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Na Semana do Patrimônio, Fundarpe abre as portas do São Luiz para estudantes de arquitetura

Alunas e alunos vivem experiência de espetadores de uma obra literalmente cinematográfica

Na Semana do Patrimônio Cultural de Pernambuco, estudantes universitários de arquitetura, de quatro instituições do Recife, tiveram a oportunidade, nesta quinta-feira, de conferir de perto a obra de restauro do forro decorado do Cinema São Luiz, no Centro da Cidade. A ação, promovida pelo Governo do Estado, por meio da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), buscou aproximar alunas e alunos da prática do restauro.

As visitas mediadas foram conduzidas por Matheus Almeida, gestor de Patrimônio da obra de restauro do São Luiz, junto com a equipe da Fundarpe formada pelas arquitetas e assessoras administrativas Eva Passavante, Carolina Moura e Lucyana Pio, da Diretoria de Patrimônio. Participaram turmas dos cursos de arquitetura da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Faculdade Esuda e Uninassau, cada uma com 30 alunos em média, além de professores e funcionários da obra.

Antes de conhecerem presencialmente o canteiro de restauro do São Luiz, os estudantes assistiram, no mezanino, a uma apresentação em que Matheus explicou em detalhes cada etapa do processo da obra. Em seguida foram para a sala do cinema, no térreo, onde puderam conferir boa parte do forro decorado já restaurado e demonstrações de como o gesso é montado.

A primeira turma, com 27 alunas e um aluno da disciplina de sistemas estruturais do 3º período do curso de arquitetura da Unicap, estava monitorada pela professora Kyria Tsutsumi. A maioria das estudantes sequer havia entrado no São Luiz antes dessa visita e ficou impressionada, tanto com o restauro quanto com a suntuosidade da sala. Também estiveram presentes os professores Eudes Rocha e Pedro Valadares, da Universidade de Pernambuco (UPE).

“É muito importante trazermos alunos de arquitetura e engenharia, porque temos um pouco de ausência desse conhecimento de técnicas construtivas”, considera Matheus Almeida. “Na universidade até aprendemos na teoria, mas na prática há certos cuidados, o restauro é tratado como uma obra de arte. Temos que passar esse amor, porque quem trabalha com resturo trabalha com amor para que tudo saia perfeito e nenhuma área seja puladas. E passar a forma como fazemos isso para esses alunos, que são o futuro das obras, é muito importante que eles tenham esse conhecimento e consciência da importância e grandeza que temos aqui em Pernambuco”, afirmou.

Eva Passavante lembrou que essas visitas com estudantes já são comuns durante a Semana do Patrimônio Cultural há oito anos. “Procuramos sempre aproximar os alunos de obras que estejam acontecendo no Estado e que sejam acompanhadas pela Fundarpe. Na tentativa de trazer esse público, que aprende na academia, para a prática da arquitetura, na especificidade do restauro”, explicou. “Temos aqui uma obra espetacular, por ser um forro em gesso decorado. Não é comum na prática do dia a dia. Trazer esses alunos para ver de perto o que está acontecendo é algo que valorizamos na Semana do Patrimônio.”

Para a professora Kyria Tsutsumi, foi uma oportunidade incrível e única, para ela e as alunas. “No terceiro período de formação tiveram a possibilidade de entrar em uma obra preparada para recebê-las, podendo demonstrar o passo a passo dos elementos de adorno, do restauro, da cauterla como a empresa está executando essa formação”, observou. “É sempre uma estratégia interessante trazer os alunos para a obra, mas é muito difícil pausar uma obra para que receba uma turma. Estou boquiaberta. Está de parabéns as pessoas que estão na organização e promoveu essa experiência única para os estudantes”, elogiou.

A docente ainda ressaltou que o nicho de patrimônio tem muito potencial no Recife, porém, é pouco trabalhado. “Para mim foi surpreendente como o processo é artesanal, uma obra de arte escultórica, em cada fragmento. Desde a limpeza das peças até a formação, os moldes em gesso e em silicone. Artesanal e prototipado de uma maneira tão pessoal”, observou. “Fiquei feliz em perceber como a obra conecta o profissional à prática, deixando uma margem para a criatividade e invenção. E é isso o que precisamos na academia.”

Um de suas alunas, Maria Antônio Campos, 23 anos, nunca havia entrado no Cinema São Luiz. “Fiquei surpresa, porque é uma estrutura grandiosa, a nível mundial. É incrível, um trabalho impecável. Espero que fique pronto logo para que minha geração comece a frequentar esse cinema, que é belíssimo e tem uma programação incrível”, almejou.

A SALA – Inaugurado no dia 6 de setembro de 1952 e situado às margens do Rio Capibaribe, na cabeceira da mais moderna ponte da cidade à época, a Ponte Duarte Coelho, o cinema São Luiz tornou-se um dos mais emblemáticos cinemas do Recife, prezando por essa arte em sua concepção clássica, com exibição em cineteatro. Atualmente, é o de mais rica concepção artística e arquitetônica do Recife e um dos últimos cinemas de rua do Brasil.

Em 2008, o prédio foi tombado como monumento histórico pelo Governo do Estado que, por meio da Fundarpe, trouxe de volta ao público o tradicional cinema São Luiz revitalizado e sem os vícios da mídia cinematográfica, preservando e difundindo a arte do cinema e contribuindo para o resgate da história da cidade e a manutenção de um verdadeiro templo de sua cultura.

Em 5 de novembro de 2015 o cinema pernambucano inaugurou seu novo projetor digital Barco 23B 4K, com capacidade de projetar filmes em 3D, além de um servidor digital e novos processadores e amplificadores de som para o formato Dolby 7.1. Em julho de 2022, o São Luiz foi fechado para a implantação de um novo sistema de refrigeração, correção de problemas de vazamento de cobertura e redimensionamento das suas instalações elétricas. Após chuvas torrenciais ocorridas no Recife em fevereiro de 2023, o equipamento precisou ser totalmente interditado por medida de segurança.

A primeira etapa das ações para reabertura do cinema, tratado com prioridade e responsabilidade pelo Governo do Estado, por meio da Fundarpe, contemplou a execução de serviços emergenciais no sistema de esgotamento de águas pluviais do equipamento cultural.

A SEMANA – A Semana do Patrimônio Cultural de Pernambuco é um evento promovido pelo Governo do Estado, por meio da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), com a colaboração de diversos parceiros. Com o objetivo de comemorar o Dia Nacional do Patrimônio Histórico (17 de agosto) ao longo dos anos, tem-se estabelecido como um espaço de debates, interdisciplinar e interinstitucional, sobre questões essenciais para a compreensão das formas de constituição, valorização, reconhecimento e preservação dos patrimônios culturais, a partir de ações previstas em quatro eixos: pensar, interpretar, brincar e experimentar o patrimônio.

Este ano, em sua 17ª edição, com o tema Educação, Território e Participação Social, tem por objetivo destacar a relevância dos diferentes processos educativos, da participação social e gestão compartilhada na proteção e salvaguarda dos patrimônios culturais em diversos territórios pernambucanos. Em seu escopo traz para a discussão a emergência da valorização (no campo do patrimônio) dos saberes das comunidades tradicionais, das tradições orais, dos saberes de artífices, de mestres e mestras, da relação das religiosidades e ofícios com o meio ambiente e natureza; bem como elucidar experiências acadêmicas de entes representativos e de arranjos coletivos de participação social no mapeamento e na gestão, zeladoria e continuidade dos bens culturais.

Com uma extensa programação, a Semana do Patrimônio Cultural de Pernambuco segue com ações o dia 28 de agosto. Confira aqui a agenda completa.

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