Nova Revista Aurora 463 é lançada em meio a profundas reflexões acadêmicas
No Dia do Patrimônio, evento marcou encerramento oficial da semana que celebra o tema, mas que continua até 28 de agosto
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O encerramento oficial da 17ª Semana Estadual do Patrimônio Cultural de Pernambuco, neste sábado, 17 de agosto, Dia Nacional do Patrimônio Histórico e Cultural, foi marcado pela realização do 8º Encontro de Reflexões Acadêmicas sobre o Patrimônio Cultural e pelo lançamento da 9ª edição da Revista Aurora 463. Os eventos aconteceram no Auditório Aloísio Magalhães da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), no bairro do Derby (área central do Recife), com transmissão ao vivo pelo canal do YouTube da Secretaria Estadual de Cultura (Secult-PE) e Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), com um nível de excelência que arrancou elogios de todos os presentes.
Confira aqui a gravação do 8º Encontro de Reflexões Acadêmicas sobre o Patrimônio Cultural
Antes de saber como foi o encontro, vale a pena saber de uma ótima notícia: a 17ª Semana Estadual do Patrimônio Cultural de Pernambuco terminou, mas não acabou. Isso mesmo. Com uma extensa programação, segue com atividades até o dia 28 de agosto, na capital e no interior do Estado.
Confira aqui a agenda completa.
“Embora nós chamamos de Semana Estadual do Patrimônio Cultural de Pernambuco, é uma programação que já não cabe mais dentro de apenas uma semana”, explicou o designer Flávio Barbosa, assessor de Gestão da Fundarpe e coordenador do evento. “Temos mais de 200 ações em 39 municípios do Estado. Patrimônio cultural é uma área extremamente abrangente e envolvente e transversal a várias áreas de conhecimento e linguagens culturais, como design, moda, fotografia e de pesquisas acadêmicas em antropologia, arquologia, museologia, história e gastronomia”, relacionou. “E quer envolver cada vez mais a sociedade para que reconheça isso e atue na preservação de seus bens.”
A 9ª edição da Revista Aurora 463 traz artigos e relatos do que ocorreu na 16ª Semana do Patrimônio, em 2023. É considerada impostante para perpetuar as discussões que vem sendo travadas durante o evento. “Um dos destaques desta edição é um trabalho acadêmico escrito por Ulysses Pernambucano de Mello Neto (arqueólogo, historiador e ex-presidente da Fundarpe, em 1979-81, falecido no último dia 9), um dos últimos que ele realizou e nos apresentou”, lembrou Flávio Barbosa.
O lançamento da Revista Aurora 463 ocorreu ao término do Encontro de Reflexões Acadêmicas sobre o Patrimônio Cultural. Em sua 8ª edição, a reunião recebeu ex-alunos dos cursos de arqueologia, arquitetura & urbanismo, biblioteconomia, gastronomia, história e museologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) para apresentarem seus trabalhos finais de graduação e participarem de debates.
A ideia do encontro é criar um espaço de diálogo e trocas entre diferentes áreas do conhecimento, que atuam conjuntamente no exercício do reconhecimento e da conservação dos múltiplos aspectos significativos de nossa cultura e identidade, formando nosso patrimônio cultural.
Foram convidados Ayla Milena Amaral Santos (gastronomia, UFPE), com seu trabalho Ações de Preservação do Patrimônio Alimentar em Pernambuco: Uma Vivência na Fundarpe; Bruno Galvão Guedes (arquitetura & urbanismo, UFPE), com Pesca, Território e Cotidiano: Uma Compreensão Coletiva dos Bens Culturais de Jaguaribe; Carolina Maria Ferreira Ribeiro (biblioteconomia, UFPE), com Memória, Patrimônio e Coleções: Um Estudo dos Acervos das Igrejas Católicas de Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes Tombados pelo Iphan; Jacqueline Gabriele de Araújo Torres (arqueologia, UFPE), com Análise do Estado de Conservação do Patrimônio Industrial Ferroviário através da Fotogrametria: O Caso da Antiga Estação Ferroviária de Quipapá (PE); Nicoly Maria Caetano Lima (história, UFRPE), com A Morte de Africanos “Novos”: Lugares de Memória na Freguesia do Santíssimo Sacramento de Santo Antônio (1820-1831); e Jonas Batista da Silva (museologia, UFPE), com Monumento Tortura Nunca Mais: Um Patrimônio do Presente.
Em dois grupos de três convidados, os graduados fizeram breves apresentações individuais de seus trabalhos e participaram de debates conduzidos pela arqueóloga e historiadora Pollyana Calado, técnica da Diretoria de Preservação do Patrimônio Cultural (CPPC) da Fundarpe, com a presença de arquiteta e urbanista Laryssa Araújo à mesa. Todas as obras foram bastante elogiadas pelo público presente e suscitaram análises, comentários e perguntas levando o encontro a estrapolar o horário de duração previsto.
De acordo com Pollyana Calado, a principal contribuição que a Fundação almeja é trazer essas outras áreas de conhecimento para pensar junto o que a academia está trabalhando em relação à preservação do patrimônio cultural. “Para nós, enquanto técnicos, também é útil para reciclar e até ressignificar nossas práticas. E trazer informações para eles também. É uma troca”, contou.
Na equipe da Fundarpe, além de Flávio e Pollyana, estiveram presentes as técnicas Carolina Moura, Gabriela Cordeiro e Kézia Feitosa.
A SEMANA – A Semana do Patrimônio Cultural de Pernambuco é um evento promovido pelo Governo do Estado, por meio da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), com a colaboração de diversos parceiros. Com o objetivo de comemorar o Dia Nacional do Patrimônio Histórico (17 de agosto) ao longo dos anos, tem-se estabelecido como um espaço de debates, interdisciplinar e interinstitucional, sobre questões essenciais para a compreensão das formas de constituição, valorização, reconhecimento e preservação dos patrimônios culturais, a partir de ações previstas em quatro eixos: pensar, interpretar, brincar e experimentar o patrimônio.
Este ano, em sua 17ª edição, com o tema Educação, Território e Participação Social, tem por objetivo destacar a relevância dos diferentes processos educativos, da participação social e gestão compartilhada na proteção e salvaguarda dos patrimônios culturais em diversos territórios pernambucanos. Em seu escopo traz para a discussão a emergência da valorização (no campo do patrimônio) dos saberes das comunidades tradicionais, das tradições orais, dos saberes de artífices, de mestres e mestras, da relação das religiosidades e ofícios com o meio ambiente e natureza; bem como elucidar experiências acadêmicas de entes representativos e de arranjos coletivos de participação social no mapeamento e na gestão, zeladoria e continuidade dos bens culturais.