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Maracatu Nação pode se tornar Patrimônio Cultural da Humanidade

Candidatura foi submetida à Unesco esta semana e teve participação ativa do Governo do Estado de Pernambuco através da Fundarpe

Eduardo Queiroga/Secult-PE

Eduardo Queiroga/Secult-PE

O Maracatu Nação, conhecido também como Maracatu de Baque Virado, é considerado Patrimônio Imaterial do Brasil, segundo o Iphan

Símbolo de resistência, ancestralidade, saber tradicional e pertencimento, o Maracatu Nação é identidade pernambucana há mais de 200 anos. E agora pode se tornar também Patrimônio Cultural da Humanidade já que sua candidatura foi submetida à Unesco pelo Governo Federal através do Ministério da Cultura (MinC) e do Ministério das Relações Exteriores (MRE). O documento foi construído pela equipe de Patrimônio Imaterial da Fundarpe junto às comunidades detentoras do saber do Maracatu Nação e ao Iphan. Um processo coletivo e que ressalta o aspecto comunitário e agregador da tradição cultural popular. Com a candidatura, o Maracatu Nação entra para a seleta lista de oitos bens imateriais do Brasil a serem reconhecidos internacionalmente.

Para a presidente da Fundarpe, Renata Borba, o Maracatu Nação é principais bens culturais que preserva as histórias das populações negras do Brasil. “De grande repercussão nacional, é em Pernambuco que essa tradição encontra sua essência, territorialidade e singularidades. Os grupos de Maracatu Nação desempenham um papel significativo na prevenção social e na perpetuação de uma tradição secular, além do imensurável valor artístico de suas práticas. O título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade permitiria a ampliação do alcance do trabalho desses coletivos”, ressalta a gestora.

A importância da busca pelo reconhecimento internacional do Maracatu Nação é destacada pela secretária de Cultura de Pernambuco, Cacau de Paula. “Esse saber tradicional tão central para nosso povo pernambucano já recebeu o alcance nacional de forma institucionalizada em 2014, quando foi reconhecido Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Iphan. O Maracatu Nação é uma das manifestações culturais mais antigas do nosso Estado. Através de sua sonoridade, de suas cores e danças a história de Pernambuco é contada a partir do protagonismo do povo negro. Ter o título da Unesco vai permitir com que mais ações de salvaguarda possam ser realizadas, trazendo visibilidade internacional para o Maracatu Nação”, afirma Cacau de Paula.

Processo de candidatura

A documentação entregue à Unesco tem como principal objetivo garantir o reconhecimento internacional do Maracatu Nação, assegurando que a comunidade de detentores possam ter acesso a oportunidades além dos limites de seus territórios. A formalização da entrega do dossiê ao Iphan e à Unesco atende a uma demanda antiga dos detentores, que foi sinalizada desde a elaboração do Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC) do Maracatu Nação.

Em 2021, mestres detentores da forma de expressão representados pela Associação dos Maracatus Nação de Pernambuco (Amanpe) e pela Associação dos Maracatus de Olinda (AMO) solicitaram apoio do Governo do Estado de Pernambuco para a formalização do pedido ao Iphan. Para entrar na Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da Unesco, a candidatura deve seguir alguns critérios, como o bem cultural ser registrado como patrimônio imaterial pelo Iphan; ter um plano de salvaguarda elaborado; e garantir o envolvimento dos detentores do bem cultural no processo.

O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, órgão colegiado de decisão máxima do Iphan para registros e tombamentos de bens culturais, no segundo semestre de 2024, aprovou a indicação da candidatura do Maracatu Nação à Lista Representativa da Unesco. Agora, com a documentação entregue, a expectativa é que a organização aprecie a candidatura do bem cultural até o final de 2026.

Costa Neto

Para a Fundarpe e a Secult-PE, este é um importante reconhecimento da relevância cultural e social dos maracatus,sobretudo considerando que há grupos com mais de 200 anos de história. Dentro desses Maracatus há uma transmissão constante de saberes culturais, religiosos e artísticos, com destaque para a formação de percussionistas, aderecistas, dançarinos e produtores culturais.

Além disso, as Nações desempenham um papel significativo na prevenção social, retirando jovens da vulnerabilidade e acolhendo a diversidade, formando e encaminhando pessoas em todas as áreas da vida. Assim, a inscrição do Maracatu Nação na Lista Representativa do Patrimônio Cultural da Humanidade é fundamental para ampliar o alcance do trabalho dessas comunidades e garantir os recursos necessários para a salvaguarda dessa importante expressão cultural.

Sobre o Maracatu Nação – Também conhecido como maracatu de baque virado, é uma manifestação artística da cultura popular e carnavalesca em que um cortejo real desfila pelas ruas, acompanhado de um conjunto musical percussivo. Os maracatus nação podem ser remontados às antigas coroações de reis e rainhas congo. Passaram por transformações e mudanças ao longo do século XX, demonstrando sua capacidade de adaptação e permanência.

Trata-se, portanto, de uma forma de expressão da cultura negra, que tem sido considerada primordial na definição das identidades culturais pernambucanas, herança e resistência de negros e negras do passado. É uma manifestação performática que engloba dança e música, considerada como uma forma de expressão, assim compreendida pelo fato de cortejo e percussão serem indissociáveis.

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