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Aluízio Falcão lança o livro “Memorial de grandes ausências”

O lançamento será nesta sexta-feira (14), às 19h, no canal youtube.com/cepeoficial

Exemplos históricos mostram grandes talentos e personalidades que passaram a vida quase invisíveis, anônimos, incompreendidos por seus contemporâneos. O pintor holandês Van Gogh (1853 – 1890), por exemplo, só vendeu um único quadro em toda a sua atribulada existência, A videira vermelha, por 400 francos. Injustiças históricas como essa inspiraram o escritor pernambucano Aluízio Falcão a escrever Memorial de grandes ausências, publicado este mês pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe Editora). O lançamento do título será feito através de uma live, nesta sexta-feira (14), às 19h, no canal da Cepe no Youtube: youtube.com/cepeoficial.

Participarão da live, junto com o autor, o escritor e jornalista Homero Fonseca, que será mediador do bate-papo; e Antônio Torres, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras.

Nas 290 páginas, o autor perfilou 15 personagens, definidos pelo prefaciador, o jornalista e escritor Fernando Portela, como anônimos, malditos e quase malditos das épocas em que viveram. Foram eles: os poetas Augusto dos Anjos, Fernando Pessoa e Paulo Leminski; os escritores Lima Barreto, Franz Kafka, o padre poeta Daniel Lima, a cangaceira Maria Bonita, as militantes comunistas Olga Benário e Iara Iavelberg, os pintores Van Gogh e Amedeo Modigliani, a escritora Hilda Hilst, o cientista Oswaldo Cruz, o diplomata Sérgio Vieira de Mello e o ativista Nelson Mandela.

Mas foi o holandês, pós-impressionista, que despertou no escritor o desejo de explorar o tema. “A ideia do memorial me veio à cabeça quando assisti um ótimo filme sobre Van Gogh. Houve uma cena em que ele dialogava com um padre, capelão do hospício em que estava internado. O padre dizia que os seus quadros jamais seriam vendidos porque eram absurdos e de má qualidade artística. Ele respondeu que as ideias de Cristo somente foram reconhecidas 40 anos depois de sua morte. Saí do cinema com esta frase na cabeça: Glória depois da vida. Chegando em casa comecei a fazer uma lista com muito mais que 15 personagens. Fui ajustando até chegar ao volume planejado para um novo livro”, conta.

Mais do que uma boa ideia, Aluízio quis fazer uma evocação e resgate da memória dessas personalidades. Muitos outros nomes poderiam ter se juntado à lista do autor, cujo critério de representatividade foi a diversificação. Para perfilar cada um deles, o escritor adotou um trabalho de pesquisa que exigia a leitura de, no mínimo, três livros por perfil, além da investigação em sites e outras mídias. Em um ano, Aluízio Falcão já tinha lido quase 60 livros.

Augusto dos Anjos recebe a definição de poeta dos anjos e demônios, no capítulo destinado à sua história tão curta quanto intensa. O autor, que parecia carregar todas as dores do mundo, morreu de pneumonia aos 30 anos e em seu único livro publicado, Eu e outras poesias, um dos versos retrata bem o peso existencial que carregava: “Acostuma-te à lama que te espera! / O homem que, nesta terra miserável / Mora, entre feras, sente, inevitável / Necessidade de também ser fera!”.

Lima Barreto é outro que bem sabia, glória não teria. “Eu, mulato ou negro, como queiram, estou condenado a ser sempre tomado por contínuo.” Sobre o escritor, falecido em 1922, Aluízio lembra a homenagem feita em 2018 na Feira de Parati. No entanto, vítima do racismo, alcoolismo e loucura morreu ignorado pela crítica da época.

Sobre todos os 15 nomes o autor faz uma triste conexão que os liga ao esquecimento e à incompreensão. Será que hoje a história se repete? Não estaríamos cometendo os mesmos erros do passado?  Afinal, olhar para trás a partir do memorial nos faz ter mais atenção e cuidado com os talentos que transitam no presente.

Por isso o autor ressalta que há grandes talentos por aí que não afloram porque é difícil o acesso aos grandes canais de comunicação, e provoca: “Quem sabe, depois de 2022, surgirá um ministro da Cultura que organize um comitê de busca, encarregado de identificar novos talentos?”

SOBRE O AUTOR
Aluízio Falcão é autor de dois livros editados pela Cepe: Contos da era das canções e outros escritos e Pernambucanos imortais e mortais – Trinta perfis e outras palavras. Como jornalista trabalhou no Diario de Pernambuco, na Rádio Olinda, Última Hora – Nordeste, presidiu o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Recife. Integrou o Conselho de Direção do Movimento de Cultura Popular (MCP) na gestão municipal de Miguel Arraes, de quem veio a ser secretário particular quando o então prefeito do Recife elegeu-se governador de Pernambuco. Em São Paulo, onde mora desde 1964, dirigiu a Discos Marcus Pereira e a Gravadora Eldorado, ambas voltadas para a documentação cultural. Por sua atuação nesta área, recebeu o Prêmio APCA – Associação Paulista dos Críticos de Arte (1974) e o Prêmio Personalidade do ano – Música Popular – da Editora Abril (1979). Chefiou o Departamento de Programação da Rádio Eldorado e colaborou regularmente no Caderno 2 do Jornal O Estado de S. Paulo. Foi comentarista de música popular brasileira da TV Justiça (Supremo Tribunal Federal). Aposentou-se e, hoje, dono de seus horários, é redator freelancer nas áreas de produção cultural e comunicação.

SERVIÇO
Lançamento: Memorial de grandes Ausências, da Editora Cepe na live do dia 14 de maio, às 19h, no canal da Cepe no Youtube: youtube.com/cepeoficial
Valor de venda do livro impresso: R$ 45
E-book: R$ 18

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