Ilê Axé Oyá Bery/Centro Espírita Pai Canindé inaugura o Memorial Yalorixá Helena de Freitas
Postado em: Povos tradicionais e populações rurais
O Ilê Axé Oyá Bery/Centro Espírita Pai Canindé vai inaugurar, neste sábado (4), o Memorial Yalorixá Helena de Freitas dentro das suas dependências, localizadas no Barro, Zona Oeste do Recife. A iniciativa também contará com o lançamento de um catálogo com textos e fotografias referentes ao conteúdo expográfico do espaço e a produção de um documentário sobre a história do terreiro também fazem parte desta iniciativa. A iniciativa conta com incentivo do Governo de Pernambuco, por meio do Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe) e a Universidade de Pernambuco (UPE).
A ideia do Memorial nasceu a partir das experiências do Laboratório de Estudos da História das Religiões (LEHR) da Universidade de Pernambuco – Campus Mata Norte, vivenciadas entre os anos de 2020 e 2021, em parceria com o Ilê Axé Oyá Bery / Centro Espírita Pai Canindé, com o objetivo de fomentar o debate sobre as questões étnico- raciais no campus, com enfoque no protagonismo das Comunidades Tradicionais de Terreiro (CTTro) do Estado. As atividades reuniam um público diverso, entre docentes, discentes do curso de Licenciatura em História, do Mestrado Profissional em Ensino de História, alunos egressos da UPE e representantes de Casas de Matriz Africana da Região Metropolitana do Recife e Zona da Mata Norte.
Foram discutidas temáticas como oralidade e memória, racismo religioso, a sacralização do patrimônio afro-brasileiro, os terreiros enquanto lugares terapêuticos e sociais, a relação corpo e alimento nas religiões de matriz africana, os terreiros enquanto espaços de produção de saberes, os coletivos socioculturais negros e a aplicabilidade da Lei nº. 10.639/03.
A intenção do LEHR era transformar o silêncio da academia a respeito da temática envolvendo as CTTro, em ações de mobilização, de comunicação e de novas aprendizagens. A iniciativa abriu caminhos para a construção de novas formas de entendimento sobre assuntos historicamente demonizados, tratados de forma estereotipada, preconceituosa e sedimentados em versões discursivas eivadas de verdades absolutas e sentimentos de ódio e de negação.
O Memorial surge como um espaço de saber edificante e como um ato contracolonial, de resistência contra todas as formas de apagamento, de silenciamento e de negação das narrativas protagonizadas pelos povos dos terreiro, dobrando o esquecimento e a invisibilidade que o sistema racista impôs sobre as práticas culturas negras e todas as formas de comunicação com o sagrado que divergem do modelo ocidental hegemônico.
