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Arte e cultura negra mostram potência no 30º Festival de Inverno de Garanhuns

Fran Silva/Secult-PE/Fundarpe

Fran Silva/Secult-PE/Fundarpe

O Afoxé Oyá Alaxé foi uma das atrações que circularam pelo Palco de Cultura Popular nestes últimos dias

O maior festival de arte, cultura, formação e diversidade da América Latina completa três décadas reverenciando artistas negros. A festividade é uma realização da Secretaria de Cultura de Pernambuco e da Fundarpe

“Nossa presença no Festival de Inverno de Garanhuns (FIG) é muito mais do que participar de um espetáculo”, contou orgulhoso Manoelzinho Salustiano, doutor honoris causa pela Universidade de Pernambuco e presidente da Associação de Maracatus de Baque Solto. Salustiano revelou que o destaque à cultura negra revela o compromisso do festival com a dimensão racial e a diversidade artística produzida pelos negros e negras do Brasil.

Júnior Afro, vice-presidente da Fundarpe, avalia que esta edição do FIG é especial por reunir três aspectos importantes para a cultura negra: a diversidade, a imagem e o discurso artístico. “A presença dos quilombolas, da Banda de Pífanos de Castainho, de grupos de tradição, dos jovens talentos, os debates e os lançamentos de livros isso impulsiona outros setores públicos e privados para que possam olhar de forma respeitosa a arte negra e toda a sua produção”, explicou Junior Afro.

Isso porque a arte negra pulsa no festejo. Já na abertura, O FIG recebeu no Teatro Reinaldo Oliveira – Sesc Garanhuns as cantoras Mariene de Castro e Gabi de Carmo, com o show intitulado “Povo de Santo”, saudando as religiões de matrizes africanas e reforçando o poder das mulheres negras que estampa seus rostos em diversas frentes artísticas do festival.

Felipe Souto Maior/Secult-PE/Fundarpe

Felipe Souto Maior/Secult-PE/Fundarpe

Mariene de Castro convidou a cantora pernambucana Gabi do Carmo para cantar no show de abertura do FIG

A dimensão racial também é o rosto das ações de inclusão e acessibilidade no FIG, com o trabalho dos apresentadores e interprete de línguas negros Luna Vitrolira, no Palco Dominguinhos; Kemla Baptista, na Praça da Palavra; Lalá Vieria, no Palco Pop; e Wagner Souto, no Palco do Forró. Para além de conduzir as atrações e empunhar o microfone em cima do palco esses apresentadores trazem suas trajetórias e referencias para mulheres e homens negros ao se verem nesse destaque que o festival as alçou.

Antônio Melcop/Secult-PE/Fundarpe

Antônio Melcop/Secult-PE/Fundarpe

Kemla Baptista é a apresentadora da Praça da Palavra Carolina Maria de Jesus, polo literário do evento

“Acho importante a presença negra nesse evento, sendo protagonista, isso me enche de orgulho, quando se dá oportunidade e olham para nós, com olhar de que podemos somar”, diz o comunicador comunitário Wagner Souto.

Felipe Souto Maior/Secult-PE/Fundarpe

Felipe Souto Maior/Secult-PE/Fundarpe

O quilombo do Castainho é um dos polos culturais do 30º FIG e tem sido palco de diversas oficinas e apresentações culturais

A força quilombola - Garanhuns é cercada por seis comunidades quilombolas: Castainho, Estivas, Caluete, Timbó, Tigre e Estrela. Castainho foi fundada em 1695 por negros que conseguiram fugir da violenta ação que destruiu o Quilombo dos Palmares, território sagrado e marcado pela luta e resistência do povo negro. A comunidade recebeu um dos polos do FIG, com apresentações de grupos de coco, oficinas, maracatus e afoxés.

A programação segue nos dias 27 e 28/7, com shows do grupo Coco Castelo Branco. Já no dia 29/7, sobem ao palco o Coco do Mestre Zé do Beco às 14h, o Reisado de Inhanhum Patrimônio Vivo, às 15h, e o Grupo Indígena Fethxá, às 16h. No dia 30/7, O Pólo Castanhinho recebe o Samba de Coco Raízes de Tupanatinga, o Maracatu Nação Raízes de Pai Adão e o Afoxé Omo Nilê Ogunja.

