Galeria do FIG já está aberta à visitação do público
Ações de design e moda, artes visuais e fotografia ficam em cartaz até o sábado (30)
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Foi dada a largada, no último domingo (24), à programação da Casa Galeria Galpão que, todo ano, durante o Festival de Inverno, se transforma num grande centro de artes. Cerca de dez exposições, contemplando as artes visuais, fotografia, design e moda, além de performances, movimentam a casa até o sábado (30). Um dos carros-chefes são as ações interativas que, já no primeiro dia, contaram com uma participação grande do público, incluindo adultos e crianças.
Leo caldas

A ação “Experimenta: Construindo uma moda colaborativa”atraiu muitas crianças na inauguração
Entre os destaques está a ação Experimenta: Construindo uma moda colaborativa, em que as designers Cecília Pessoa e Renata Wanderley propõem um diálogo com os visitantes a partir da criação de estampas coletivas com temática de flores, em alusão à Cidade das Flores. A ideia é transformar as estampas em produtos de moda que serão expostos no local, na sexta-feira (29). “É importante que os participantes vejam o que a ação deles vai gerar. Isso estimula uma sensação de pertencimento, em que o participante vê sua identidade expressa num produto. A sustentabilidade está tanto na parte colaborativa como na coisa de se sentir parte do produto e não descartá-lo”, reflete Cecília.
Na linguagem de artes visuais, uma das exposições que mais chamou atenção do público foi Admirável Sertão Novo, de Pedro Moreira, Zé Lucas e Elias Roma Neto. Inspirada numa viagem que os dois amigos jornalistas, Pedro e Elias, fizeram para o sertão, a mostra conta com oito fotografias de Pedro Moreira em filme analógico, acompanhadas de legendas com trechos do livro “Baseado em Vestígios Mentais”, que está sendo escrito por Elias. O diferencial da mostra é um suporte para giz, em que os visitantes podem utilizar para interação, escrevendo na parede frases com suas próprias impressões e lembranças sobre o sertão. “Queríamos que a nossa experiência pessoal fosse também uma experiência do visitante, por isso a coisa da imersão, da músicas que foram a trilha sonora da viagem, como Ave Sangria, Lula Côrtes, Zé Ramalho. É a nossa primeira exposição e isso gerava uma dúvida se a galera ia escrever mesmo com o giz. Notamos que as pessoas tão realmente interagindo, entrando na atmosfera do projeto”, conta Elias. O espaço ainda conta com projeção de outras fotos do cotidiano sertanejo captados durante a viagem.
A proposta de ambientar o visitante na atmosfera da obra também está presente em exposições de fotógrafos pernambucanos como Tatá Raminho de Oxóssi – A Imagem da Resistência, de Iezu Kaeru, e Corpo em Movimento – Corpo em Fluxo, de Elysângela Freitas. Iezu faz uma justa homenagem a Tata Raminho de Oxóssi, um dos babalorixás mais respeitados de Pernambuco, que completa 80 anos, herdeiro da tradição religiosa de matriz africana. Ao entrar na sala onde está a exposição, o visitante é rapidamente ambientado ao cenário que melhor define o homenageado: as matas. Já Elysângela Freitas conseguiu transmitir para o público o clima de êxtase da dança popular a partir de uma ambientação minimalista, em que as fotografias ressaltam a ideia de movimento somadas a uma trilha sonora convidativa, que estimula o movimento do corpo. Um caderno de anotações pendurado na parede também convida as pessoas a compartilhar os sentimentos e sensações a partir das imagens.
Leo Caldas

Público conheceu o mais recente trabalho fotográfico de Iezu Kaeru, que retratrou o babalorixá Raminho de Oxóssi
Embora acostumado a frequentar o FIG, o estudante de Letras de Recife Philipe Ricardo, de 24 anos, ainda não havia tido oportunidade de conferir a programação da Galeria Galpão. Pela primeira vez, esse ano, foi à Galeria e ficou impressionado com a proposta. Ele, que também é integrante do coletivo Circuito Universitário de Cultura e Arte da União Nacional dos Estudantes, interagiu bastante com todos os ambientes.
“É muito importante a interação e essa troca experiências que Galeria Galpão proporciona. Desde que entrei nas salas, tenho visto uma rotatividade de pessoas muito grande entrando e saindo e esse contato cultural e artístico gera muito aprendizado. Dá uma sensação de união quando é feito coletivamente. É muito importante a representatividade que Priscila Lins trouxe com a exposição Chacrona, por exemplo, em que ela explora o sagrado feminino. A ação de moda colaborativa já trouxe uma outra energia, assim como a exposição do Sertão gera um outro tipo de interação através do giz”, observa.

