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Estreia do espetáculo O Tempo das Lebres celebra 25 anos da Cia. Etc.

Produzida com incentivo do Funcultura, novo espetáculo da companhia de dança do Recife propõe uma imersão sobre a aceleração da vida e o corpo em exaustão

Foto: Anderson Stevens/ Divulgação

Depois de tomar as ruas com uma série de performances, a Cia. Etc., dirigida por Marcelo Sena e Filipe Marcena, estreia O Tempo das Lebres com uma intensa temporada em outubro para celebrar os 25 anos do grupo de dança recifense – completados em 2025. As apresentações estão marcadas para esta sexta-feira (24) e sábado (25), na sede da TV Universitária (Recife), com ingressos à venda pelo Sympla (R$ 30 inteira e R$ 15 meia-entrada). Em seguida, a companhia viaja para o Sertão do Pajeú, realizando sessões em Triunfo, nos dias 30 e 31, na Sociedade Triunfense de Cultura. Confira AQUI um teaser do espetáculo.

O novo trabalho da companhia conta com audiodescrição para pessoas cegas e aprofunda uma investigação artística iniciada em 2019, inspirada no livro O Tempo das Lebres: Ensaio sobre um Rebento Contemporâneo, do filósofo José Antônio Feitosa Apolinário – ampliando ass reflexões sobre velocidade, moral e corpo na sociedade contemporânea.

A estética techno atravessa a montagem e reforça a pulsação frenética das cidades e das telas tão presentes na sociedade. E tudo se conecta à ideia de um tempo em colapso, que empurra o mundo a um estado permanente de exaustão, ansiedade e desconexão. Neste sentido, segundo Marcelo Sena, O Tempo das Lebres nasce da urgência de olhar o estado contemporâneo em que a pressa e a produtividade atingem níveis exorbitantes, mesmo após a crise provocada pela pandemia.

“Queremos dançar esse tempo, expor um corpo que tem acumulado tantas pressões e tenta atender inúmeras demandas. Num mundo que cobra eficiência o tempo todo, o que acontece com quem não acompanha o ritmo? E de onde vem essa adoração pela velocidade? O Tempo das Lebres parte dessa angústia e pergunta: o que é dançar — e viver — num tempo em que tudo precisa ser cada vez mais rápido?”, provoca o diretor da peça.

Um destaque desta temporada é que ela propõe uma imersão inédita do público no estúdio da TV Universitária, mesclando linguagens da dança, da performance, do audiovisual, da instalação e da música. “Escolhemos um estúdio para a estreia de O Tempo das Lebres porque o audiovisual é parte essencial dos processos de aceleração e avanços tecnológicos — desde o cinema da era industrial até as redes sociais e a inteligência artificial generativa. A imagem é ferramenta dessa aceleração”, explica Filipe Marcena.

A acessibilidade é parte da cena: a audiodescrição acontece no pé do ouvido, com a audiodescritora caminhando junto ao público composto por pessoas cegas e com baixa visão, narrando cada cena em tempo real. O espetáculo tem classificação indicativa de 12 anos, com aviso sobre estímulos sonoros e luminosos intensos.

As apresentações sucedem uma série de performances urbanas que serviram como laboratório criativo — Tempo Morto, Fast Foda, Escape e Memória do Mundo, esta realizada na última terça-feira (21), dentro da programação do Festival Internacional de Dança do Recife. Essas intervenções discutiram corpo, ritmo e desconforto em espaços públicos e prepararam o terreno para a obra final.

Lebres no Pajeú - O espetáculo chega a Triunfo para reencontrar o autor do livro que serviu de inspiração: o filósofo José Antônio Feitosa Apolinário, professor da UAST/UFRPE em Serra Talhada. Durante a passagem da companhia pela cidade, ele participa de uma conversa com o grupo e de um episódio especial da Rádio Etc., podcast que a companhia mantém desde 2011 — pioneiro sobre dança no Brasil, dedicado a processos criativos, entrevistas com artistas e experimentações sonoras.

O Tempo das Lebres conta com incentivo do Governo de Pernambuco, por meio do Funcultura.
Para o público, fica o aviso: a experiência é imersiva, envolvendo sons e luzes em alta intensidade, que fazem parte da linguagem do espetáculo.

25 anos em movimento - Com O Tempo das Lebres, a Cia. Etc. celebra 25 anos de trajetória, marcados pela experimentação e pela criação de novos espaços para a dança. O grupo é referência em uso de espaços alternativos, projetos de acessibilidade e videodança. Alguns exemplos são o espetáculo Tandan!, idealizado para crianças cegas, e a investigação de dança e videodança para pessoas surdas. O grupo também mantém o podcast Rádio Etc., criado em 2012, e tem a sua sede própria, algo raro entre companhias desta linguagem artística. Já circulou pelo Paraguai, Uruguai, Argentina, Chile e Portugal, levando trabalhos que cruzam dança, audiovisual e performance. A nova criação é, ao mesmo tempo, síntese e reinvenção — um mergulho no tempo, na lentidão e na resistência de seguir criando. A celebração dos 25 anos da companhia de dança com O Tempo das Lebres é, ao mesmo tempo, síntese e reinvenção — um mergulho no tempo e na resistência de seguir criando.

SERVIÇO:
O Tempo das Lebres
Mais informações: @ciaetc
Classificação: 12 anos

21 de outubro (terça-feira), às 12h
Prévia no MEMÓRIA DO MUNDO (LEBRES)
Praça do Derby (Integrando a programação do Festival Internacional de Dança do Recife)

24 e 25 de outubro (sexta-feira e sábado), às 20h
TV Universitária – Estúdio B (Avenida Norte, 68 – Santo Amaro, Recife – PE)
Ingressos: R$ 30 (inteira) / R$ 15 (meia), via Sympla ou bilheteria (1h antes)

30 e 31 de outubro (quinta e sexta-feira), às 19h
Sociedade Triunfense de Cultura (Av. José Veríssimo dos Santos, s/n – Triunfo – PE)
Entrada gratuita (retirada 1h antes)

TLEBRES - cartaz

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