Festival celebra 10 anos de existência (Foto: Divulgação)

Criado em 2004, o Cine Chinelo NoPE chega a sua 10ª edição neste ano. Para comemorar os 10 anos do festival, a curadoria do evento – que conta com incentivo do Funcultura, e tem como intuito de difundir as produções audiovisuais independentes, mais expressivamente as realizações pernambucanas – promoverá, durante cinco dias (de 9 e 13 de dezembro), a exibição de filmes na Rua da Alfândega, e, para comportar o total de obras inscritas de todo o Brasil, fará a expansão da já consagrada Sessão Caldo de Cana Nacional em dois dias (9 e 10 de dezembro), às 20h30. A produção do evento recebeu mais de 50 filmes de 11 estados brasileiros e os 300 primeiros minutos inscritos estarão na sessão. Ainda é possível participar das sessões dos dias 11 a 13 de dezembro, quando serão aceitos filmes de qualquer nacionalidade. As inscrições são presenciais e podem ser feitas das 16h às 20h, no Recanto da Moeda (Rua da Moeda, s/n – Bairro do Recife).

Assim como acontece todos os anos, os filmes inscritos serão exibidos sem mesmo que a produção do festival conheça. O nome Sessão Caldo de Cana brinca justamente com essa ideia de que a programação deve ter um caráter vivo e as imagens não devem ser guardadas na geladeira, uma vez prontas, devem ser exibidas. “Durante esses 10 anos sempre confiamos nas pessoas que fazem e levam filmes para o Cine Chinelo NoPE. Para essas pessoas e para seu público é que existe o Cine Chinelo NoPE e por isso permanecemos há 10 anos com a mesma proposta, porque essas pessoas nunca deixarão de existir. Uma tela de anseios, de sonhos, de vislumbre, de começo. É assim que queremos por mais uma década”, define Gê Carvalho, criador do festival.

De acordo com idealizador, a proposta do Cine Chinelo NoPE surgiu da reflexão que existe do potencial pernambucano para o audiovisual e que inspira constantemente o cenário independente. “Tais obras são inspiradoras para aqueles que adquirem uma câmera digital e saem pelas ruas filmando sua cidade, seus costumes, seus medos, suas necessidades, suas ideias. No entanto, a maioria desses filmes são realizados e guardados nas gavetas ou, no máximo, exibidos para os amigos e familiares”, destaca. E emenda: “A confiança na produção dessas pessoas é o que até hoje nos estimula a fazer o evento. O espaço é disputado numa boa porque o público é muito especial, isso chama a atenção dos realizadores para o Cine Chinelo NoPE. Além disso, prezamos pela qualidade da exibição, mesmo tendo tantas variáveis externas incontroláveis, como carros, ruídos e o tempo”, disse Carvalho.

Além dos filmes, o Cine Chinelo no PE traz também uma programação musical para depois das exibições, às 23h. Neste ano, se apresentam DJ Vinicius Leso, DJ Leon Selector, Trio Adubado, Variant e Ska Maria Pastora e Banda Sonora Duet.

Prêmio Cineclubista –Melhor Filme para Reflexão
Outra novidade desta edição é o Prêmio Cineclubista Melhor Filme para Reflexão. Feita em parceria com a Federação Pernambucana de Cineclubes (FEPEC), que acompanhará os cinco dias do Cine Chinelo NoPE, a premiação busca estimular o olhar crítico do público, uma vez que o movimento cineclubista atua diretamente na formação de plateia, por meio de exibições seguidas de debates. O júri será formados pelos cineclubistas Aroma Bandeira (Cine Difusora/Limoeiro), Márcio Andrade (Nascedouro Cineclube/Olinda) e Rayza Oliveira (Cineclube Bamako/Recife). “Essa ‘desglamourização’ do cinema está bastante alinhada com a proposta dos cineclubes aqui em Pernambuco e acredito que esse é o caminho que temos pela frente em uma luta por cinema cada vez mais cotidiano”, afirma o cineclubista Márcio Andrade que participa pela primeira vez como júri em festivais. O ganhador do prêmio será anunciado ainda no sábado, dia 13, entre a primeira e a segunda banda a se apresentar no festival.

Histórico
O Cine Chinelo surgiu enquanto o pernambucano Gê Carvalho (Galego) morava em Niterói (RJ), em uma brincadeira para o então novo ciclo de amizade criado naquela cidade. No início, o evento acontecia em locais fechados, o público era composto por amigos que optavam por entrar de chinelo ou pagar uma prenda “cinematográfica-teatral” após a sessão.

A primeira vez no Recife, o Cine Chinelo, que ganhou o complemento “NoPE” para identificar e distinguir o novo núcleo “cine chinelesco”, aconteceu na garagem do edifício sem nome e sem número, em Candeias, onde morava o então idealizador. Um telão, um projetor e uma caixa de som fizeram muita gente parar numa rua qualquer, toda esburacada, para ver filmes de realizadores pernambucanos.

Após seis anos de realizações, na agitada Rua da Moeda, o Cine Chinelo NoPE passou a acontecer na Rua da Alfândega, ainda no Bairro do Recife, por entre mesas, cadeiras, amigos e ideias surgidas entre um filme e outro. O Cine Chinelo NoPE já é um evento esperado e desejado por realizadores de vídeos independentes, pelo público em geral que prestigia as sessões, pelos donos de bares das imediações, e até por quem nunca sentou em uma cadeira ao ar livre e degustou o sabor de assistir, discutir e conhecer mais sobre cinema, de chinelo no pé.

Serviço
Cine Chinelo NoPE – 10 anos
Sessão Caldo de Cana Nacional
Terça (9) e Quarta (10) | 20h30
Sessão Caldo de Cana
Quinta (11) a Sábado (13)| 20h
Local: Rua da Alfândega, s/n – Bairro do Recife
Acesso: Gratuito