Encontro de Livre Improviso está com chamada aberta para oficinas
Evento acontece com apoio do Funcultura e irá oferecer oficinas, além de apresentações artísticas
Postado em: Funcultura
Entre os dias 17 de maio e 7 de junho acontece, na Casa Lontra, no bairro recifense da Boa Vista, o EJAGAN – Encontro de Livre Improviso. O projeto, que reúne um conjunto de ações em torno da experimentação artística, está com chamadas abertas durante o mês de abril para duas oficinas e para apresentações remuneradas. As oficinas acontecem, em paralelo, nas tardes dos sábados 17 e 24 de maio e 7 de junho.
Uma delas, Gambiarra, é conduzida pelo musicista Marcelo Campello e propõe um mergulho na improvisação sonora a partir de conceitos como horizontalidade e multidão. “Gambiarra” propõe um mergulho na improvisação sonora a partir de conceitos como “horizontalidade” e “multidão”. Utilizando o corpo e materiais reaproveitados como instrumentos, a oficina evoca a memória afetiva e a bagagem cultural dos participantes.
Já “Delírios de Linha” é uma oficina de desenho “no aqui e agora”. Facilitados pelo multiartista João Lin, que também é um dos idealizadores do Ejagan, os três dias de curso serão uma provocação em torno do desenho de improvisação, estimulando a inovação na linguagem gráfica. Cada oficina disponibiliza 12 vagas. Inscrições aqui.
A chamada pública para apresentações incentiva com R$3mil as propostas selecionadas. Ao todo serão escolhidos cinco trabalhos de improvisação livre de artistas e/ou coletivos pernambucanos ou radicados no Estado. As apresentações acontecerão no sábado de culminância do projeto, junto com a partilha de resultado das oficinas. “A livre improvisação não é sobre um tipo de arte, mas sobre um modo de fazê-la: sem controle ou definição; vivo e mutante”, explica Hassan Santos, um dos coordenadores do projeto. “O Encontro de Livre Improviso deseja reconhecer artistas que já trilham esse caminho do livro improviso, mas também provocar outros a sair do território que já atuam”, completa.
Sobre o EJAGAN - Os suportes artísticos das mais diversas naturezas participam livremente e em conjunto para expressarem uma diversidade de expressões. Essa liberdade de experimentações ampliam as linguagens para além das formas tradicionais de se fazer arte. As novas tecnologias e outras tantas ferramentas artísticas surgem como veículos e suportes para obras contemporâneas criando novas linguagens, como a videoarte, a performance, as instalações, a arte sonora, e outras tantas expressões que são improvisadas no mundo.
Mas, de que modo a improvisação nas artes pode realmente ser livre? De que maneira é possível ampliar ainda mais o ato de improvisar? Como perceber um modo de fazer arte nos dias de hoje sem as amarras estabelecidas através de escolas ou ensinamentos que buscam moldar o ato do fazer artístico? Pode-se dizer que a improvisação é uma possibilidade de variações infinitas em que se pode abandonar e retomar o sistema de linguagens impostos e criar algo novo, vivo e mutante. A improvisação não seria então um tipo de arte, mas um modo de fazê-la.
O que poderia levar a pensar que nas artes existem as linguagens tradicionais – que não devem ser excluídas – mas, que podem ser observadas e serem apropriadas para romper com as fronteiras por elas estabelecidas na arte da improvisação. Ao olhar para as mais antigas das expressões artísticas humanas, pode-se dizer que a arte da improvisação é usada desde a arte rupestre, passa pelas raízes do teatro no ritual de culto a Baco e hoje se confunde com a maneira de sobrevivência do povo. Hoje podemos observar a arte sendo contaminada pelo cotidiano do mesmo povo que a faz.
E é este modo de fazer arte que é o mote para o projeto Encontro de Livre Improviso. A proposta pretende abrir espaço para que as linguagens das artes tenham o improviso como motor de novas criações. Lembrando que o improviso já está amplamente difundido na música, no teatro e na dança. E nas artes visuais contemporâneas, cujas fronteiras entre as linguagens se mostram cada vez mais diluídas, o improviso transborda para a arte sonora, o cinema ao vivo e outras expressões.
