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Filme “Oroboro” estreia no Recife mostrando a força transformadora da arte na adolescência

O documentário apresenta estudantes de ensino médio inseridos em um espaço de criação, encontro e formação de forma única em sessão especial no Cinema São Luiz neste sábado (9)

Foto: Claroescuro/ Divulgação

Oroboro, documentário dirigido pelo cineasta e artista visual mineiro Pablo Lobato, chega ao Recife após uma circulação nacional por onde levou a força emancipatória da arte na adolescência. O filme ganha exibição na sala de cinema de rua mais icônica de Pernambuco: o Cinema São Luiz, no dia 9 de agosto, às 14h.

Nos últimos meses, o longa foi destaque em cidades como Belo Horizonte, São Paulo e Florianópolis, lotando sessões, e passou também por Rio de Janeiro, Porto Alegre e Salvador, emocionando centenas de espectadores. Oroboro acompanha dois grupos de alunos que adaptaram para o teatro obras-primas da literatura e da música, Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, e A Flauta Mágica, de Mozart. Ao registrar também a rotina escolar, Oroboro revela uma prática formativa em que arte e vida caminham juntas — em contraste com os retratos recorrentes da adolescência marcados por diagnósticos e traumas, o filme mostra o que pode emergir quando a criação se torna eixo de formação.

A partir dos ensaios, apresentações e da rotina escolar, Oroboro acompanha a intimidade das descobertas, dores e alegrias vividas na radicalidade da juventude. As forças paradoxais das personagens encenadas movem uma vasta constelação temática: vida e morte, arte e educação, cinema e teatro, natureza e urbanização. O próprio remete ao símbolo ancestral da serpente que engole a própria cauda, formando um círculo. De origem grega, representa o ciclo da vida, a renovação e a transformação contínua.

“Diante de uma sensível prática formativa, nesta fronteira entre metrópole e interior, entre expansão econômica e conservação ecológica, percebi um espelho da sociedade brasileira contemporânea. Oroboro é fruto destes paradoxos e revela algo que resiste, vindo desse vínculo essencial entre a arte e a formação humana”, explica o diretor Pablo Lobato.

O colégio, locação principal do filme e palco das encenações, está situado em um vale entre Belo Horizonte e Nova Lima. Atravessado por um córrego e cercado por áreas verdes e corredores ecológicos, hoje se vê pressionado por uma das urbanizações mais dinâmicas do país e da especulação imobiliária.

Estudantes e educadores das áreas de pedagogia, cinema, artes, música e demais campos ligados à arte e à formação humana terão acesso gratuito à sessão no Recife, com os ingressos custeados pela Claroescuro. A única contrapartida solicitada é a organização do transporte dos participantes até o local. Caso haja interesse, a produção também poderá emitir certificados de participação para professores e profissionais da educação. Para garantir a presença, é necessário preencher o formulário disponível no link http://bit.ly/3UO834E até as 23h59 da próxima quinta-feira, 7 de agosto.

Produzido pela Claroescuro Studio, Oroboro conta com o apoio da Lei Paulo Gustavo para sua distribuição e o patrocínio da Saúva Jataí para a finalização.

A confluência entre arte e formação humana no trabalho de Pablo Lobato

O retorno de Pablo Lobato ao cinema com Oroboro reafirma seu modo de criação, que escapa a uma única linguagem e se constrói na relação com diferentes contextos. Seu trabalho acontece no encontro com as forças disponíveis, na colaboração com a matéria e na atenção ao que emerge em cada fazer. Entre o cinema e as artes visuais, seus últimos anos têm sido atravessados pelos diálogos entre arte e formação humana.

“Oroboro partiu de um espanto. Em 2018, me deparei com um brilhante grupo de jovens estudantes adaptando Grande Sertão: Veredas para o teatro. Fiquei profundamente tocado ao vê-los criando juntos, encontrando embocadura para esse mito fundador brasileiro. A peça já estava em curso, mas o filme nascia ali, sem um projeto, sem recursos disponíveis, apenas na urgência do que acontecia diante de mim. Senti que precisava atender a esse chamado. No início, precisei seguir sem equipe, movido por esse encontro inesperado. Aos poucos, fui me aproximando mais desse colégio de Minas Gerais, onde uma linhagem pedagógica implementa, no cotidiano, um pensamento indissociável da arte. Entre 2018 e 2020, formei uma pequena equipe e acompanhei com minha câmera os processos imersivos vividos pelos estudantes, gravando também a segunda turma de adolescentes mais jovens, que me encantou ao adaptar A Flauta Mágica, de Mozart”, relembra Lobato.

Isabella Brisa, aluna e a atriz que interpretou o personagem Hermógenes em Grande Sertão: Veredas, no ano de 2018, comenta sobre a experiência de reviver o processo de criação do espetáculo a partir do filme.  “Oroboro foi um presente maravilhoso. O filme é emocionante; sua sensibilidade me tocou profundamente. Minha sincera gratidão e admiração por esse trabalho magnífico e por todos que o tornaram possível. Foi um privilégio participar deste projeto, que reacendeu em mim o desejo de me expressar através da arte”, ressalta Brisa.

Sobre o diretor

Pablo Lobato (Bom Despacho, 1976) é artista visual e cineasta. Foi um dos criadores da Teia – Centro de Pesquisa e Produção Audiovisual, em Belo Horizonte. Realizou filmes exibidos em festivais como Locarno, Sundance e Guadalajara, onde seu primeiro longa, Acidente, recebeu o prêmio de Melhor Documentário Ibero-Americano.

Em 2009, recebeu a bolsa da Fundação Guggenheim, em reconhecimento à sua pesquisa. Expôs em instituições como o MoMA e o New Museum (Nova York), o Museu Tamayo (Cidade do México), o MACBA (Barcelona) e o MAM (São Paulo), além de bienais no Uruguai, Argentina, Índia, Portugal e Emirados Árabes.

Seu trabalho parte de encontros e escapa a uma única linguagem, orientado por uma ética da escuta. Oroboro, seu filme mais recente, e Bárbara de Cocais – Escultura Comunitária #01 condensam esse percurso, em que atenção e cuidado se entrelaçam à pesquisa, à experimentação e ao convívio — por uma proximidade radical.

Serviços: Oroboro no Cinema São Luiz
Sábado, 09 de agosto – 14h
Ingressos: R$10 (inteira) e R$5 (meia)

Vendas: http://bit.ly/4llWRaE 

Ingressos disponíveis na bio @claroescuro.studio e @cinemasaoluizpe

Mais informações: https://www.instagram.com/claroescuro.studio/

A classificação indicativa do filme é 14 anos e a duração de 82 minutos.

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