Vinícius Sarmento: “AB é um estado de espírito”
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O convidado do Eu Indico desta semana é o músico Vinícius Sarmento. O jovem violonista que impressiona pelo apuro e domínio ao violão, herança inconteste do pai, Nuca, do tio, Bozó 7 Cordas, e até mesmo do padrinho, Raphael Rabello. Já se apresentou ao lado de nomes como Dominguinhos, Yamandu Costa, Henrique Annes, Tibério Azul, Sebastião Tapajós, Lula Queiroga, China e Luiza Possi, entre outros. Atualmente, integra a banda Seu Chico.
Aos internautas, ele indica o álbum AB, segundo da carreira do pianista Vitor Araújo, outro importante nome da nova cena musical da música instrumental pernambucana. Com um jeito próprio de se expressar musicalmente ao piano, Vitor demarcou território através do seu primeiro trabalho, TOC, e da vigorosa e arrojada sequência, AB, lançada em 2012.
“Conheci o trabalho de Vitor na TV Cultura, acho que em 2007. Era o Variando, uma espécie de DVD demo que seria o embrião do TOC, seu primeiro trabalho oficial, lançado pela DeckDisc, no ano seguinte. De imediato, me prenderam a atenção seu virtuosismo e sua presença magnética no palco. Viria conhecê-lo pessoalmente em 2009, através de Lula Queiroga, quando nos convidou para uma homenagem ao aniversário de Recife e Olinda. A partir daí nos tornamos amigos e pude acompanhar de perto a evolução musical e artística que resultou no AB, lançado em 2012.
AB é um estado de espírito. Impossível ficar indiferente à carga dramática do lado A e ao vigor da parte B. Na primeira, a suíte denominada “Solidão”, composta de 4 movimentos. Sensíveis, densas, as peças revelam um compositor inspirado e plenamente consciente do resultado estético que pretende atingir. São a forma silenciosa e introspectiva da solidão. Penso que Vitor as compôs pra si, mostrar foi só um detalhe.
O lado B é a antítese do A. Não que o negue, pelo contrário, o complementa, mas é a forma explosiva do mesmo sentimento. Começa com “Baião” (nada menos introspectivo do que um baião), de sua autoria, onde convida o alquimista Yuri Queiroga para interferir com programações e samplers. Segue com “Jongo”(Lorenzo Fernandez), participação do mestre Naná Vasconcelos, depois “Veloce”(Claude Bolling), um jazz delicioso que conta com a participação do Rivotrill, e fecha de forma triunfal ao lado do Macaco Bong em “Pulp”, outra composição sua, inspirada no universo fantástico de Tarantino, Robert Rodriguez e Bukowisk. Dez minutos de música-filme, climas, reviravoltas, guitarras frenéticas e um imaginário sangue jorrando divertidamente na tela do cinema.
“AB” é um disco para se ouvir com atenção. Para ir da melancolia ao êxtase. Um grande disco“.
Ouça duas canções do disco AB, de Vitor Araújo