Coletivo Poétnico

Da Comunidade Quilombola Curiquinha, o Coletivo Poétnico também marcou presença no FIG, dentro da programação da Praça da Palavra Carolina Maria de Jesus

Literatura negra - O FIG também recebeu o Coletivo PoÉtnico da comunidade Quilombola Curiquinha dos Negros, situada no Brejão. O grupo organizado pelo poeta Cesar Monteiro apresentou seu livro “Poétnico um poema para preta”. A moradora Anara Nayara, 12 anos, contou que ao ler a obra se apaixonou por poesia e literatura e compartilhou o livro para todas as meninas da comunidade.

Anara Naiara Barbosa, uma das integrantes do

Anara Naiara Barbosa, uma das integrantes do Coletivo PoÉtnico

O coletivo hoje conta com 18 mulheres jovens que declamaram o Recital PoÉtnico na Praça da Palavra, em homenagem a escritora Carolina Maria de Jesus. Na ocasião, a ativista Inaldete Pinheiro e Odailta Alves realizaram uma emocionante apresentação e foram aclamadas pela plateia, em lágrimas. “A poesia me deu dignidade, visibilidade e me ensinou a amar meu cabelo, minha cor e seguir firme em busca dos meus sonhos”, declarou Marina Sorriso, que participou da atividade.

Potência negra - Essa 30ª edição do FIG será marcada pela potência da música negra, com shows de Baco Exu do Blues (cantor), Afroito (Cantor), Bionne (Poetisa e Rapper), Majur (Cantora), Luedji Luna (Cantora), Luana Tavares (cantora), Dani Carmesim (Cantora), Larissa Luz (Cantora e compositora), Gabi da Pele Preta (Cantora, arte educadora e ativista), Bixarte (Atriz, cantora e poeta), Uana Mahin (Musicista), Mamão do Xamba (Percursionista) Maciel Salu (Rabequeiro e mestre de maracatu rural), Malê (Percussionista), Toca Ogan (Percussionista), Xamã (Cantor), Nanny Nagô (Rapper), Bell Puã (Poetisa e escritora), MC maggo e a Jornada de Mc’s do DJ Big. Somando a outras frentes temos também: Nathe Ferreira (Grafiteira), Hermes Costa Neto (Fotógrafo), José Carbonel (Cineasta), Mayara Lacerda (Coordenadora de conteúdo da Liniker), Kalor Pacheco (Roteirista e Diretora), Sergio Sombra (Técnico de som), Mestre Cazuza (Gastronomia), Patrícia Maria (Gastronomia), Hilton Cobrar (Ator), Orun Santana (Bailarino), João Nascimento (Cineasta), Enoque Santos (Dançarino) e Firmino Pitanga (Cineasta).

Jan Ribeiro Secult-PE/Fundarpe

Jan Ribeiro Secult-PE/Fundarpe

Mãe Beth de Oxum, Patrimônio Vivo do Estado, é uma das artistas negras que compõem a grade artística do 30º FIG

Nesta sexta-feira 29, a pauta negra será abordada e celebrada na Casa dos Saberes com a roda de diálogos com povos tradicionais de matriz africana, que conta com a participação de Pai Ivo, Mãe Beth de Oxum, Pai Wesley de Jagun, Tereza França, Ana Paula Reis, Maria de Fátima e Fabiano Alafim. O encerramento da atividade será com um cortejo dos afoxés pelas ruas da cidade.

Em seguida no Palco Dominguinhos, o samba uma das grandes manifestações negras desse país será reverenciado pela vivência do patrimônio vivo do Pagode do Didi, que há 40 anos leva alegria ao povo pernambucano. Ele sobe ao palco que também recebe outras atrações como Kiara Ribeiro, Jorge Riba, Margareth Menezes e Xande de Pilares. Confira aqui a programação do 30º FIG.

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