ser empreendedor e se transformar em uma fonte de notícia com massa crítica de credibilidade. Apesar dessas mudanças, não podemos dizer que os jornalistas perderam a sua importância no processo de seleção e divulgação das informações nem que o cidadão “X” tem o mesmo peso que o cidadão “Y”. Isso porque estaríamos, neste caso, diante de redes igualitárias onde todos teriam o mesmo nível de acesso e de condições para interagir e produzir informação, o que não acontece. O jornalista precisa acompanhar a mudança na configuração do campo da comunicação e oferecer um produto diferenciado.

7- É possível encontrar um denominador comum entre qualidade e audiência?
Claro que sim, o que é bom fica. O que é ruim termina sendo descartado. Não podemos perder de vista, porém, que não existe um público homogêneo. Temos muitos grupos e isso amplia a capacidade de se produzir e de se consumir a informação. Considero que o denominador comum entre qualidade e audiência é a produção de um conteúdo com substância, com competência, com respeito e ética.

8- O sucesso dos blogs e redes sociais dos repórteres-amadores se deve a essa proximidade que eles mantêm diretamente com o público e, conhecedores dos problemas de suas comunidades, na prestação de serviço que promovem nesses espaços virtuais? Será que os grandes veículos de comunicação não precisam retomar e colocar em suas pautas matérias que ajudem efetivamente os cidadãos a solucionarem seus problemas? Ou jornalismo não é só prestação de serviço?
Acredito que o sucesso dos repórteres-amadores acontece porque eles estão focando as suas notícias nos problemas locais, nos temas mais próximos dos atores com os quais se relacionam. Assim, colocam notícias que não estão nas pautas dos grandes veículos seja por falta de espaço, seja por se confrontarem com os interesses das empresas. O jornalismo sempre teve uma vertente forte na prestação de serviço, a exemplo do rádio, mas com a redução das equipes, esse trabalho fica mais difícil. O cidadão que age ativamente nas redes sociais consegue entrar nesse espaço e ganha audiência e reconhecimento. O jornalista pode fazer a diferença quando consegue trabalhar as pautas locais, abordando os assuntos com um enfoque mais analítico. O que pode ocorrer por meio da chamada grande mídia, mas também por espaços criados nas mídias sociais de forma mais autônoma. Não podemos esquecer que as empresas têm os seus interesses políticos e econômicos, por meio deles criam os seus filtros de edição que não estão, na maioria das vezes, claros para o público.

9- Percebe-se também atualmente, em especial nestes blogs mais famosos que encontramos na web, que o personalismo é importante ferramenta na consolidação de projetos online. Isto é, quem acompanha um determinado blogueiro, quer ouvir a opinião e, porque não, as impressões dele sobre tudo o que acontece na esfera em que ele atua. Será que essa perspectiva individual, que cada vez mais tem migrado para as organizações e grandes veículos de comunicação, já sinaliza uma mudança do que teremos no jornalismo mais na frente? O jornalismo colaborativo pode ser uma saída para essa enxurrada de opiniões e personalismo da notícia?
A credibilidade da notícia não está centrada nos veículos, mas nos jornalistas, nas pessoas que apuram e produzem o conteúdo. Sejam elas jornalistas ou não. Por isso, muitas vezes, a audiência acompanha o profissional por onde quer que ele esteja. O jornalismo colaborativo é uma tentativa de dar mais espaço ao cidadão comum ao publicar textos e imagens remetidas pela audiência. Alguns veículos estão colocando os nomes de alguns atores como colaboradores do conteúdo, dando crédito à fonte. Essa colaboração, no entanto, é limitada. Não podemos nos iludir. Nada é publicado sem passar pelo crivo da empresa. Nada é publicado sem o consentimento dos editores. Ou seja, tem uma interferência direta dos filtros econômicos e políticos sempre.

10- Antes de encerrar, gostaríamos que você nos contasse mais sobre o lançamento do livro, que irá acontecer neste domingo (30), na Fenelivro. Além da tarde de autógrafos, haverá um debate sobre o tema?
O livro é uma produção independente que conta com o apoio cultural da Cepe. Fui convidada pelo jornalista Evaldo Costa, que fez o texto da orelha do livro, para lançá-lo na Feira Nordestina do Livro, do qual é curador. Antes do lançamento, haverá um bate papo sobre o resultado de minha pesquisa e temas que perpassam o jornalismo. Conto com a participação do jornalista Laurindo Ferreira, editor geral do Jornal do Commercio, e dos professores Amílcar Bezerra (UFPE) e Juliano Domingues (Unicap). A feira ocorre no Centro de Convenções. A conversa e o lançamento acontecem em um espaço dentro da feira chamado do Café Literário, a partir das 15h.

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